Mesmo com desemprego em mínimos, jovens estão mais ansiosos quanto ao futuro

Mais de 60% dos jovens de todo o mundo estão preocupados com a possível perda de emprego, aponta a OIT. Apesar do desemprego jovem ter caído, ansiedade quanto ao futuro está a aumentar.

O mercado de trabalho tem dados provas de resiliência, e os sinais, quanto ao futuro, até são positivos. Mas entre os jovens a ansiedade no que toca ao emprego tem crescido. O cenário é traçado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, num novo relatório, revela que a possibilidade de perder o posto de trabalho preocupa mais de 60% dos jovens de todo o mundo. A falta de estabilidade e de mobilidade social também gera receio entre os trabalhadores com idades menos avançadas.

“Apesar dos sinais positivos da economia global e do mercado de trabalho, os jovens mostram hoje sinais de níveis de ansiedade crescentes em relação ao seu futuro. Muitos jovens sentem stress em relação à perda do posto de trabalho, à estabilidade laboral, ao estado da economia, à falta de mobilidade social entre gerações e às perspetivas de eventual independência financeira”, explica a OIT, no relatório “Global Employment Trends for Youth 2024”.

No que diz respeito especificamente à perda de emprego, a organização realça que 64% dos jovens de todo o mundo confessam estar preocupados, sendo que há regiões do globo onde esse receio é mais acentuado.

Na África Subsariana, 83,3% dos jovens dizem-se preocupados. Em contraste, no Norte, Sul e Oeste da Europa (onde se inclui Portugal), essa aflição é admitida por 42,1% dos trabalhadores com até 29 anos, como mostra o gráfico abaixo.

Outra das preocupações dos jovens é a estabilidade laboral: 35% dos trabalhadores africanos com até 29 anos dizem-se “extremamente” ou “muito receosos”, enquanto, em contraste, “só” 25% dos jovens das Américas confessam níveis semelhantes de receio. Na Europa e Ásia Central, 18% dos jovens admitiram estar “extremamente” ou “muito receosos”, quando à estabilidade do seu trabalho.

Mas mesmo nas regiões do Ocidente nem tudo vai bem. Por exemplo, a fatia de jovens norte-americanos com até 25 anos que vivia fora de casa era de 84% em 1980. E em 2021? Nem chegava a 70%.

Aliás, entre os membros da geração millennials, só 37% eram donos de uma casa em 2015, cerca de oito pontos percentuais abaixo das duas gerações anteriores. Por isso mesmo, a independência financeira é uma das preocupações mais fortes dos mais jovens, aponta a OIT no seu novo relatório.

“Ajudar os jovens a navegar a natureza complexa da transição da escola para o trabalho deveria ser uma missão partilhada por todos os membros da sociedade“, defende, assim, a Organização Internacional do Trabalho, que atira: “claramente, estes são tempos desafiantes para os mais jovens“.

Mulheres jovens “duplamente prejudicadas”

Depois do impacto negativo da pandemia no mercado de trabalho, em 2023 o desemprego jovem a nível global conseguiu recuar para 13% e atingir, assim, o valor mais baixo dos últimos 15 anos. “O número total de jovens desempregados a nível mundial foi o mais baixo desde o arranque do milénio”, acrescenta a OIT. Mas há diferenças significativas entre as jovens e os jovens.

É que eles só não viram as taxas de desemprego aumentar menos durante a crise sanitária, como têm “beneficiado mais da recuperação do mercado de trabalho” do que elas, isto é, o desemprego entre os jovens tem diminuído mais do que entre as jovens.

Elas saíram, assim, “duplamente prejudicadas”, nota a OIT, que destaca ainda, no que diz respeito à diferença de género, que as mulheres continuam a estar em maior número entre os jovens que nem trabalham nem estudam.

“Não só duas em cada três jovens que nem trabalham nem estudam são mulheres, como a taxa de mulheres nessa situação é mais do dobro do que entre os jovens homens (28,1% contra 13,1%, respetivamente, em 2023)”, assinala a organização.

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