📈 Quem ganha e perde com a vitória de Trump em oito gráficos
Desde a vitória de Donald Trump na última semana, criptos, Tesla, banca, petrolíferas e dólar estão a valorizar de forma expressiva. Mas há perdedores: renováveis, farmacêuticas e treasuries.
A vitória de Donald Trump na corrida à Casa Branca está a provocar uma forte corrida às criptomoedas, às ações da Tesla, banca e petrolíferas e ainda ao dólar americano. Mas há setores que não viram com bons olhos o triunfo categórico dos republicanos nas eleições dos EUA, nomeadamente as renováveis e farmacêuticas. Também as obrigações americanas estão sob pressão. Eis os vencedores e perdedores da última semana.
Trump põe bitcoin a bater recordes
A expectativa de um ambiente regulatório mais favorável – com o provável controlo da Câmara dos Representantes e a já alcançada maioria no Senado — está a impulsionar o mercado das criptomoedas, com a mais popular de todas a bater recordes consecutivamente. A bitcoin está perto dos 85 mil dólares, transacionando no valor mais elevado de sempre. Outras cripto como o Ethereum valorizam com o otimismo dos investidores e a Dogecoin disparou 50% em sete dias.
“É o ativo que melhor espelha o entusiasmo em torno da vitória de Trump, servindo como proxy ao nível de apetite por risco existente no momento atual”, refere Steven Santos, diretor de trading do banco Big.
“Durante a campanha eleitoral, Donald Trump apoiou o movimento cripto. (…) Este aumento pode ser explicado pelo otimismo em relação a ativos descentralizados, com expectativas de políticas mais favoráveis às criptomoedas, inclusive reservas em bitcoin como reserva monetária”, explica Vítor Madeira, da XTB.
Bitcoin supera marca dos 80 mil dólares
Fonte: Refinitiv
"A bitcoin o ativo que melhor espelha o entusiasmo em torno da vitória de Trump, servindo como proxy ao nível de apetite por risco existente no momento atual.”
Tesla ultrapassa 1 bilião
Elon Musk foi um dos principais apoiantes de Trump na campanha eleitoral e a Tesla, fabricante de carros elétricos que lidera, está a disparar na bolsa: as ações valorizam 30% desde a semana passada, catapultando a companhia para um valor de mercado acima de um bilião de dólares.
A valorização em bolsa da Tesla “engordou” o património de Elon Musk em 32 mil milhões de dólares em apenas uma semana.
Ações da Tesla aceleram
Fonte: Refinitiv
Banca à espera de menos regulação
Para setores como o financeiro, o regresso de Trump à Casa Branca significará uma agenda regulatória mais leve. Este alívio está a dar força à banca de Wall Street: o Goldman Sachs (gráfico) e o Morgan Stanley acumularam valorizações superiores a 10% desde a eleição do antigo Presidente americano, enquanto o Wells Fargo e o Bank of America somaram mais de 8% na última semana.
“Existe a possibilidade de um ambiente de maior desregulação, que pode ser favorável ao setor”, de acordo com Steven Santos, que dá ainda outros dois fatores para o bom desempenho da banca: “os resultados do terceiro trimestre acima das expectativas; e, com a vitória de Trump, o mercado desconta um ambiente de taxas de juro mais elevadas no futuro, o que tende a ser favorável para a banca devido à manutenção das suas margens financeiras”.
Goldman avança 10% desde as eleições
Fonte: Refinitiv
Trump puxa por petrolíferas e gás
De igual forma, também o setor petrolífero está a valorizar à espera de políticas mais amigas da próxima Administração Trump. Petrolíferas como a Exxon (gráfico) e Marathon Oil subiram cerca de 5% na passada semana. “As políticas defendidas por Donald Trump durante a campanha eleitoral favorecem os combustíveis fósseis e a produção de petróleo nos EUA, com possível redução das regulações ambientais”, sublinha Vítor Madeira.
