Gaspar e Constâncio em Lisboa a falar de desigualdades
O diretor dos Assuntos Orçamentais do Fundo Monetário Internacional revelou esta terça-feira, numa conferência no ISCTE, que o Fiscal Monitor de outubro será dedicado ao tema da desigualdade.
Presente numa conferência internacional de economia realizada em Portugal, o ex-ministro das Finanças revelou esta terça-feira que o próximo Fiscal Monitor — o relatório sobre as finanças públicas dos países, cuja última versão foi publicada em abril — terá um capítulo dedicado à desigualdade. Vítor Gaspar mostrou a uma plateia especializada o que tem vindo a trabalhar nos últimos meses sobre a medição deste indicador.
“Este é um tema que se enquadra no trabalho que estamos a fazer no FMI“, disse um dos altos quadros da instituição liderada por Christine Lagarde, num debate sobre a “Desigualdade e impacto distributivo das políticas macroeconómicas”. Gaspar avançou que tem estado pessoalmente a estudar formas de pensar de medir de forma mais simples e direta a desigualdade e quais os efeitos das políticas macroeconómicas.
O Governo de Vítor Gaspar, então ministro das Finanças, tem sido responsabilizado por um agravamento das desigualdades em Portugal durante o programa de ajustamento da troika. Houve igualdade na austeridade? Esta tem sido uma questão estudada em Portugal — um estudo da FFMS dá os pobres como os mais castigados –, mas também pela OCDE e pelo próprio FMI.
Tudo se encaminha no sentido de agravamento da desigualdade.
Também presente no painel, o vice-governador do Banco Central Europeu, Vítor Constâncio, fez questão de assinalar que os preços das casas e o desemprego são os dois principais fatores que têm interferência na desigualdade das populações. O ex-governador do Banco de Portugal referiu ainda que os efeitos da política monetária na desigualdade são modestas, ainda que intervenham nas oscilações da inflação — que, se for alta, pode ter efeitos negativos na redistribuição da riqueza, acrescentou.
Constâncio revelou-se “cético” e “pessimista” quanto à evolução das desigualdades, uma vez que estima que as economias avançadas não vão conseguir compensar os efeitos da globalização, por exemplo. “Tudo se encaminha no sentido de agravamento da desigualdade”, considerou.
Mas, em jeito de conclusão, o vice-governador de Mario Draghi deixou uma mensagem mais positiva, recordando uma citação que ouvira noutro congresso de economistas, há muitos anos: “O mundo está cheio de injustiças. Os economistas estão cheios de oportunidades para acabar com elas”.
Ambos foram questionados no final da conferência, mas recusaram fazer qualquer comentário sobre a situação económica portuguesa.
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