Riopele investe dez milhões em dois parques fotovoltaicos rumo à neutralidade carbónica em 2027
A têxtil de Vila Nova de Famalicão inaugurou esta quarta-feira uma nova central fotovoltaica e vai avançar com a construção de uma nova, que deverá estar concluída no próximo ano.
A Riopele inaugurou esta quarta-feira uma nova central fotovoltaica, numa parceria com a EDP, que conta com cerca de 8.000 painéis solares instalados e uma potência instalada de 4,5 MWp, num investimento de cinco milhões de euros. Além deste novo parque, a gigante têxtil de Famalicão tem já projetada a construção de outra central fotovoltaica, com uma capacidade instalada de 3 MWp e um investimento idêntico. Em dois anos, a Riopele investiu 10 milhões de euros em fontes de energia fotovoltaicas. Ambos os projetos foram financiados com o apoio do PRR.
A nova central fotovoltaica da Riopele junta-se à outra central do grupo instalada no polo Olifil desde 2019, permitindo-lhe gerar anualmente 5,875 MWh de energia. Este aumento de energia permitirá à Riopele utilizar eletricidade renovável em 12% do seu consumo total de energia elétrica, adianta a empresa.
A Riopele, que já garantiu 93% das vendas de 98 milhões planeadas para 2024, continua assim a reforçar a sua aposta na transição energética e na descarbonização da empresa, que pretende atingir a neutralidade carbónica em 2027, ano em que assinala o centenário.
[A construção de uma nova central fotovoltaica] é o segundo investimento em fontes fotovoltaicas e eficiência térmica dos edifícios de 5 milhões. Em dois anos são 10 milhões de euros investidos.
Prestes a arrancar está já a construção de uma nova central fotovoltaica, num investimento na mesma ordem do agora concluído. “É o segundo investimento em fontes fotovoltaicas e eficiência térmica dos edifícios de 5 milhões. Em dois anos são 10 milhões de euros investidos“, detalhou José Teixeira, o diretor-geral da Riopele, à margem da cerimónia de inauguração do novo parque fotovoltaico, que contou com a presença do administrador da EDP, Comercial, António Araújo, do presidente do IAPMEI, José Pulido Valente, e do presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Mário Passos.
Com a construção da nova central no polo A da fabricante têxtil, cerca de 30% do consumo total de energia da Riopele deverá ser gerado pela energia solar, o que permitirá à empresa poupar na fatura de energia, de seis milhões de euros por ano, segundo adiantou o diretor-geral da Riopele, José Teixeira.
“Com estes investimentos todos caminhamos rapidamente para a neutralidade carbónica“, assegurou José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele, na cerimónia que marcou a inauguração das novas centrais. O empresário adiantou ainda que a central agora inaugurada será replicada “numa área superior a esta” noutro polo da empresa, antecipando a inauguração dessa nova central até fevereiro/março do próximo ano.
Riopele pede estabilidade nos preços da biomassa
Além da aposta em energia fotovoltaica, a Riopele investiu outros quatro milhões de euros na construção de uma central de biomassa, em funcionamento há cerca de ano e meio. Aproveitando a presença do novo presidente do IAPMEI no evento, o diretor-geral e o presidente da têxtil famalicense deixaram um recado ao Governo, no sentido de garantir a estabilidade de preços nesta fonte de energia que, além de ser uma fonte sem emissões, contribui para a limpeza das matas e das florestas, permitindo um melhor controlo dos incêndios, que têm assolado o país nos últimos tempos.
“A necessidade da limpeza das matas e florestas e ter uma fonte neutra em carbono deve fazer com que o legislador crie estabilidade de preços e não concorrência de preços com o gás natural”, avisou José Teixeira, lembrando que num momento em que os preços estão a recuar, “algumas empresas hão de começar a equacionar se vale a pena voltar ao gás apenas por uma questão de rentabilidade do negócio, o que é algo sem sentido”, atira.
“Quem cria as regras do jogo, se quer promover a sustentabilidade e a neutralidade carbónica e a prevenção dos incêndios, [é preciso que] coloque legislação, ou isentando tributação ou fazendo uma comparticipação à prospeção dessa biomassa nas florestas para que este passo que se deu – no nosso caso são investimentos de quatro milhões de euros – seja para muitos anos”, adiantou.
José Alexandre Oliveira realçou que a central de biomassa “vai contribuir para que haja menos incêndios” e, dirigindo-se ao novo presidente do IAPMEI, apelou a que “não ataquem o que está bem” no país.
Um pedido que José Pulido Valente tomou nota, adiantando que “o problema atual é a falta de utilização de biomassa, não é excesso de utilização de biomassa”. “Terei que analisar melhor a questão, mas ainda há muita biomassa que não é aproveitada”, disse.
“Haverá excesso de oferta face à procura. Temos que criar as condições para que haja a utilização de biomassa seja mais competitiva e mais atrativa”, rematou.
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