Barómetro ACEGE: Empresários mais otimistas sobre futuro do país
Maioria dos empresários considera que as empresas portuguesas deveriam apostar na Defesa como área de negócio. E quase todos querem simplificação dos licenciamentos.
A confiança dos empresários sobre o futuro do país voltou a aumentar face ao último Barómetro ACEGE, com 63% a afirmarem-se otimistas, contra 62% em outubro. É preciso recuar a maio de 2014 para encontrar uma leitura mais elevada (68%).
A opinião dos empresários foi expressa entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro já depois de aprovada a proposta de Orçamento do Estado para 2025 e dissipados os receios de uma crise política. Em detalhe, 62,14% estão moderadamente otimistas (eram 58,28% no anterior barómetro) e 0,97% francamente otimistas (vs 4,91%). Já 15,53% não está nem pessimista, nem otimista, um aumento face aos cerca de 12% da anterior consulta. Por outro lado, 17,48% indicam estar moderadamente pessimistas (vs 17,79%) e 3,88% estão francamente pessimistas, uma descida face aos 6,13% anteriores.
O nível de confiança em relação ao futuro das respetivas empresas deteriorou-se ligeiramente face ao mês anterior. Quase sete em cada dez empresários estão na globalidade otimistas — com 9,71% francamente otimistas e 57,28% moderadamente otimistas, uma descida face aos dados do barómetro anterior (10,43% e 60,12%, respetivamente). Já 9,71% estão moderadamente pessimistas, mais do que os 6,75% do barómetro anterior e 0,75% francamente pessimistas, uma descida clara face aos dados de outubro (2,45%). Os empresários parecem claramente mais indecisos já que 22,33% não estão nem pessimistas, nem otimistas, uma subida vertiginosa face aos 2,45% da consulta anterior.
Os 1.094 associados da ACEGE já se pronunciaram depois de conhecidos os resultados das eleições nos Estados Unidos que deram a vitória a Donald Trump. Apesar de só tomar posse a 20 de janeiro, o Presidente eleito já fez saber, através das redes sociais, que pretende impor novas taxas sobre importações do México, Canadá e China, assim que tomar posse.
“A 20 de janeiro, como uma das minhas muitas primeiras ordens executivas, assinarei todos os documentos necessários para impor ao México e ao Canadá uma taxa de 25% sobre todos os produtos que entram nos Estados Unidos e as suas ridículas fronteiras abertas”, escreveu. E anunciou que vai “cobrar à China uma taxa extra de 10%, acima de quaisquer tarifas adicionais, em todos os seus muitos produtos que entram nos Estados Unidos da América”, acrescentou.
A larga maioria dos empresários (67,96%) acredita que Trump vai prejudicar a economia europeia – apenas 18% responderam ‘não’ –, mas são mais aqueles que pensam que as suas empresas estão imunes às ameaças do Presidente eleito. Quando questionados sobre se o agravamento de tarifas, ou a imposição de novas pode afetar a sua empresa, 48,54% respondeu ‘não’ e 39,81% respondeu afirmativamente. De sublinhar que cerca de 11% não sabe ou não responde.
Portugal precisa de simplificar os licenciamentos
A questão que parece inequivocamente unir os empresários é a necessidade de simplificar os licenciamentos em Portugal. Com 93,2% de respostas positivas este é um problema que reúne largo consenso. Só 0,97% respondeu negativamente à questão.
O presidente da Aicep, em entrevista ao ECO, elegeu “o acesso à rede elétrica” como o “principal custo de contexto” de Portugal. “Está longe de ser perfeito”, criticou Ricardo Arroja, em entrevista ao ECO. “Há um trabalho a desenvolver entre as autoridades locais, centrais, a REN, entre outros”, diz para que a capacidade do país de atrair projetos de “muitos milhares de milhões de euros de investimento” não seja comprometida.
Ricardo Arroja, na mesma entrevista, identificava a oportunidade que a Defesa representa para as empresas nacionais. “No domínio da defesa começam a surgir várias empresas que estão a adaptar tecnologias que são utilizadas para efeito civil, mas que podem também ser utilizadas para efeito militar. Nesta tendência do dual use, que cada vez mais é comum na Europa”, disse o responsável.
Questionadas sobre se as empresas portuguesas deveriam apostar na Defesa como área de negócio, 64% respondeu afirmativamente. Os que não sabem ou não respondem são quase os mesmos que consideram que essa não deve ser uma área de aposta para as empresas nacionais.
Outro dos temas que reúne um larguíssimo consenso é o da tributação das fortunas acima dos três milhões de euros. A esmagadora maioria (87,38%) respondeu ‘não’ a esta iniciativa do Bloco de Esquerda. Só 5,83% disse concordar em aplicar uma taxa entre os três milhões de euros e os cinco milhões de 1,7%, entre cinco milhões e dez milhões de 2,1%, e a partir dos dez milhões a taxa a aplicar seria de 3,5%.
Maria Mortágua quando apresentou a proposta, no início de novembro, sublinhou que não existe risco de dupla tributação, porque é possível deduzir o adicional ao IMI por património imobiliário de luxo, e “há ainda um teto que faz com que, quando somado a este imposto com o IRS, não se possa ultrapassar mais de 60% do rendimento”. Para o cálculo do montante sobre o qual iria incidir o imposto é contabilizado todo o património em causa, incluindo “imobiliário, participações financeiras ou criptoativos”.
Os empresários foram ainda questionados se as suas empresas já tinham iniciado a transição para os veículos elétricos e a resposta é um quase empate: 45,6% disse ‘sim’ e 46,6% disse ‘não’.
Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o Jornal ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro, tendo respondido 103 pessoas.
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