Exclusivo Espanhóis rompem contrato de venda da Nowo à Media Capital
A Lorca e a Media Capital estavam prestes a fechar negócio, mas o grupo espanhol denunciou o contrato à última hora. A Nowo pode assim estar prestes a ser vendida a outro comprador.
Estava tudo a postos para fechar a venda da Nowo à Media Capital já esta sexta-feira, 2 de agosto. Mas o acionista espanhol da Nowo decidiu à 25.ª hora rasgar o contrato com o grupo que detém os canais TVI e CNN Portugal, apurou o ECO junto de duas fontes familiarizadas com o assunto. E a denúncia do contrato — juridicamente definido como um opt out right — deverá mesmo obrigar ao pagamento de uma indemnização, cujo valor não foi possível apurar.
Oficialmente, nenhuma das partes fez comentários sobre os últimos desenvolvimentos do negócio, mas este desfecho é um sinal de que a Nowo estará prestes a ser vendida a outro comprador, por um valor superior ao oferecido pela Media Capital. Um dos nomes mais evidentes será o da Digi, a operadora romena que vai lançar serviços em Portugal até ao final de novembro. Fonte próxima da Digi no mercado português disse ao ECO não ter nenhuma indicação nesse sentido, mas o Expresso noticiou recentemente que o grupo romeno estaria na corrida. E a decisão da Lorca — acionista da Nowo — indicia que tem mesmo outro comprador.
O interesse da Media Capital na Nowo foi tornado público a 22 de julho, dias depois de a venda da empresa à Vodafone ter sido chumbada em definitivo pela Autoridade da Concorrência. Determinada a sair de Portugal, a Lorca JVco Limited, dona da Nowo e de 50% da MásOrange em Espanha, passou de imediato a um modelo de fire sale.
O ECO sabe que a Media Capital já estava há algum tempo em conversações com os espanhóis, apresentando-se como uma alternativa para viabilizar a continuidade da Nowo em Portugal. Isto depois de o presidente do Conselho de Administração da Nowo ter dito em fevereiro, numa entrevista, que a empresa poderia encerrar caso falhasse a venda à Vodafone.
Segundo Miguel Venâncio, o acionista espanhol da Nowo decidiu que não será “o parceiro industrial” da empresa em Portugal, “pelo que vai desinvestir”, deixando a operadora portuguesa “depende de si mesma”. “Ainda não temos os cenários fechados, mas esse é um dos cenários que poderá vir a acontecer, que é, sim, o encerramento da Nowo em Portugal”, admitiu na altura.
Se a Media Capital comprasse a Nowo, tornar-se-ia protagonista de algo pouco comum nos dias de hoje: um grupo de media a comprar uma operadora de telecomunicações. Há que ter em conta que a própria Media Capital esteve há poucos anos envolvida na situação inversa quando, em 2017, a Altice Portugal, dona da Meo, tentou comprar a dona da TVI à espanhola Prisa.
No dia 22 de julho, quando o ECO noticiou o interesse da Media Capital na Nowo, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) recebeu um comunicado vindo de Queluz de Baixo: “A sociedade está atenta às movimentações do mercado e disponível para analisar eventuais oportunidades de negócio que possam surgir. Não existe, contudo, nesta data, informação relativamente à concretização de um negócio que tenha caráter preciso e que deva, nos termos da legislação aplicável, ser divulgada ao mercado”, avançou a Media Capital.
Quanto à Nowo, a empresa estava a apostar todas as fichas na venda à Vodafone e não preparou o lançamento de serviços 5G, apesar de ter investido mais de 70 milhões de euros na compra de licenças no leilão da Anacom em 2021. Nos termos da lei, parte desse espetro tem de começar a ser usado até ao final do próximo mês de novembro, mas o regulador deu conta esta semana de que a operadora pediu uma extensão até ao final de 2025.
A Anacom está inclinada a aceitar o pedido, que data do passado mês de abril, e por isso abriu uma consulta pública para auscultar eventuais “interessados”. No limite, se a prorrogação do prazo não for concedida à Nowo, o que é improvável, a empresa poderia perder as licenças e o investimento já realizado.
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