Nova descoberta na Namíbia dá vantagem à Galp nas parcerias e melhora perspetivas

A Galp está a valorizar mais de 8% na melhor sessão desde abril do ano passado. Novidades vindas da Namíbia pode ter impacto positivo nas receitas, anteveem analistas.

A Galp GALP 6,83% segue a valorizar mais de 8%, depois de divulgar novas descobertas na Namíbia. Os analistas apontam para uma melhoria nas perspetivas financeiras da empresa e também num maior conforto para seguir com as negociações sobre eventuais parcerias e a venda de parte do projeto.

Pelas 14h57, no dia em que voltou a dar novidades sobre a Namíbia, a Galp avançava 8,07%, para 16,14 euros, invertendo um ciclo de quatro sessões consecutivas em queda. É a melhor sessão com os ganhos mais fortes desde abril passado, mês no qual a Galp divulgou as perspetivas comerciais para o projeto na Namíbia, assinala a Reuters. No final da sessão bolsista, os títulos fecharam a valorizar 6,83% para 15,95 euros. Esta valorização registou-se depois de, esta terça-feira, a empresa ter divulgado um resultado positivo nos trabalhos de perfuração do quinto poço de petróleo no complexo de Mopane.

Num comunicado divulgado através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os dados preliminares recolhidos pelo consórcio liderado pela Galp confirmam “colunas significativas de petróleo leve e gás condensado” nos dois reservatórios identificados no final de dezembro e nas areias mais profundas, a cerca de 1.200 metros de profundidade. “As medições de registo nos reservatórios confirmam boas porosidades, altas pressões e altas permeabilidades”, escreve a empresa.

A descoberta “reforça significativamente as perspetivas de crescimento da Galp com base nos seus ativos localizados na Namíbia“, indica João Queiroz, responsável de trading do Banco Carregosa. A presença de “colunas significativas” de petróleo leve e gás condensado, conjugadas com as “boas características” do reservatório, “permitem sugerir um elevado potencial de produção futura”, continua o mesmo analista, para depois concluir que tal cenário pode traduzir-se “num impacto positivo nas receitas da empresa a médio/longo prazo, caso o desenvolvimento evolua”.

Vítor Madeira, analista da XTB, corrobora que “esta nova descoberta pode ter um impacto significativo para as receitas/lucros da empresa“, o que está patente na valorização das ações esta terça-feira, indica.

Em paralelo, acrescenta João Queiroz, uma conclusão bem-sucedida da campanha sísmica 3D no primeiro trimestre deste ano de 2025 “permitiria uma melhor modelação dos reservatórios, e poderá suportar e alavancar decisões estratégicas sobre desenvolvimento e exploração adicionais​“.

Galp mais confortável nas negociações com futuros parceiros

O sucesso da perfuração e os dados preliminares reportados, que apontam para pressões mais elevadas do que o estimado, “podem tornar os ativos da Galp na Namíbia mais atrativos para potenciais e necessárias parcerias estratégicas“, entende o responsável de trading do Banco Carregosa, que vê como potenciais interessadas as maiores cotadas do setor ou empresas mais orientadas para a exploração offshore.

Isso pode acelerar o processo de farm down, concede, numa referência à alienação parcial da exploração a terceiros, permitindo à Galp negociar melhores condições para melhorar a dimensão económica dos ativos, reduzir e partilhar riscos financeiros e diluir os custos e encargos com desenvolvimento.

O analista da XTB também prevê que, na sequência disso, exista uma “eventual atração de novos investidores ou parceiros para uma possível exploração ou alienação“.

Empresas como a Exxon Mobil, Shell, TotalEnergies e Equinor foram nomeadas como potenciais interessadas em participar no projeto na Namíbia. Agora, “estas mesmas empresas podem demonstrar, novamente, interesse num acordo com a Galp, sendo que a empresa poderá estar numa posição mais confortável no que toca a possíveis negociações com outras partes interessadas”, afere Vítor Madeira.

Numa nota de investimento, a Jefferies, citado pela Reuters, afirmou que os novos resultados na Namíbia deverão reduzir o risco em relação à estimativa de que a Galp poderá conseguir extrair dez mil milhões de barris neste complexo.

No rescaldo da apresentação de resultados, numa chamada com analistas, Maria João Carioca, co-CEO da empresa, referiu que a Galp continua sem pressa para encontrar um parceiro para o projeto de exploração na Namíbia.

“Continuamos a procurar a solução que nos dê a certeza de que retiramos valor do ativo. Tendo em conta a respetiva dimensão e potencial, acreditamos que a venda parcial [farmdown] é, obviamente, uma solução natural”, referiu.

A Galp, que detém 80% dos ativos do complexo na Namíbia, pretende manter uma posição significativa, mas já foi noticiado pelas agências internacionais que a empresa portuguesa estará a considerar vender uma fatia de 40% destes ativos.

Cotação das ações da Galp em Lisboa:

 

(Notícia atualizada às 17:24 com a informação dos valores de fecho)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Nova descoberta na Namíbia dá vantagem à Galp nas parcerias e melhora perspetivas

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião