Brexit: Banca poderá precisar de 50 mil milhões de capital adicional

Se Londres e Bruxelas optarem por um hard brexit, ou seja, se os elos que unem o Reino Unido e a União Europeia forem rompidos abruptamente, os bancos a operar no país poderão precisar de 50 mil milhões de dólares em capital adicional. O montante extra a ser investido perfaz 30% do orçamento que os grandes bancos necessitam atualmente.

As contas são dos analistas da Oliver Wyman, que consideram que, para além disto, os custos operacionais da transição poderão ascender a mil milhões de dólares. A efetivar-se, o processo iria “fragmentar o mercado de financiamento bancário”, pode ler-se no relatório a que a Bloomberg teve acesso. “Também o tornará significativamente menos lucrativo. Os bancos poderão ver os seus returns on equity diminuídos em dois pontos percentuais.”

"As receitas que podem estar em risco com o Brexit serão de cerca de mil milhões de dólares, mas não esperamos perdê-las.”

As estimativas apontam também para a transferência de cerca de 35 mil trabalhadores do setor financeiro, 17 mil dos quais pertencentes aos mercados de financiamento bancários.

HSBC já passou a fatura do Brexit

Depois de tantos bancos terem anunciado os seus planos de relocalização devido às consequências estratégicas e financeiras da saída do Reino Unido da União Europeia, o HSBC apresentou dados concretos de quanto vai custar o seu plano. No dia em que o banco britânico apresentou os seus resultados relativos ao primeiro semestre de 2017, o seu presidente executivo, Stuart Gulliver afirmou que um hard brexit custará entre 200 a 300 milhões de dólares.

“O total é efetivamente o custo da transição para França”, afirmou Gulliver em declarações aos jornalistas. “As receitas que podem estar em risco com o Brexit serão de cerca de mil milhões de dólares, mas não esperamos perdê-las.” O HSBC irá transferir mil trabalhadores para Paris, ou seja, um terço da equipa, para que consiga ter acesso ininterrupto ao mercado único europeu. Entretanto, o banco já investiu quatro milhões de dólares em operações relacionadas com o Brexit.

O presidente do conselho de administração do banco, Douglas Flint, aproveitou a sessão de apresentação de resultados para reforçar a preocupação com a fragmentação do setor bancário europeu, um processo que que irá aumentar os encargos e diminuir a capacidade de financiamento do mesmo. Para Flint, é uma questão de se “as economias europeias vão continuar a ter acesso às mesmas capacidades de financiamento e a serviços de gestão de risco relacionados”, ou não.