“O facto de os republicanos quererem terminar com as restrições de exportação de Gás Natural Liquefeito (LNG) para a Europa, reduzindo assim a disponibilidade de LNG nos EUA e colocando pressão ascendente no preço do mesmo, beneficia players integrados de Petróleo&Gás Natural”, destaca Gonçalo Quaresma, trader do Big.
Exxon em alta
Fonte: Refinitiv
Dólar ganha força
Trump também está a dar força ao dólar em relação aos pares, incluindo o euro. “Este movimento reflete expectativas de crescimento económico nos EUA, com investidores a apostar no dólar”, frisa o analista da XTB. “Uma política de protecionismo enunciada por Donald Trump está também na origem do movimento aliada à expectativa do mercado monetário em que a Fed vai permanecer com as taxas de juro altas por mais tempo do que inicialmente se pensava”, acrescenta.
Steven Santos refere ainda que um quadro geopolítico e económico instável os investidores privilegiarão a acumulação de dólares americanos, uma vez que é a moeda central do sistema financeiro atual.
Dólar em máximos de abril contra o euro
Fonte: Refinitiv
Trump tira energia às renováveis
O CEO da EDP Renováveis (gráfico) considerou “exagerada” a reação dos mercados à eleição de Trump. “Vamos esperar para ver, mas não atiraria a toalha ao chão, penso que os mercados reagiram claramente de forma exagerada em baixa”, disse Miguel Stilwell de Andrade na semana passada, em que a empresa portuguesa perdeu 15% na bolsa (recuperou um pouco esta segunda-feira).
Todo o setor das renováveis foi arrastado: a Iberdrola cedeu mais de 4%, a Orsted perdeu mais de 7% e a Brookfield Renewable tombou 10%. Por sua vez, a dinamarquesa Vestas, que fabrica turbinas eólicas, derrapou mais de 20%.
“As políticas pró-petróleo de Donald Trump indicam possíveis cortes no apoio às energias verdes, reduzindo as expectativas de crescimento para o setor”, resume Vítor Madeira.
“Uma das propostas centrais era a eliminação dos apoios do Inflation Reduction Act que, entre outras coisas, subsidiava e concedia benefícios fiscais a projetos de investimento verdes. Desde modo, as empresas que aumentaram a sua exposição aos EUA, como foi o caso da EDP Renováveis nos últimos anos, enfrentam agora um quadro mais incerto”, concede Steven Santos.
EDP Renováveis penalizada com Trump
Fonte: Refinitiv
"As políticas pró-petróleo de Donald Trump indicam possíveis cortes no apoio às energias verdes, reduzindo as expectativas de crescimento para o setor.”
Farmacêuticas sob pressão
Na indústria farmacêutica, companhias como Moderna (gráfico) e AstraZeneca registaram desvalorizações expressivas na semana passada “devido à possibilidade de reformas nos preços dos medicamentos”, segundo Vítor Madeira. As mudanças “geram incerteza sobre os lucros das farmacêuticas e sobre o seu potencial de crescimento no futuro”, refere o analista.
Gonçalo Quaresma lembra ainda os resultados e perspetivas abaixo do esperado e ainda, no caso da Pfizer, um processo judicial imposto por um paciente com anemia falciforme, mas, por outro lado, serão um dos setores que mais beneficiarão com o corte de impostos.
Ações da Moderna em queda
Fonte: Refinitiv
Tarifas provocam fuga nas treasuries
As promessas de cortes de impostos (com impacto na dívida pública) e de taxas sobre as importações (que poderá desencadear uma guerra comercial e um ressurgimento das pressões inflacionistas) provocaram um sell-off no mercado obrigacionista americano. A yield das obrigações a dez anos escalou para máximos de cinco meses após o triunfo eleitoral de Trump.
Taxa a 10 anos salta após eleições
Fonte: Refinitiv
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