DBRS mantém rating de Portugal e não mexe no outlook
A DBRS manteve a notação da dívida portuguesa no nível BBB low, e deixou inalteradas as perspetivas de evolução (outlook). Elevados níveis de malparado e de dívida pública justificam a decisão.
A DBRS manteve a notação da dívida portuguesa no nível BBB low, e deixou inalteradas as perspetivas de evolução (outlook), como alguns analistas esperavam e que abriria a porta a uma subida do rating no próximo ano.
A agência canadiana justifica a sua decisão pelo facto de Portugal apresentar “um perfil de dívida favorável e uma posição externa sólida, em parte assente numa melhoria da competitividade comercial” do país. Mas os “desafios significativos” que o país enfrenta, “incluindo níveis elevados de dívida pública, baixo potencial de crescimento, elevados níveis de crédito malparado e de endividamento das empresas “, levou a agência a manter o rating e o outlook. Em causa estão também “as potenciais pressões de despesa pública”, acrescenta a DBRS no seu comunicado.
A decisão da agência canadiana era aguardada com alguma expectativa depois de em setembro a Standard & Poor’s ter surpreendido com uma revisão em alta da notação da República para fora da categoria “lixo”.
Para a DBRS, o rácio da dívida face ao PIB “permanece muito elevado, em 130,1% do PIB em 2016”. “Isto deixa as finanças públicas vulneráveis a choques adversos”, alerta a agência, apesar de o Executivo prever uma redução da dívida a partir deste ano. “São necessários excedentes primários sustentáveis e um crescimento estável, ao longo do tempo, para colocar a dinâmica da dívida numa trajetória descendente”, defende a DBRS.
O Ministério das Finanças reagiu positivamente a esta decisão, frisando que “o relatório que acompanha esta avaliação considera que esta notação reflete um perfil favorável da dívida pública e um saldo positivo da balança corrente, suportados pela melhoria da competitividade externa”.
[O rácio da dívida face ao PIB] deixa as finanças públicas vulneráveis a choques adversos. São necessários excedentes primários sustentáveis e um crescimento estável, ao longo do tempo, para colocar a dinâmica da dívida numa trajetória descendente.
Os analistas consultados pelo ECO estavam divididos em relação a este decisão da DBRS. Mas a decisão chegou e não foi a mais positiva de todas. A DBRS acrescenta ainda que “o potencial de crescimento de Portugal permanece baixo”. “Apesar da perspetiva de crescimento de curto prazo ser forte, existe um certo grau de incerteza sobre a durabilidade do crescimento robusto no longo prazo”, alerta a DBRS, justificando essas dúvidas com “o potencial de crescimento de Portugal, que oscila entre 1,2% e 1,6%”.
Outro dos problemas que persiste na economia nacional, segundo a DBRS, são os “fracos níveis de investimento público e privado, a baixa produtividade laboral” que continuam a constranger o potencial de crescimento. Ainda que as reformas para aumentar os níveis de educação e de eficiência na Administração Pública estejam a ser implementadas, reconhece a agência, “os resultados podem demorar a produzir efeito”.
A DBRS deixa ainda uma nota positiva para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e os aumentos de capital nos principais bancos em 2017 que “deixaram o setor bancário em melhor posição”. Ainda assim, “seria positivo reduzir o crédito malparado de forma mais sustentada”, acrescenta a DBRS.
A agência canadiana admite que “o rating poderá subir se as melhorias nas finanças públicas e o crescimento económico se tornarem mais permanentes, resultando numa trajetória descendente no rácio da dívida púbica”, mas também uma redução mais substancial do crédito malparado. Em sentido inverso, “um enfraquecimento no compromisso político para apoiar as políticas económicas sustentáveis ou uma deterioração na dinâmica da dívida” podem resultar numa revisão em baixa do rating, diz a DBRS, reconhecendo que esta perspetiva é menos provável.
Até final do ano, Portugal volta ao radar das agências de rating, a 15 de dezembro, com nova avaliação da Fitch, que pode ser a próxima a retirar a dívida nacional do nível considerado “investimento especulativo”.
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