Investidores seguem mais as recomendações de venda

Quase metade das recomendações atribuídas às cotadas nacionais pelos analistas foram de compra, mas as indicações de venda pesaram mais no desempenho dos títulos da bolsa portuguesa.

“Comprar” é a recomendação mais atribuída pelos analistas quando olham para as cotadas da bolsa nacional. Cerca de 50% das recomendações vão no sentido de compra, em média, enquanto às de venda cabem pouco mais de 10% das indicações dos analistas. Esta é uma das conclusões do Relatório Anual da Atividade de Supervisão da Análise Financeira da CMVM relativo a 2016, que confirma uma tendência de anos anteriores.

“Entre outubro de 2015 e setembro de 2016 manteve-se o desequilíbrio entre o número de recomendações de comprar e de vender”, refere o relatório da entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias. No total de recomendações atribuídas pelos analistas, 49,9% iam no sentido de comprar, enquanto do lado oposto, as indicações de vender reuniam apenas 12,6% do total de recomendações. Já as de manter concentravam, em média, 37,5% das recomendações.

Distribuição das recomendações por tipologia

Fonte: CMVM

Mas olhando mais em pormenor para a distribuição das recomendações, por tipologia, constata-se que os bancos de investimento nacionais continuam a apresentar uma visão mais otimista do que as internacionais. Se foi notória a prevalência de recomendações de compra, em termos globais, no caso dos analistas nacionais estas atingiram no período em análise uma média de 62,7%. No caso dos intermediários financeiros estrangeiros, o valor médio foi de 42,7%. Neste âmbito, o relatório da CMVM, salienta ainda que “a CaixaBI e o Haitong apresentaram um maior desequilíbrio entre a percentagem de recomendações de comprar e a de vender, enquanto a Goldman Sachs apresentou mais recomendações de vender do que de comprar”.

Considerando títulos em termos individuais, a análise do regulador do mercado de capitais indica que as ações dos CTT e pela Nos, tal como no ano anterior, juntamente com as da Jerónimo Martins, apresentam uma maior percentagem de recomendações de comprar face às de vender. Já do lado oposto, ficaram os títulos da EDP e à semelhança do período homólogo, a par das ações do BCP, reúnem uma maior proporção de indicações de venda.

Recomendações por tipologia e título-alvo

Fonte: CMVM | Inclui os intermediários financeiros que emitiram 20 ou mais recomendações; “Outros” refere-se aos restantes intermediários financeiros.

A CMVM constatou ainda que as ações do BPI, da Cofina, da Ibersol, da Impresa, da Mota Engil, da Navigator, da Nos, da Semapa, da Sonae, da Sonae Capital e da Sonaecom não tiveram qualquer recomendação de vender. Já as ações da Sonaecom e da Teixeira Duarte não foram objeto de qualquer recomendação de comprar.

Investidores seguem mais as recomendações de venda

Apesar do “otimismo” dos analistas face ao desempenho das cotadas nacionais, as recomendações de venda acabaram por ser as mais seguidas pelos investidores, sinalizam alguns dados retirados da análise do regulador do mercado de capitais. “O retorno anormal (efetivo) referente à data de divulgação foi de 0,3% (0,2%) para as recomendações de comprar, e de -0,7% (-1,1%) para as recomendações de vender”, diz o relatório da CMVM. Ou seja, quando emitidas recomendações de venda, o impacto em termos de quebra dos títulos foi sempre mais forte do que foi o efeito positivo sobre os títulos resultantes de recomendações de compra.

Mas houve títulos aparentemente mais sensíveis à emissão de recomendações positivas do que outros: em específico no caso das ações da Galp e da Jerónimo Martins. “Nas cinco sessões de negociação após a divulgação da recomendação de comprar aqueles títulos valorizaram 1,1% e 1,7%, respetivamente (2,6% e 2,4% por comparação com uma carteira de títulos que exibe o mesmo risco sistemático)”, diz o regulador.

Já perante recomendações de venda, a CMVM identificou os títulos da Altri e do BCP como os mais penalizados. “Desvalorizaram -9,4% e -7,8% nas cinco sessões de negociação após a emissão do relatório de research (-10,7% e -5,5% por comparação com uma carteira de títulos que exibe o mesmo risco sistemático)” especifica.

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