Novo Banco obriga a ter 35 mil euros na conta para não pagar comissões
Conseguir desconto nas comissões das contas também vai exigir salários mais elevados. Quem não cumprir vai pagar o dobro a partir de novembro, na véspera da venda ao Lone Star.
É cliente do Novo Banco (NB)? Tem mais de 5.000 euros na conta? Então, está isento. Ou melhor, estava. O banco reviu as condições de isenção das contas, exigindo agora um saldo sete vezes superior para não ter de pagar nada nas contas à ordem normais. Nas contas NB também vai haver mudanças, mas só em novembro, antes da venda ao Lone Star. Manter a bonificação nas comissões vai exigir salários mais elevados. Caso contrário, a fatura duplica.
Se até agora bastava ter 5.000 euros para estar isento de qualquer comissão de manutenção — à semelhança do que acontece noutros grandes bancos, como o BCP e a CGD, que em breve também vai acabar com este bónus nas contas com mais de 5.000 euros –, neste momento os clientes do banco liderado por António Ramalho precisam de ter 35 mil euros na conta para beneficiar da isenção na comissão de manutenção da conta de depósito à ordem normal.
Apesar de o banco de transição ter previstas alterações ao preçário a partir de 1 de novembro, esta mudança entrou em vigor no dia 21 de agosto, de acordo com o site da instituição financeira. Por isso, a partir de agora, se tem menos do que os 35 mil em conta, terá de pagar seis euros por ano quando antes pagava zero. Ainda assim, o custo é bem inferior aos 60 euros anuais (mais Imposto do Selo) exigidos a quem tem saldos de menor valor.
A exigência de saldos mais elevados, neste caso bem mais elevados do que o comum no sistema financeiro português, para conseguir a isenção nas comissões de manutenção tem sido uma das formas de os bancos aumentarem as receitas junto dos seus clientes de retalho. Outra forma, no caso da manutenção das contas, passa pela alteração das condições para se conseguir não pagar ou pagar menos ao final do mês.
No caso do Novo Banco, as contas NB também vão sofrer alterações, mas só a 1 novembro, antes da data-limite para venda ao Lone Star — Mourinho Félix definiu 4 de novembro como o último dia para concluir o processo. Neste caso, manter a bonificação nas comissões vai exigir salários mais elevados: em vez de uma remuneração igual ou superior a 500 euros, o banco exige a domiciliação de um salário igual ou superior a 580 euros — acima do salário mínimo nacional de 557 euros. Se em vez de salário tiver uma pensão, em vez de 250 precisa de receber 350 euros.
Mas não são exigidas apenas domiciliações de vencimento ou de pensões mais elevadas. Também terá de haver uma maior utilização dos cartões. Se antes bastava gastar 50 euros em compras, agora esse montante vai subir para 100 euros, o dobro. Se não cumprir estas condições, a fatura duplica: de 2,50 euros passa a pagar cinco euros de comissão mensal (mais Imposto do Selo de 4%), o equivalente a 60 euros anuais.
Comissões, comissões, comissões
Num ambiente de juros historicamente baixos, os bancos têm-se virado para as comissões, exigindo um esforço extra aos seus clientes para poderem voltar a serem rentáveis. Procuram, desta forma, regressar aos lucros depois das pesadas faturas com o malparado. E todos os bancos o têm feito, estando previstos novos aumentos para breve.
Depois do BCP e do Santander Totta, o BPI, o banco agora liderado por Pablo Forero, avançou este mês com alterações ao preçário onde aumentou diversas comissões, sobretudo relacionadas com cartões de crédito e débito, bem como com cheques. E a CGD vai aumentar as comissões de milhares de contas já em setembro.
No banco público, em causa estão 700 mil contas, que, segundo disse Paulo Macedo num evento em junho, “pagam zero” pelos serviços bancários. Na altura, o presidente executivo do banco público fez saber que haveria alterações a este cenário. Na prática, vários clientes deixariam de ter uma conta base e seriam integrados nos serviços mínimos bancários, desde que cumprissem uma série de critérios preestabelecidos.
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