Galpgate: CDS diz que “tinha razão”, PSD questiona timing
"Não compreendemos porque se escolheu o dia de hoje para estas demissões, se foi algum focus group ou alguma técnica de marketing político", acusa Carlos Abreu Amorim.
Enquanto o CDS-PP defende que “teve razão” em exigir há quase um ano a demissão dos secretários de Estado hoje exonerados, o PSD questiona: “Não compreendemos o que se alterou desde há um ano a esta parte”.
O líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, declarou: “Há quase um ano o CDS disse que estes secretários de Estado”, da Internacionalização, dos Assuntos Fiscais e da Indústria, “não tinham condições políticas objetivas para permanecer. Um ano depois o CDS teve razão, foi o primeiro a dizê-lo e com um ano de atraso a realidade veio dar uma lição ao primeiro-ministro”.
O líder parlamentar do CDS-PP considerou “inevitável” que a remodelação governamental vá mais longe e abranja os “casos mais graves” dos ministros da Defesa e da Administração Interna, não por uma “questão de oportunidade” mas “por uma questão de necessidade”.
Carlos Abreu Amorim, deputado do PSD, questionou o timing das demissões. “De facto não compreendemos o que se alterou desde há um ano a esta parte”, afirmou aos jornalistas em declarações transmitidas pela RTP3. “A situação aconteceu há um ano. (..) Não compreendemos porque se escolheu o dia de hoje para estas demissões, se foi algum focus group ou alguma técnica de marketing político“, disse, fazendo alusão aos focus groups desenvolvidos pelo Partido Socialista para avaliar a popularidade do Governo, do partido e das políticas.
Rangel diz que Costa atuou “ao retardador”
O eurodeputado Paulo Rangel, por sua vez, disse que o primeiro-ministro António Costa atuou “ao retardador” no caso da exoneração de três secretários de Estado e disse esperar que o mesmo suceda com o Ministério da Administração Interna. “A verdade é que o Governo funciona ao retardador e penso que isto vai acontecer também com o Ministério da Administração Interna, seguramente que, mais dia, menos dia, vamos ter notícia sobre esta demissão, se não for agora já em pacote”, afirmou Rangel.
Paulo Rangel lembrou que “no momento em que esta polémica eclodiu, logo na altura se chamou à atenção, nomeadamente sobre o secretário de Estado Rocha Andrade, que ele se devia demitir. Ele e o primeiro-ministro disseram que não. Nós estamos a ver que o primeiro-ministro atua ao retardador, mas acaba por atuar”, assinalou, considerando que “era altamente questionável do ponto de vista ético e deontológico que o secretário de Estado que é responsável pelos assuntos fiscais, e que tinha dado um regime próprio à Galp, fosse convidado da Galp”.
Ana Gomes elogia Rocha Andrade
A eurodeputada do Partido Socialista Ana Gomes, na RTP3, assinalou a lucidez e coragem do despacho do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, acerca do tema do chamado apagão informático das transferências dos offshores. Reconhecendo que, “se de facto é verdade que estavam na eminência de serem constituídos arguidos”, a demissão é natural, Ana Gomes afirmou ter pena que a saída tivesse de acontecer.
“Penso que visou sobretudo poupar o Governo ao desgaste que resultaria de ficarem nestas circunstâncias”, afirmou a eurodeputada. “Mas tenho pena, em particular por causa do Rocha Andrade. Penso que ele estava a fazer um bom trabalho”.
Mais do que isso, Ana Gomes sublinhou que a saída do secretário de Estado da área do fisco na fase de preparação para o Orçamento do Estado de 2018 significava que este “vai fazer falta, mesmo a curto prazo”.
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