“Diversidade traz valor humano, mas também financeiro”. Milestone reforça aposta em 2025
Milestone já supera média de mulheres nas áreas STEM (ciência, tecnologia e engenharia) e garante que vai reforçar aposta na diversidade em 2025. Dará, por exemplo, formação contra enviesamentos.
Apostar na diversidade (nomeadamente, de género) não serve apenas para sair bem na fotografia. Impulsiona a inovação, abre a porta a soluções mais ricas e, à boleia, cria valor financeiro. Quem o diz ao ECO é Liliana Silva, diretora de pessoas da portuguesa Milestone, consultora que recentemente anunciou ter ultrapassado a média nacional de mulheres em áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
“Se queremos ser sustentáveis, crescer e liderar pelo exemplo, precisamos que as pessoas estejam no centro, mas também que as equipas sejam diversas. Sabemos que, quanto maior a diversidade, mais ricas serão as soluções que ofereceremos aos clientes“, sublinha Liliana Silva.
Na visão desta responsável, sem diferença nas equipas não há conflito e, sem isso, não há inovação. Portanto, “a diversidade de perspetivas” não é apenas positiva em termos de valor humano. Traz também valor financeiro e sucesso às empresas, assegura a diretora de pessoas da Milestone.
No caso desta empresa que foi fundada em 2010, hoje são 196 os empregados que a compõem, dos quais 39% são mulheres. Olhando especificamente para as áreas STEM, a taxa de participação feminina é de 36%, o que supera a média nacional de 35% (segundo consta de um estudo feito pela empresa de recursos humanos Manpower).
Para conseguir esse marco, Liliana Silva explica que a Milestone tem ido às faculdades passar a mensagem às alunas de que é possível fazer um percurso na área tecnológica, mesmo que não estejam a estudar, neste momento, esses tópicos. “Muitas vezes levamos também embaixadoras da Milestone para mostrar que é possível“, adianta.
Principalmente entre as alunas, não existia a perceção de que, mesmo não sendo da área tecnologia, é possível fazer carreira na área. Conseguíamos convencer os rapazes muito mais facilmente.
Hoje já não sentimos isso.
E a boa notícia, aponta a mesma, é que hoje as alunas estão mais abertas a fazer carreira na tecnologia. Enquanto há três anos, entre as alunas, não existia a perceção de que, mesmo sendo de outra área, é possível fazer um percurso na tecnologia – “conseguíamos convencer os alunos muito mais facilmente”, recorda Liliana Silva –, hoje a abertura mudou. “Mas isto é recente”, assinala a mesma.
Além desta aposta na aproximação face à academia, a Milestone tem também olhado para os seus processos de recrutamento, tornando-os mais amigos da igualdade de género.
Por exemplo, a equipa responsável pela captação de talento era composta apenas por mulheres. “Mas não podemos pregar a diversidade e não ter uma equipa diversa”, argumenta a diretora de pessoas. A consultora tecnológica criou, por isso, uma equipa de recrutamento “diversa em termos de género, background académico e idade“.
Além disso, ficou estipulado que nenhum candidato seria avaliado apenas por uma pessoa. A análise passa sempre por vários olhos, para garantir que se combatem enviesamentos. “Pode ser mais demorado, mas é um investimento que temos de fazer“, garante a responsável.
Também a avaliação para efeito de progressão na carreira é feita por dois painéis de avaliação distintos, para garantir igualdade de oportunidades, relata a mesma.
Quanto à direção da Milestone, ainda menos de metade dos cargos são ocupados por elas (42%), sendo que a “falha” está a acontecer no início da cadeia, indica Liliana Silva. Isto é, é preciso atrair mais mulheres e retê-las, sublinha a responsável.
Para o ano, a nossa ideia é aproximarmo-nos mais de algumas organizações que trabalham estes temas, porque sentimos que precisamos de aprender mais sobre isto. Por exemplo, assinar a Carta para a diversidade.
Quanto ao ano que já se aproxima, a diretora de pessoa explica que a intenção da Milestone é agora “aprender com os melhores“. Quer, portanto, aproximar-se mais “de algumas organizações que trabalham estes temas” da diversidade e assinar, por exemplo, a Carta para a diversidade (da Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão).
A consultora portuguesa quer também garantir formação a todos os seus quase 200 trabalhadores para combater os enviesamentos cognitivos. Os gestores responsáveis pelo recrutamento – os hiring managers – já a receberam, mas não basta. Liliana Silva revela que o plano passa por todos os empregados receberem este conhecimento, para que a Milestone continue o seu caminho rumo à desejada igualdade de género.
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