Cristas acusa Governo de andar ao sabor da contestação
A presidente do CDS refere que o Governo "tem falhado na capacidade de dialogar com os vários setores". Governo riposta afirmando que Cristas não compreende o que significa "ouvir as pessoas".
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, afirmou este sábado, em Chaves, que o Governo tem “sido errático” e que anda ao “sabor das imposições e da contestação” que se faz notar, com no caso dos professores.
“O Governo tem sido errático, tem ido ao sabor daquilo que são as imposições e a contestação que se faz notar. Na nossa perspetiva, não trabalhou de forma consistente para ir ao encontro daquilo que são as expetativas que tem vindo a criar nos vários setores da função pública e legítimas expetativas, como no caso dos professores“, afirmou a líder do CDS. À margem de uma visita à feira das varandas, que se realiza duas vezes por mês, em Chaves, Assunção Cristas foi questionada sobre a declaração de compromisso alcançada entre o Governo e os sindicatos dos professores, depois de 10 horas de reunião.
“É um princípio de acordo, na verdade não é nenhum compromisso para o Orçamento do Estado. Nós entendemos que é essencial que de facto se sentem, isso é positivo, que conversem, mas até agora ainda saiu muito pouco para além dessa base de que vão conversar e sentar”, salientou.
"O Governo tem ido ao sabor daquilo que são as imposições e a contestação que se faz notar.”
“Tem havido um discurso de que tudo está bem, que acabou a austeridade e que agora há dinheiro para tudo mas, na verdade, isso não é consistente com as várias falhas que nós vemos nos serviços públicos e também, depois, com a dificuldade que o Governo tem em sentar-se à mesa com os vários setores e em, de forma consistente e sustentável, dizer o que é possível fazer e em que momento”, sustentou. Fica, na sua opinião, “obviamente desvirtuada a ideia de que de repente acabou a austeridade e que de repente tudo é possível”.
“Essa ideia que António Costa tentou vender a todos os portugueses durante muito tempo não é real e percebe-se isso quando, perante questões concretas como agora o caso dos professores, ou como foi o caso dos vários profissionais da área da saúde ou mesmo da área da segurança, se percebe que afinal não é possível dar tudo a todos ao mesmo tempo”.
E continuou: “mas obviamente que as pessoas têm legítimas expetativas, criadas e alimentadas pelo Governo, mesmo quando em muitos casos não são suscetíveis de serem cumpridas, certamente não num curto prazo”. Assunção Cristas espera que o Governo, de “forma realista e consistente”, diga às pessoas “o que é possível, em que momento e que já agora assuma que não é verdade que a austeridade tenha acabado, como tem vindo a apregoar em tantos setores”.
Governo acusa líder do CDS-PP de não saber o que significa “ouvir as pessoas”
O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares acusou este sábado a líder do CDS-PP de não compreender o que significa “ouvir as pessoas”, explicando que negociar com os professores sobre o descongelamento das carreiras foi uma questão de “respeito”.
“A Drª Assunção Cristas tem uma atitude e uma relação com os sindicatos que nós não temos. Fez parte de um Governo que desprezou os sindicatos e os trabalhadores e não compreende o que significa ouvir as pessoas e tentar chegar a acordo com elas e foi isso que nós fizemos”, afirmou Pedro Nuno Santos, em Braga, quando confrontado com as declarações de Assunção Cristas, que acusou o Governo de ser “errático” e de andar ao “sabor das imposições e da contestação”.
"Não é agir de forma errática, é respeitar as pessoas, os trabalhadores do Estado, saber ouvi-los e tentar encontrar soluções.”
O governante, que está na cidade bracarense para apresentar aos militantes do PS o Orçamento do Estado para 2018, considerou ainda que aquele documento é um “orçamento de justiça” e que “melhorou” com o debate na especialidade.
“Não é agir de forma errática, é respeitar as pessoas, os trabalhadores do Estado, saber ouvi-los e tentar encontrar soluções. A direita em Portugal contínua sem saber como é que um Estado e um Governo se deve relacionar com as pessoas e os trabalhadores e só assim se compreende esse tipo de declarações”, explanou Pedro Nuno Santos sobre as declarações da líder do CDS-PP.
CDS pede acesso do parlamento a parte não divulgada do relatório sobre incêndios
O CDS-PP vai pedir que seja entregue ao parlamento o capítulo do relatório sobre as falhas de socorro nos incêndios de junho, em Pedrógão Grande, mesmo que seja necessário apagar nomes de mortos e vítimas.
“Tendo em atenção a gravidade do que se passou, nada pode ficar por esclarecer, em dúvida ou sob suspeita”, disse à agência Lusa o líder parlamentar do CDS, Nuno Magalhães, afirmando que a Assembleia da República tem formas de analisar, com reserva, essa parte do relatório não divulgado pelo Governo para “proteger dados pessoais” das vítimas.
O Ministério da Administração Interna não divulgou o capítulo do relatório pedido à equipa de Xavier Viegas com os pormenores das mortes de cada uma das 64 vítimas mortais e pediu um parecer à Comissão Nacional de Proteção de Dados Pessoais (CNPDP).
Agora, o CDS espera que a comissão tome uma decisão rapidamente e, se tal não acontecer, pede ao Governo que entregue ao parlamento o documento em que pode não estar inscrito o nome das pessoas envolvidas, as vítimas, ou pedir “reserva de confidencialidade” ou que seja discutido “à porta fechada” na comissão de Assuntos Constitucionais, explicou Nuno Magalhães.
(Artigo atualizado às 17h48)
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