Costa diz que “todos são poucos” para a reforma da proteção civil
O primeiro-ministro pede o envolvimento de todos os agentes de proteção civil na reforma do setor.
O primeiro-ministro, António Costa, apelou, no congresso dos bombeiros portugueses, ao envolvimento de todos os agentes de proteção civil na reforma do setor, frisando que “todos são poucos” para “a indispensável mudança”.
“Qual é a dúvida que alguém pode ter de que todos somos poucos para fazer o que é necessário”, questionou o chefe do Governo, quando discursava, em Fafe, no encerramento do 43º. Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses.
António Costa insistiu que “o país não tem gente a mais, todos são necessários e há uns que são indispensáveis, que são os bombeiros, em todas estas ações: prevenção, combate, profissionalização, capacitação e especialização“.
Antes do primeiro-ministro tinha discursado o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, que foi reeleito no sábado, com 77,5% dos votos, para mais um mandato.
O dirigente criticou as conclusões do estudo da Comissão Técnica Independente nomeada pela Assembleia da República, nomeadamente o facto de os bombeiros não terem sido ouvidos nesse processo.
"De uma vez por todas, temos de perceber que a reforma no sistema da prevenção e combate tem de ser onde haja a capacidade de unir e não de dividir.”
Respondendo àquela posição, o primeiro-ministro sublinhou haver “sempre as posições mais díspares”, mas assinalou que ao Governo “compete, com sentido de unidade nacional, procurar converter o pensamento académico em medidas de política e em resultados”.
“De uma vez por todas, temos de perceber que a reforma no sistema da prevenção e combate tem de ser onde haja a capacidade de unir e não de dividir”, insistiu o chefe do executivo.
No discurso de Jaime Morta Soares ficou a ameaça de que os bombeiros voluntários até poderão sair à rua em manifestação se não forem correspondidas algumas das exigências que a liga já apresentou à tutela.
“Porque é que os bombeiros, que são aqueles que dão a vida no teatro de operações, têm de ser comandados por alguém que não tem conhecimento para os poder comandar? Basta. Chega. Não queremos estar debaixo da autoridade da Autoridade Nacional da Proteção Civil”, exclamou.
Mais à frente no seu discurso, votando-se para o chefe do Governo, avisou: “Nunca nos queira ver nas ruas por outras razões, mas não temos medo de o fazer, se não nos respeitarem”. Jaime Marta Soares foi aplaudido de pé pelos congressistas.
António Costa não se referiu em concreto a essa questão, preferindo assinalar que a reforma da proteção civil deverá contemplar o reforço do papel dos bombeiros voluntários também ao nível da prevenção, formação e profissionalização.
“Temos de saber trabalhar melhor todos juntos e os bombeiros são indispensáveis para conduzirmos esta reforma”, afirmou o primeiro-ministro, acrescentando: “Queremos valorizar esse contributo ímpar que o voluntariado oferece, reforçando as equipas de intervenção permanente para responder a um território com um povoamento disperso, cada vez mais envelhecido”.
O chefe do Governo assinalou, por outro lado, que todos os agentes da proteção civil, incluindo os bombeiros, têm de “fazer um esforço de capacitação”.
“Isso não é a forma de desvalorizar os bombeiros, é a forma de valorizar o seu próprio contributo”, anotou, prometendo que a liga será um “parceiro fundamental” para, “em diálogo”, se fazer a reforma da proteção civil.
“O país não quer, não pode e não deve desperdiçar esta riqueza única que são os bombeiros voluntários portugueses”, concluiu António Costa, aplaudido pelos congressistas.
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