Craft Wallet: Como pôr 16 mil euros na carteira numa semana
Miguel Morgado quis criar uma carteira prática e engraçada e conseguiu juntar ao projeto centenas de apoiantes. Agora, pôs mais de 16 mil euros na Craft Wallet numa semana, tudo com a ajuda deles.
A ideia por detrás do negócio andou sempre no bolso de Miguel Morgado e, aos 23 anos, o estudante de engenharia mecânica agarrou-a por necessidade. “Andava à procura de uma carteira que servisse os meus propósitos mas também que fosse engraçada de usar”, conta Miguel ao ECO. Já com experiência na área da produção de peças em alumínio, acabou por resolver o problema com as suas próprias mãos.
Nasce assim a primeira de quatro versões da Craft Wallet, uma carteira mecânica de alumínio com capacidade para seis cartões com apenas 8,4 milímetros, eliminando de vez o volume nos bolsos. Corriam os primeiros meses de 2016 quando Miguel decidiu pedir ajuda aos seus potenciais clientes através de uma campanha de crowdfunding e, desde então, a ligação entre empresa e clientes só tem vindo a ficar mais forte.
“Na primeira campanha conseguimos mais de 30 mil euros de quase mil apoiantes”, explica Pedro Andrade, que se juntou a Miguel já depois do desenvolvimento do produto, para assumir a pasta do marketing. Recém-licenciado na área, encontrou Miguel e a Craft Wallet numa feira de empreendedorismo e dedicou-se de corpo e alma. “Recolhemos o feedback que os apoiantes nos tinham dado e melhorámos a carteira“, recorda.
"Há apoiantes que parecem que fazem parte da equipa, há uns que até fazem apoio ao cliente.”
A partir daí foi um processo a várias mãos e com bastante suor. À medida que os clientes iam encontrando defeitos, quer fosse na pele ou nos mecanismos de retenção e lançamento dos cartões, iam reportando aos empreendedores, que rapidamente implementavam as mudanças que achavam necessárias. Chegaram então ao modelo 2.0 daquela que é apelidada pelos mesmos como “a carteira mais sexy da Terra”. Esta conta agora com sistema renovado de retenção e de lançamento dos cartões, com um sistema de bloqueamento de roubos por contactless e garantia vitalícia.
“A comunidade é a base de crescimento”
Ainda que a ideia tenha partido de Miguel e tenha sido aperfeiçoada pela equipa da Craft Wallet, os empreendedores afirmam que sem os seus apoiantes, o produto não estaria neste nível de desenvolvimento. “Desde o princípio que criámos uma comunidade de evangelistas”, afirma, orgulhosamente, Pedro Andrade. “São literalmente evangelistas porque estão a apoiar o projeto desde o início, tornaram-se embaixadores e ajudam-nos a espalhar a carteira”.
As centenas de apoiantes que contribuíram para a primeira campanhas têm tido um papel preponderante no desenvolvimento do produto com muitos a continuarem ligados ao projeto como se deles se tratasse. “As pessoas sentem que isto também é deles, que contribuíram para o seu crescimento”, afirma Pedro. “Há apoiantes que parece que fazem parte da equipa, há uns que até fazem apoio ao cliente“, interrompe Miguel, destacando a ligação próxima que continua a ser cultivada.
É pelo contacto com o público e pela possibilidade de receber opiniões e melhorias que a Craft Wallet prefere continuar financiar-se através do seu público, em vez de recorrer a fundos ou grandes investidores. Como tal, decidiram lançar outro crowdfunding, este com o objetivo de angariar cinco mil euros em dois meses. Em apenas sete dias, os 5 mil passaram a 16,8 mil, com mais de 300 pessoas a contribuir. “A comunidade é a nossa base de crescimento”, garante Miguel Morgado.
A “carteira mais sexy do planeta” quer conquistar outros mundos
Para o negócio têm contribuído os milhares de clientes espalhados por 27 países e que investem 30 a 50 euros para ter uma Craft Wallet só deles. Contudo, o stock tem-se apresentado como um dos obstáculos à expansão do negócio. “Não houve um mês inteiro em que conseguíssemos manter stock devido aos prazos de entrega”, desabafa Miguel.
"Agora fizemos o melhor trabalho, mas tenho a certeza que daqui a uns tempos nos vai ocorrer uma ideia ainda melhor.”
Ainda com dificuldades — desde que iniciaram as expedições, em fevereiro de 2016 –, têm vendido uma média de quatro a cinco mil euros por mês, com exceção para os meses de novembro e dezembro que conseguiram atingir os nove mil euros. Mas o objetivo para este ano é bem mais ambicioso: “Queríamos um milhão em receitas”, brinca Pedro Andrade. “Mas esperamos fechar o ano com 300 mil euros”.
Para alcançar esta fasquia contribuirá não só o dinheiro que conseguirão angariar na campanha — que os jovens esperam que bata recordes nacionais — mas também a compra de uma nova máquina de produção, para que Miguel, Pedro e outros três membros da equipa passem a controlar os prazos. A entrada em retalhistas também não é posta de lado pelos empreendedores, que querem garantir que quando isso acontecer conseguem entregar aos seus clientes o melhor produto que conseguem.
Cresce assim a sede de tornar melhor e maior um negócio que começou num bolso, mas não se quer ficar por estes mundos. “Agora fizemos o melhor trabalho, mas tenho a certeza que daqui a uns tempos nos vai ocorrer uma ideia ainda melhor”, assegura Miguel.
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