Investidores têm expectativas irrealistas face aos retornos
Estudo da Schroders mostra que os investidores esperam obter nos próximos cinco anos retornos superiores àqueles que a história demonstra.
“Mais olhos do que barriga”. Esta poderá ser uma boa expressão para descrever a expectativa que os investidores têm relativamente aos retornos que poderão conseguir no futuro, uma situação que também caracteriza os investidores portugueses. Esta é uma das conclusões possíveis de retirar de um estudo da Schroders que pretendeu analisar a forma como os investidores se posicionam perante as diferentes categorias de investimento.
Neste estudo realizado junto de mais de 22 mil investidores de 30 países, incluindo Portugal, mostra que nos próximos cinco anos, os investidores portugueses esperam obter um retorno médio anual de 9,4%. Este valor supera o retorno médio de 8,7% esperado pelos investidores europeus, mas fica um pouco aquém dos 10,2% de taxa de retorno anual esperada em média pelos investidores a nível global.
Contudo, a expectativa dos investidores de qualquer destes universos supera aquilo que a história tem revelado em termos de retornos. O índice global MSCI apresenta um retorno anual de 7,2% ao longo dos últimos 30 anos.
“As pessoas estão a ter uma expectativa irrealista do retorno elevado dos investimentos, evidenciando algum desconhecimento do processo de investimento”, conclui o estudo da Schroders.
No universo dos investidores nacionais, mais de metade dos inquiridos — 58% — anteciparam mesmo conseguir um retorno superior a 10% ao ano, enquanto 38% revelaram esperar um retorno mínimo de 10%.
Apesar dessas expectativas elevadas, o estudo do banco de investimento britânico salienta um aspeto positivo, que é o facto de ter notado uma preocupação crescente dos investidores em aprender como se deve investir. “É encorajador que 88% dos investidores globais e 91% dos investidores portugueses queiram aprofundar os seus conhecimentos sobre investimento”, diz a Schroders.
No caso dos investidores portugueses, as áreas onde revelaram pretender obter mais informações foi sobre investimentos com impostos favoráveis (40%), seguindo-se investimentos com potencial positivo (por exemplo, impacto ambiental/na sociedade) (33%), classes de ativos e o seu posicionamento numa carteira de investimentos (29%).
Portugueses continuam a ser conservadores nos investimentos
Apesar da curiosidade demonstrada em enriquecer os seus conhecimentos sobre o universo dos investimentos, os portugueses continuam a preferir colocar o seu dinheiro em produtos conservadores: especificamente em depósitos. Apesar da quebra para mínimos históricos da remuneração oferecida por estes produtos, 29% dos inquiridos afirmaram preferir colocar o dinheiro em depósitos bancários.
“É surpreendente, dadas as baixas taxas de juro em toda a Europa. Esta percentagem é a mais elevada em todo o mundo”, referem os autores do estudo. A nível global, apenas 16% dos investidores revelaram a intenção de apostar nesta classe de ativos, atrás da aposta em ações, obrigações e commodities (23%).
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