“Tenho sempre de provar que consigo”. As mulheres no trabalho, das quotas à parentalidade
"Mulheres com ECO" está de volta. Cátia Sá Guerreiro, da AESE, Inês Odila, da Coverflex, Sara Silva, da L'Oréal Portugal, e Sónia Lourenço, do Portal da Queixa, debatem o papel da mulher no trabalho.

Estudou enfermagem, embarcou em missões internacionais e regressou, mais tarde, ao país para apostar na gestão. Nunca sentiu que ser mulher estivesse a travar o acesso a oportunidades profissionais. Mas há algo que sente e que quer deixar claro. “Sinto que tenho sempre de provar que consigo”. O testemunho é de Cátia Sá Guerreiro. A hoje diretora do programa One step ahead – líderes no feminino da escola de negócios AESE não está, porém, sozinha.
Numa conversa no âmbito do projeto “Mulheres com ECO” (que pode ouvir ou até ver abaixo), Cátia Sá Guerreiro, Inês Odila, country manager da Coverflex, Sara Silva, diretora de relações humanas da L’Oréal Portugal, e Sónia Lourenço, CEO da Portal da Queixa, partilham as suas experiências, enquanto mulheres, no mundo do trabalho.
Por exemplo, esta última frisa, na mesma linha, que teve sempre de “demonstrar mais” do que os seus pares, por ser mulher e também por ser mãe. “Com um esforço adicional sempre”, afirma, denunciando o preconceito que sentiu. “Não me sinto coitadinha, acho que me tornou mais resiliente”, atira, ainda assim.
Já Inês Odila assegura que nunca sentiu que não conseguia progredir na carreira por causa do seu género, mas reconhece micro agressões. Por exemplo, ver o seu nível de expertise posto em dúvida ou ser assumida como alguém com um nível hierárquico inferior, só por ser mulher. “Se olhar para a minha carreira, acho que fiquei para trás por ser mulher? Não, mas tenho a certeza que tive certas experiências por ser mulher”, salienta a country manager da Coverflex.
Por sua vez, Sara Silva garante que não tem sentido o género como um impedimento na sua carreira, realçando que foi mesmo promovida quando estava grávida. “Posso ser uma inspiração de que realmente as coisas são possíveis”, observa a diretora de relações humanas da L’Oréal Portugal. Não se sente a exceção e diz que está rodeada de exemplos de mulheres de sucesso, mas faz questão de destacar os números que mostram que há ainda muito caminho para ser feito por elas no mercado de trabalho.
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Da esquerda para a direita, Sónia Lourenço, CEO do Portal da Queixa, Cátia Sá Guerreiro, diretora do programa One Step ahead - Líderes no feminino da AESE, e Inês Odila, country manager da Coverflex. Hugo Amaral/ECO -
Sara Silva, diretora de relações humanas da L’Oréal Hugo Amaral/ECO -
Cátia Sá Guerreiro, diretora do programa One Step ahead - Líderes no feminino da AESE Hugo Amaral/ECO -
Inês Odila, country manager da Coverflex Hugo Amaral/ECO -
Sónia Lourenço, CEO do Portal da Queixa Hugo Amaral/ECO -
Da esquerda para a direita, Sónia Lourenço, CEO do Portal da Queixa, Cátia Sá Guerreiro, diretora do programa One Step ahead - Líderes no feminino da AESE, Inês Odila, country manager da Coverflex, e Sara Silva, diretora de relações humanas da L’Oréal. Hugo Amaral/ECO
Questionadas, todas salientam que as quotas para mulheres em cargos de chefia são um mal necessário, uma ferramenta que deve ser apenas transitória para acelerar a igualdade de género no seio das empresas. “Que seja uma ferramenta transitória e não o objetivo final”, declara Sónia Lourenço.
Já sobre a parentalidade – um dos principais fatores do fosso salarial, de acordo com a investigação que deu o Prémio Nobel a Claudia Goldin –, reconhecem que existe, sim, algum preconceito, mas essa é também uma experiência que reforça certas competências, como a resiliência e a negociação.
Por fim, de olhos nas gerações de mulheres que estão a chegar ao mercado de trabalho, deixam conselhos. Sara Silva, por exemplo, recomenda investimento no autoconhecimento. “Em função disso, as decisões vão sendo mais fáceis”. Já Inês Odila aconselha confiança.
Cátia Sá Guerreiro deixa uma nota de otimismo: “vamo-nos habituando a olhar para a competência como uma característica que não tem género e para a liderança como um desafio assexuado”.
A iniciativa “Mulheres com ECO” reúne as várias marcas do universo ECO, com um novo episódio todas as sextas-feiras.
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