Agência do Medicamento: Escolha tardia do Porto pode ter prejudicado hipóteses

  • Marta Santos Silva
  • 31 Julho 2017

O jornal de foco europeu Politico considerou que Portugal é dos países menos empenhados na sua candidatura para receber a Agência Europeia do Medicamento.

Portugal “não teve tempo para fazer lóbi” para receber a Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês) por ter escolhido o Porto numa fase tardia da competição, segundo avalia o jornal de foco europeu Politico. Num artigo de análise, o jornal com base em Bruxelas considerou que o país é um dos menos empenhados na sua candidatura, por oposição a países como Espanha, França e Itália que apresentam candidaturas mais fortes com maiores lóbis por detrás.

Para o jornal, Portugal tem uma das candidaturas menos fortes, em parte por ter anunciado a escolha do Porto, em vez da antecipada Lisboa, duas semanas e meia antes do prazo para a apresentação das candidaturas. Ao Politico, o ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes rejeitou que houvesse um enfraquecimento da candidatura pela escolha da cidade nortenha. “Colocar uma agência com a importância da EMA numa cidade como o Porto teria um impacto estratégico não só para Portugal mas também para a Europa”, afirmou, dizendo que as instituições poderiam desenvolver-se melhor se fossem mais bem distribuídas por cidades que não sejam apenas as capitais.

O Politico destaca ainda que o ministro português já visitou a sede britânica da EMA, que precisa de ser relocalizada quando o Reino Unido sair da União Europeia. Apenas cinco dos 23 países que manifestaram interesse, inicialmente, em ser a nova sede da EMA não enviaram visitantes a Londres, assinalou a Agência ao jornal, com países como a República Checa a decidirem abandonar a candidatura após a visita, por terem considerado que se tratava de um investimento demasiado grande.

Os critérios para a escolha da nova cidade de acolhimento da agência com centenas de trabalhadores altamente especializados, assim como das suas famílias, já foram definidos, e a decisão deverá ser tomada no outono.

O Politico desvalorizou ainda a notícia divulgada em Portugal de que os funcionários da EMA tinham, num inquérito interno, indicado que prefeririam ir para Lisboa. “Espanha também fez esta afirmação sobre Barcelona”, lê-se no jornal. A notícia foi dada primeiramente pelo jornal Expresso, que falou com o presidente da Apifarma, João Almeida Lopes. “Na semana passada, foi feito um inquérito interno e Lisboa saiu largamente vencedora comparativamente com Milão, Copenhaga, Lille e outras cidades concorrentes”, disse o responsável ao jornal.

Entretanto, o a comissão nacional da candidatura do Porto a sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) apela “à ajuda de todos os portugueses” para que apoiem o Porto contra mais de 20 cidades europeias, avança a TSF.

Probabilidade de 6% ou 7% de ser escolhido

O presidente do Conselho Metropolitano do Porto reconheceu esta segunda-feira que o Porto só tem 6% ou 7% de probabilidades de ser escolhido. “A probabilidade de sermos indicados é de 6% ou 7%. É baixa. Espero que o Governo se empenhe seriamente para que a agência venha para o Porto e que não seja verdade o que se diz, de que o Porto só foi escolhido porque haveria acordo entre a Alemanha e a França para [a EMA] ficar em Nice”, observou Emídio Sousa, também presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, numa entrevista à Lusa, avisando que ficará “extremamente defraudado e desagradado” se não houver esse “grande empenhamento do Governo e de Portugal”.

Para o responsável a aprovação da candidatura do Porto à sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA) seria a “melhor forma” de a União Europeia trabalhar a coesão no seu território. “A melhor forma da UE trabalhar a coesão europeia é ir às regiões periféricas e dar-lhes atividades que façam subir o seu nível de vida. Acho que este é um dos grandes argumentos que podem ser usados na defesa da candidatura do Porto à EMA”, disse.

Artigo atualizado com as declarações de Emídio Sousa

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