The Economist: “DBRS faz parte do risco que avalia”
A avaliação da DBRS é a única que mantém Portugal acima de lixo, e se for revista em baixa terá consequências no financiamento do Estado -- um risco que a própria DBRS tem de ter em conta no cálculo.
Só falta uma semana para a agência de notação financeira canadiana DBRS atualizar o rating de Portugal, e a revista britânica The Economist sublinha que os mercados estão “ansiosos”. Os analistas da DBRS têm o poder de, com esta atualização de rating, deixar Portugal incapaz de se financiar junto do Banco Central Europeu (BCE).
Isto acontece porque o BCE só aceita comprar títulos de dívida soberana a países que tenham sido considerados investment grade, ou seja, colocados acima do patamar de lixo, por pelo menos uma de quatro agências certificadas: Fitch, Standard & Poor’s, Moody’s e a mais pequena e menos conhecida DBRS. Visto que as restantes três continuam a considerar a dívida portuguesa como lixo, a decisão da DBRS de ter mantido até agora o rating uma categoria acima tem permitido a Portugal ficar na esfera do financiamento do BCE.
A DBRS tornou-se assim, “parte do risco que está a tentar avaliar”, escreve a The Economist. Tendo em conta que uma decisão de castigar Portugal no rating pelo seu crescimento inferior ao previsto em 2016, entre outros fatores que preocupam os investidores, poderá criar problemas profundos ao país, a DBRS torna-se necessariamente num fator na sua própria análise.
Fergus McCormick, economista-chefe na DBRS, disse à revista que a agência de notação financeira vai olhar mais para questões de longo prazo: “Mesmo os pormenores do Orçamento para 2017, que vão ser apresentados à Comissão Europeia no dia 15 de outubro, provavelmente não vão influenciar muito a decisão, visto que delapidar o défice em poucos pontos percentuais não vai alterar a posição fiscal base“, escreve a The Economist. O problema mais importante para a DBRS “não é a dívida, é o crescimento”.
Entre os outros “problemas profundos” na economia portuguesa, a revista britânica sublinha os dos sistema bancário, onde as taxas de juro baixas, as despesas altas e a qualidade duvidosa dos ativos estão a empurrar para baixo as margens de lucro. Além disso, “o investimento está a ser sufocado pelo peso da dívida do setor empresarial, que está próxima dos 140% do PIB”.
Ao ECO, Fergus McCormick disse esta semana sobre o Orçamento do Estado para 2017 que “até ao momento, parece que o compromisso com as metas orçamentais se mantém em linha com o previsto. E isto são muito boas notícias”.
Editado por Mónica Silvares.
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