Commerzbank: Há muitos motivos para estarmos preocupados com Portugal. E não apenas a DBRS

Commerzbank considera que Portugal devia ser "O" principal foco no calendário de rating na Zona Euro. Mas não pelos bons motivos.

Está tudo à espera da DBRS. O que a agência de rating canadiana vai ou não fazer com a notação do país tem concentrado as atenções dos investidores tendo em conta que desta depende a participação no programa a de compra de ativos do BCE. Uma obsessão que tem levando os juros da dívida portuguesa a fortes subidas e a quedas expressivas. Mas o corte, ou não, é apenas um dos focos de tensão. O Commerzbank identifica, às portas da apresentação da proposta de Orçamento do Estado, uma lista repleta de receios com Portugal.

Desde as dúvidas com o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos até ao fraco crescimento económico, são nove os motivos enumerados por David Schnautz, estratego de taxas de juro do Commerzbank, para considerar que os investidores deviam estar preocupados com a situação portuguesa. E para afirmar que “Portugal devia ser o principal foco no calendário de ratings para a Zona Euro“, não apenas este mês como no resto do ano. Conheça-os:

  1. Acordo “de princípio” entre a Comissão Europeia e o governo português em relação à recapitalização do banco estatal Caixa Geral de Depósitos;
  2. Contudo, a falta de confirmação de que o BCE enquanto supervisor direto está contente com o plano de recapitalização pode levantar preocupações entre os investidores;
  3. Crescimento desapontante no segundo trimestre, que piora o ponto de partida do governo para o enquadramento do Orçamento do Estado para 2017 que será apresentado na sexta-feira;
  4. Resultado do referendo do Reino Unido sobre a permanência na União Europeia, que levou a reduções nas estimativas de crescimento em vários países, não apenas em Portugal;
  5. Desempenho negativo das obrigações do Tesouro portuguesas tanto em termos relativos face aos pares como em termos absolutos desde o início do ano, com a taxa de juro a 10 anos nos 3,45%, o nível mais elevado desde fevereiro, a partir do momento em que os investidores prestaram atenção ao rating da DBRS, em abril. O banco alemão vê alguns sinais de “stress” no mercado obrigacionista português;
  6. Dúvidas potenciais acerca da restrição no âmbito do programa de compra de ativos perante os dados nos meses mais recentes do plano do BCE. Segundo as contas do Commerzbank, o banco central ainda pode comprar mais cerca de cinco mil milhões de euros em dívida portuguesa, o que significa mais quatro ou cinco meses de compras, sem qualquer leilão do IGCP.
  7. Comentários de Fergus McCormick, co-diretor de ratings soberanos da DBRS, em meados de agosto: “As perspetivas mantêm-se estáveis, mas parecem acumular-se pressões em várias frentes“. Hoje: “Eles estão realmente num ciclo vicioso, estão amarrados a um baixo crescimento e tem grandes problemas estruturais”. “Não estamos em pânico… temos uma tendência estável mas estamos preocupados com o médio prazo para Portugal;
  8. Aumento dos custos de financiamento com os empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI) desencadeado pela inclusão do yuan no seu cabaz de reservas. Depois do reembolso antecipado de dois mil milhões de euros, Portugal mantinha uma dívida de 18,5 mil milhões de euros junto do Fundo, no final de agosto. Segundo as contas do Commerzbank, esta inclusão da moeda chinesa vai aumentar o custos do serviço do resgate em dois milhões de euros por ano por ponto base, numa base ceteris paribus.
  9. Financiamento do IGCP ainda não está completo enquanto prepara um ou dois leilões de obrigações do Tesouro até final do ano.

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