Faria de Oliveira: Banca poderá precisar de capital a médio prazo. Rating ajuda

O presidente da APB diz que a banca vai precisar de fazer aumentos de capital. Reforços que vão ajudar a acelerar o processo de redução do malparado. Sobre a plataforma, diz estar "para muito breve".

A banca portuguesa vai necessitar de novos aumentos de capital. Não a curto, mas a médio prazo, diz Faria de Oliveira ao ECO na entrega dos prémios IRGA, da Deloitte. Reforços que, salienta o presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), vão servir para acelerar a redução do crédito malparado, que ainda pesa na rentabilidade dos bancos, mas também para responder a requisitos de capital impostos pelos reguladores. Em relação à plataforma criada para resolver o problema do malparado, o representante das instituições financeiras nacionais afirma que o anúncio da solução está “para muito breve”.

“O sistema bancário vai necessitar, de tempos a tempos, de realizar aumentos de capital. Não a curto, mas a médio prazo“, nota Faria de Oliveira. “Aumentos de capital que vão permitir que os bancos acelerem a resolução dos NPL [crédito malparado]”. Isto apesar de o presidente da APB reconhecer que os resultados dos esforços dos bancos para diminuir este peso estão à vista. Segundo dados do Banco de Portugal, o montante do malparado detido pela banca nacional caiu para um mínimo de quase cinco anos. Ainda assim, estes créditos ascendem a 15.392 milhões de euros.

O sistema bancário vai necessitar, de tempos a tempos, de realizar aumentos de capital. Não a curto, mas a médio prazo.

Fernando Faria de Oliveira

Presidente da Associação Portuguesa de Bancos

Estes reforços de capital vão também ajudar as instituições a “responder a outros requisitos que a supervisão e a regulação vão impondo”, acrescenta. É o caso dos requisitos MREL, o sistema de requisito mínimo de fundos próprios e passivos elegíveis, dos quais os detalhes ainda “não são devidamente conhecidos”. Para responder a estas exigências, é “preciso realizar emissões de obrigações e o facto de o rating estar melhor vai seguramente ajudar nesse sentido”, defende.

Para Faria de Oliveira, a subida do rating da República portuguesa por parte da Standard & Poor’s — que tirou o país de “lixo” — vai “seguramente” ajudar neste processo de atração de capital. Esta melhoria da notação “é, indiscutivelmente, extremamente positiva para o país, para o sistema bancário e para a economia em geral. Era essencial que esta revisão ocorresse o mais rapidamente possível”, defende, mas também salienta que esta subida “peca pela demora”.

Anúncio da plataforma para o malparado? “Muito em breve”

Faria de Oliveira não dá muitos detalhes sobre a plataforma para solucionar o crédito malparado que está no balanço dos bancos. O presidente da APB diz apenas que não deve demorar muito. “Sabemos que o anúncio da solução está para muito breve”, refere ao ECO.

“Há uma certa expectativa de que esta plataforma possa acelerar, por um lado, a viabilização de empresas muito endividadas”, refere, mas também “permitir que os créditos possam ser resolvidos mais rapidamente”. O Governo já disse que espera que a plataforma de gestão comum de créditos malparados, que será constituída pelas três maiores instituições financeiras, esteja em funcionamento “no início do próximo ano”.

O secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, esclareceu que “são os bancos que estão a tratar” de operacionalizar esta solução e que “o Governo acompanha de perto, tal como o Banco de Portugal”.

Venda do Novo Banco? “É importante que seja” bem-sucedida

Sobre a venda do Novo Banco, Faria de Oliveira está otimista. “Tenho esperança que a venda seja bem-sucedida e é importante que o seja”, salienta. Isto depois de Mourinho Félix ter dito que acredita no sucesso da operação de recompra de obrigações, uma condição essencial para que a alienação do banco de transição ao fundo norte-americano Lone Star se concretize.

Na primeira assembleia-geral de obrigacionistas, foi aprovada a resolução de reembolso antecipado de 2,34 mil milhões de euros de valor nominal de obrigações, correspondendo a 37% do objetivo global definido para o sucesso da operação. Agora, na segunda convocatória, os detentores de dívida terão outra oportunidade para aceitar a oferta ou então até 2 de outubro, quando acaba o prazo.

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