Regulador britânico autoriza fusão entre Vodafone e Three, criando um gigante com 27 milhões de clientes

Autoridade da concorrência do Reino Unido permite que a operação de 18 mil milhões de euros avance, desde que as duas empresas invistam "milhares de milhões" no 5G e aceitem limites nos preços.

A autoridade da concorrência do Reino Unido decidiu esta quinta-feira permitir que a Vodafone e a Three se fundam num gigante com 27 milhões de clientes, numa operação que reduzirá de quatro para três o número de operadores presentes no mercado britânico.

O negócio de 15 mil milhões de libras (18,12 mil milhões de euros) tem permissão para avançar desde que as duas empresas assumam compromissos legalmente vinculativos, incluindo investirem “milhares de milhões” na expansão do 5G em todo o país e aceitarem limites nos preços de alguns dos seus tarifários móveis pelos próximos três anos.

“A Autoridade da Concorrência e dos Mercados (CMA) decidiu que a fusão da Vodafone com a Three deve poder avançar se as duas empresas assinarem compromissos vinculativos para investirem milhares de milhões no desenvolvimento de uma rede 5G conjunta no Reino Unido”, anunciou o regulador num comunicado. A Vodafone e a Three são, respetivamente, o terceiro e quarto operador em quota de mercado no país.

A entidade tinha receio de que a fusão resultasse em preços mais altos para os consumidores e condições menos favoráveis para os operadores virtuais, outras empresas que prestam serviços de telecomunicações com base nas redes da Vodafone e da Three. Agora, na decisão final, a CMA assume que a assunção de remédios pelas duas operadoras permite resolver as preocupações, nomeadamente:

  • o cumprimento de um plano conjunto de rede que prevê a atualização e melhoria da rede móvel 5G no Reino Unido ao longo de oito anos, “beneficiando milhões de utilizadores”;
  • limites nos preços de um conjunto selecionado de tarifários e planos de dados móveis durante três anos, “diretamente protegendo” os consumidores de eventuais aumentos de preços;
  • oferta de preços e termos contratuais predefinidos ao nível grossista, durante três anos, assegurando que os operadores móveis virtuais têm acesso a condições mais competitivas no mercado.

A fiscalização do cumprimento destas obrigações será da responsabilidade da própria CMA, mas também da Ofcom, o regulador britânico das comunicações. Com esta decisão, o Reino Unido passa a ser um mercado de três operadores, com a nova operadora que resultará da fusão a ser líder de mercado e a competir diretamente com a BT/EE e a Virgin Media O2.

A Vodafone tem seguido a via da consolidação noutros mercados. Já vendeu a operação em Itália à Swisscom e em Espanha à Zegona. Em Portugal, tentou adquirir a Nowo, mas o negócio foi chumbado pela Autoridade da Concorrência. A Nowo acabou por ser vendida à Digi neste verão.

Num comunicado, a Vodafone congratula-se com o anúncio do regulador britânico da concorrência: “A decisão de hoje cria uma nova força no mercado de telecomunicações do Reino Unido e desbloqueia investimento necessário para construir a infraestrutura de rede que o país merece”, reagiu a CEO da operadora, Margherita Della Valle.

“Os consumidores e as empresas terão acesso a uma cobertura mais ampla, velocidades mais rápidas e melhor qualidade na conectividade em todo o Reino Unido, à medida que construímos a maior e melhor rede no nosso mercado doméstico”, acrescentou a gestora, citada na mesma nota.

Este negócio tinha sido anunciado por ambas as empresas no ano passado, através do qual a Vodafone ficará, inicialmente, com 51% da nova operadora, enquanto a CK Hutchison, acionista da Three, deterá com os restantes 49%. Ao fim de três anos, a Vodafone terá uma opção de compra da posição que não detém.

Com mais este passo, que era decisivo para a concretização do negócio, a fusão entre a Vodafone e a Three deverá estar formalmente concluída na primeira metade de 2025, segundo a Vodafone.

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