Exclusivo Novobanco pode render 250 milhões em dividendos ao Estado

Fim do acordo de capital contingente vai permitir ao banco libertar mais de mil milhões de euros de excesso de capital acumulado nos últimos 4 anos. Estado receberá 250 milhões através da DGTF e FdR.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, tem um grande incentivo para dar o seu aval ao fim antecipado do acordo de capital contingente (CCA, na sigla em inglês) do Novobanco. Quando o mecanismo cessar, o banco poderá começar a distribuir dividendos pelos seus acionistas. O que, no caso do Estado, poderá significar uma receita superior a 250 milhões de euros de fundos que o banco poderá libertar já este ano, de acordo com as informações recolhidas pelo ECO.

Desde 2021, o Novobanco entrou num ciclo de resultados positivos, que aceleraram nos últimos anos à boleia da escalada das taxas de juro. Os lucros acumulados nos últimos quatro anos ascendem a perto de dois mil milhões de euros, que, perante a impossibilidade de serem distribuídos dividendos (dividend ban imposto pelo CCA), deixaram o balanço da instituição liderada por Mark Bourke numa posição de sobrecapitalização.

Novobanco a caminho do quarto ano de lucros

Fonte: Banco

Uma fonte conhecedora do processo do processo indicou ao ECO que o excesso de capital permitirá libertar mais de mil milhões de euros assim que o CCA cessar (e se as autoridades de supervisão autorizarem) e sem colocar em causa os chamados rácios de solvência regulamentares.

Nesse caso, o fundo americano Lone Star teria a receber a fatia de leão: mais de 750 milhões de euros – e que corresponde ao montante que injetou inicialmente no banco aquando da compra de 75% do capital em outubro de 2017 (haveria de injetar mais 250 milhões pouco tempo depois).

Mas o Estado também teria direito a um cheque chorudo: mais de 250 milhões, que seriam repartidos pelo Fundo de Resolução (13,04%) e pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (11,96%). Uma boa notícia para Miranda Sarmento: tanto o fundo liderado por Máximo dos Santos e como a direção-geral são entidades reclassificadas no perímetro da Administração Pública, pelo que os dividendos do Novobanco seriam contabilizados como receita de capital que ajudariam às contas públicas.

Sobre o processo relacionado com o fim do mecanismo, nenhuma das partes quis ou esteve disponível para responder às questões do ECO. Como o ECO avançou na semana passada, o Fundo de Resolução e o Novobanco já chegaram a um princípio de entendimento para o termo antecipado do CCA (só terminaria no final de 2025), sendo que o fundo já entregou um draft do contrato junto das Finanças. O fim do acordo colocará um ponto final nas disputas entre as duas partes, incluindo um diferente de 162 milhões de euros que o tribunal arbitral decidiu a favor do banco e outra no valor de 200 milhões (por conta do não pagamento do pedido de 2021) que ainda corre termos no tribunal.

Mais dividendos e venda em 2025

Para 2025 também se perspetiva que o banco venha a distribuir dividendos por conta dos bons resultados deste ano, que vai continuar a resistir à inversão em baixa das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE).

No primeiro semestre, o Novobanco lucrou 380 milhões de euros, uma redução de 1% devido ao impacto de 30 milhões de euros com a mudança para a nova sede no Tagus Park durante o verão, que implicou um forte investimento na renovação do material informático. O negócio (leia-se, margem) continuou a crescer a dois dígitos. Chegou a junho com um rácio common equity tier de 19,9%, sendo um dos bancos com maior nível de capitalização do sistema português.

Até lá chegarmos também já haverá desenvolvimentos no processo de venda que a normalização da política de dividendos vai permitir acelerar. Desde o primeiro momento que se sabia que os americanos iriam quer tirar retorno do investimento feito há sete anos. Mark Bourke está a trabalhar com vista a uma entrada em bolsa na primeira metade do próximo ano. Mas o Novobanco poderá entrar na dinâmica de M&A que está a aquecer na Europa.

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