MC é a primeira ibérica a juntar-se à aliança do Fórum Económico Mundial para “bom trabalho”

"Good Work Alliance" do Fórum Económico Mundial junta empresas de vários setores dedicadas a construir mundo do trabalho mais resiliente, produtivo e inclusivo. MC é a primeira ibérica a aderir.

A MC, dona dos hipermercados Continente, é a primeira empresa da Península Ibérica a juntar-se à “Good Work Alliance” do Fórum Económico Mundial. Em declarações ao ECO, a diretora de recursos humanos, Vera Rodrigues, explica que a adesão a esta aliança — que visa tornar o mercado de trabalho mais resiliente, produtivo, inclusivo e equitativo — é “um selo de qualidade” da estratégia que tem sido desenvolvida, nomeadamente ao nível da formação dos trabalhadores e da promoção da sua empregabilidade.

“A adesão é a cereja no topo do bolo daquela que é a nossa estratégia de gestão de pessoas. Não é por aderirmos à aliança que vamos desenhar novas iniciativas. A adesão foi feita no sentido de corroborar a nossa estratégia e a nossa proposta de valor enquanto empregadores. Candidatamo-nos com iniciativas que já estamos de desenvolver. É mais um selo de qualidade“, sublinha a responsável.

Segundo Vera Rodrigues, uma das iniciativas que sustentaram a candidatura da MC a esta aliança foi o programa de formação e requalificação dos trabalhadores (upskilling e reskilling). “Começámos por fazer um mapeamento das competências mais críticas para o nosso negócio“, explica a diretora de recursos humanos, que adianta que, levantamento feito, a MC procurou, depois, estabelecer parcerias externas para acelerar a qualificação em certas áreas, como a análise de dados.

O mais desafiante nessa jornada tem sido “fazer com que as pessoas tenham a autoconsciência da necessidade de se desenvolverem”, uma vez que nem todos os empregados têm o mesmo “sentido de urgência” da sua qualificação.

Numa empresa com mais de 40 mil colaboradores, temos pessoas com expectativas diferente. O nosso trabalho é garantir que percebem a importância de continuarem a desenvolver-se.

Vera Rodrigues

Head of people da MC

“Numa empresa com mais de 40 mil colaboradores, temos pessoas com expectativas diferentes, níveis de ambição diferentes. O nosso trabalho é garantir que percebem a importância de aprenderem a aprender e de continuarem a desenvolver-se, porque esta é uma condição para continuarem úteis no mercado de trabalho”, assinala Vera Rodrigues.

A responsável nota também que promover a empregabilidade destas pessoas não é bom apenas para o negócio da MC, mas também para o futuro das próprias. “Garantir a empregabilidade faz parte do nosso impacto na comunidade. Não estamos a formar de forma aleatória, mas porque é fundamental para cumprir a própria estratégia da organização“, realça a responsável.

“Não interessa a nacionalidade. Interessam as competências”

Vera Rodrigues é “head of people” da MC.

Na visão da head of people da MC, Portugal tem de estancar a saída de talento qualificado, mas não só. Tem também de ser capaz de identificar as geografias junto das quais quer ser mais competitivo na atração de trabalhadores. Por outras palavras, além de garantir que o talento português fica por cá, há que abraçar a imigração.

Neste momento, 10% da força de trabalho da dona do Continente já é estrangeira, e a imigração é “absolutamente determinante” para que esta retalhista portuguesa continue a crescer, como está planeado, entende Vera Rodrigues. “Não interessa a nacionalidade, interessa as competências”, sublinha a mesma, que avisa que, num dos países mais envelhecidos da Europa, a imigração é também fulcral para garantir a sustentabilidade da Segurança Social.

Por outro lado, a discussão em torno da necessidade de atrair talento e reter trabalhadores não pode ignorar os salários e o enquadramento fiscal, declara a responsável. “Temos um trabalho muito grande a fazer do ponto de vista da competitividade salarial. É bom que o salário mínimo continue a subir. Mas há um elefante na sala, que é a carga fiscal e contributiva sobre o trabalho“, salienta a diretora de recursos humanos.

Temos um trabalho muito grande a fazer do ponto de vista da competitividade salarial. Mas há um elefante na sala, que é a carga fiscal e contributiva.

Vera Rodrigues

Head of people da MC

À parte dos salários, da diversidade e da formação, a MC tem também concentrado a sua estratégia de gestão de pessoas no bem-estar e nas lideranças, estando, por exemplo, a dar formação (até ao fim do próximo ano) sobre saúde mental a todos os seus líderes.

Ainda nesta área, estão previstas consultas de psicologia ou psiquiatria incluídas no seguro de saúde disponibilizado aos empregados, mas também são oferecidas consultas gratuitas de apoio psicológicas online, 24 horas por dia. Adicionalmente, foi criado o programa #PrecisamosFalar, cujo objetivo é sensibilizar para o tema da saúde mental e dotar todas as pessoas de ferramentas que lhes permitam estar atento aos sinais de alerta (seus e de quem os rodeia).

Aliança já cobre mais de dois milhões de trabalhadores

Foi perante um cenário de mudança (alimentado pela transição digital e sustentável) que a “Good Work Alliance” nasceu, com 14 membros fundadores, entre os quais a Allianz, o HSBC, a Siemens, a Unilever e a Zurich.

“Juntos, esses membros chegaram a mais de 1,3 milhões de empregados com iniciativas que reforçam o compromisso da força de trabalho, aumentam a satisfação no emprego, melhoram a saúde mental e física, reduzem a rotatividade, reforçam a mobilidade interna e aumentam a produtividade“, sublinha o Fórum Económico Mundial.

Entretanto, essa aliança expandiu-se e já inclui, neste momento, mais de 30 membros, que abrangem mais de dois milhões de trabalhadores.

Os empregadores que queiram juntar-se podem candidatar-se, sendo que o Fórum Económico Mundial realça que há, neste momento, “a oportunidade e o imperativo de reinventar o trabalho, a força de trabalho e o local de trabalho”, com vista a um futuro mais resiliente, equitativo e centrado no humano.

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