Banca já deu quase seis mil milhões de crédito para a casa este ano
Os bancos concederam um total de 5.953 milhões de euros em empréstimos para a compra de casa nos primeiros nove meses do ano, indica o Banco de Portugal.
O crédito à habitação não para de aumentar em Portugal, sendo que só este ano os bancos já concederam quase seis mil milhões de euros em empréstimos com essa finalidade. Dados do Banco de Portugal indicam que nos primeiros nove meses do ano, as instituições financeiras disponibilizaram 5.953 milhões de euros em crédito à habitação. Ou seja, mais 43% face ao concedido no mesmo período do ano passado.
O nível de concessão de crédito à habitação registado este ano, é ainda o mais elevado desde o início da crise financeira, sendo que seria necessário recuar até ao mesmo período de 2010 para assistir a valores mais elevados, mostram os dados divulgados pela entidade liderada por Carlos Costa nesta terça-feira. Nos nove primeiros meses desse ano, os bancos nacionais disponibilizaram um total de 7.805 milhões de euros em empréstimos para a compra de casa.
Crédito à habitação entre janeiro e setembro
Fonte: Banco de Portugal
O crédito para a compra de casa é, aliás, o principal motor da recuperação dos níveis de concessão em Portugal. As famílias aproveitam a melhoria das suas perspetivas financeiras, tendo em conta a recuperação da economia e do emprego, para regressarem à tomada de decisão de comprar casa com recurso ao crédito.
Os atuais níveis de concessão de crédito à habitação são ainda suportados pelo nível historicamente baixo dos indexantes usados nos contratos de crédito — que se mantêm negativos — mas também do recuo dos spreads cobrados pelos bancos que estão sedentos por libertar liquidez na economia.
Dinheiro para as famílias chega aos dez mil milhões…
São exatamente os mesmos fatores que ajudam a suportar o crescimento das restantes finalidades de crédito às famílias. No acumulado do ano, os bancos disponibilizaram 3.014 milhões de euros em crédito ao consumo, 8% acima do verificado no mesmo período do ano passado, sendo este o montante mais elevado dos últimos onze anos. Seria necessário recuar até ao mesmo período de 2006 para ver um valor mais alto na concessão deste tipo de empréstimos.
No caso do crédito a particulares com outros fins, o montante de concessão ascendeu a 1.476 milhões de euros até setembro. Este valor supera em quase 4% o montante disponibilizado em igual período de 2016 e trata-se de um máximo de dois anos.
Conjuntamente, os novos empréstimos às famílias ascenderam a mais de dez mil milhões de euros (10.443 milhões de euros) entre janeiro e setembro, 25% acima da concessão registada no mesmo período de 2016.
No caso das empresas, a realidade continua a ser muito diferente. A concessão de crédito a este segmento insiste em não descolar. As estatísticas divulgadas pelo Banco de Portugal mostram precisamente o contrário. Nos primeiros nove meses deste ano, os bancos disponibilizaram um total de 20.641 milhões de euros, menos 7,5% face ao verificado no ano passado, bem como o montante mas baixo do histórico do Banco de Portugal que remonta ao início de 2003. Esta realidade tem sido justificada sobretudo pela resistência de muitas empresas em procurar financiamento junto da banca.
E tudo indica que esta divergência de realidades se mantenha entre as famílias e as empresas. No último inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito, as instituições financeiras inquiridas anteciparam para o trimestre atual um ligeiro aumento da procura de crédito por parte das famílias. Já em relação às empresas, os sinais vão no sentido de que tudo se mantenha mais ou menos na mesma no que respeita à procura.
Mas malparado persiste
A nova concessão de crédito às famílias está a aumentar, mas os problemas do malparado neste segmento persistem. De acordo com os dados do Banco de Portugal, em setembro, o total do crédito malparado recuou face ao mês anterior, mas ainda se mantém acima dos mínimos registados em março deste ano. Do total de 115.106 milhões de euros em crédito às famílias, 4.470 milhões diziam respeito a créditos vencidos. Ou seja, 4,14% do total de crédito disponibilizado a este segmento.
Desse total de incumprimento, a maior parte diz respeito a crédito à habitação. No final de setembro, estavam 2.091 milhões de euros de empréstimos com essa finalidade em situação de incumprimento. Isto é, 2,23% do total. No caso do crédito ao consumo, os empréstimos nestas circunstâncias ascendiam a 720 milhões de euros, enquanto 1.959 milhões diziam respeito a créditos com outros fins. Nestes segmentos, o incumprimento representa 5,39% e 23,93% do total.
Esta realidade acaba por destoar daquilo que acontece com as empresas, que têm conseguido diminuir tanto o montante do incumprimento como o seu peso no crédito a este segmento. Em setembro, as empresas estavam em falta no pagamento de dez mil milhões de euros, o que corresponde ao valor mais baixo desde dezembro de 2012, sendo que este montante correspondia a 13,45% do total do financiamento concedido às empresas que ascendia a 74.323 milhões de euros. Contudo, os níveis de incumprimento neste segmento continuam a ser muito altos.
(Notícia atualizada às 12h00)
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