Administração e trabalhadores do BCP têm aulas de concorrência após condenação

"Vamos assegurar que todos os colaboradores, a começar por mim e por toda a equipa executiva, têm o conhecimento cabal, completo e atualizado do mercado em concorrência", afirmou Miguel Maya.

Os trabalhadores do BCP vão receber formação na área da concorrência até final do ano, uma medida que se estende dos colaboradores das sucursais aos membros da comissão executiva liderada por Miguel Maya, depois da condenação em tribunal no chamado “cartel da banca”.

“Na sequência desta decisão [do tribunal de Santarém], em vez de estarmos com grandes alaridos, até final do ano, vamos fazer uma nova formação com todos os elementos com categoria diretiva, a todos os elementos das áreas comerciais, todos os elementos da área do marketing e a própria comissão executiva”, revelou Miguel Maya em declarações ao ECO, à margem da Cimeira do Turismo, em Mafra.

“Vamos assegurar que todos os colaboradores, a começar por mim e por toda a equipa executiva, têm o conhecimento cabal, completo e atualizado do mercado em concorrência”, explicou o gestor.

Há cerca de duas semanas, Tribunal da Concorrência manteve a multa de mais de 200 milhões de euros a 11 bancos por causa de uma “infração muito grave” com a troca de informação sensível, incluindo spreads e volume de produção, no mercado de crédito entre 2002 e 2013.

O BCP teve a segunda maior coima, no valor de 60 milhões de euros, da qual já disse que vai recorrer para o Tribunal da Relação.

Na sequência desta decisão [do tribunal de Santarém], em vez de estarmos com grandes alaridos, até final do ano, vamos fazer uma nova formação com todos os elementos com categoria diretiva, a todos os elementos das áreas comerciais, todos os elementos da área do marketing e a própria comissão executiva.

Miguel Maya

CEO do BCP

Na sentença, um dos aspetos que a juíza censurou nos bancos, para lá prática concertada, foi a “ausência de sentido crítico” em relação à atuação que tiveram, sendo uma das razões pela qual manteve as coimas para que “interiorizem” a gravidade das práticas para que não se repitam no futuro.

Do lado do BCP, desde o início do processo que os trabalhadores, “desde o conselho de administração até às pessoas que estão nas sucursais”, já receberam formação sobre concorrência, segundo Miguel Maya. “Levamos isto muito a sério, a concorrência é essencial no funcionamento normal do mercado”, considerou o gestor.

“Nem sabiam o que era uma infração por objeto”

Miguel Maya reafirmou que “nunca houve da parte dos diversos bancos de atuar de forma concertada a prejudicar os consumidores”. “A verdade é que isso não ficou sequer provado. Cedo perceberam [na Autoridade da Concorrência] que esse não era o caminho, que não conseguiam provar e, por isso, foram para a infração por objeto”, apontou.

Mas “há dez ou 15 anos”, ninguém sabia muito bem o que era sequer a infração por objeto” e, “lendo os e-mails que foram trocados, percebe-se que ninguém escondia nada, o próprio número de pessoas que estava envolvida na troca de e-mails mostrava que havia um desconhecimento e não uma intenção”.

Nesse sentido, o CEO do BCP esperava que o tribunal impusesse aos bancos “a capacidade de formação permanente dos quadros dos bancos, para que atuassem em conhecimento das leis da concorrência”.

Lamentando o facto de o processo se ter tornado numa “cruzada” contra os bancos, Miguel Maya disse ainda que a decisão final do tribunal não o surpreendeu: “Desde o primeiro momento que percecionei que havia aqui uma batalha para fazer um caso exemplar, e que pudesse servir de exemplo para qualquer coisa”.

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