Condições climatéricas extremas ameaçam produção de café

  • Juliana Nogueira Santos
  • 4 Dezembro 2017

Na Colômbia chove demais, no Brasil não é suficiente. A incerteza em torno das colheitas é tanta que vários fundos de investimento já recuaram nas suas apostas na queda da cotação da matéria-prima.

Os efeitos das condições climatéricas extremas já estão a chegar aos mercados, especialmente ao café. A oferta da matéria-prima pode estar em risco, com as colheitas na América do Sul a serem afetadas tanto pela seca, como pelo excesso de precipitação. E os investidores estão-se a retrair.

Vários fundos de investimento estavam crentes que os preços da matéria-prima iriam cair, dado o sucesso das colheitas, mas acabaram por abandonar as suas apostas da queda da cotação. O café segue a valorizar há duas semanas consecutivas, renovando assim máximos de dois meses.

“Os investidores ficaram muito complacentes, porque toda a gente estava à espera de uma colheita monstruosa no Brasil, como muitos chamavam, não considerando que não tem estado o tempo perfeito”, afirmou à Bloomberg Ben Ross, do Cohen & Steers Capital Management. “A procura tem-se mantido estável, principalmente nos mercados emergentes. As pessoas apaixonaram-se pela história do bear market, mas há falhas nesta.”

Na Colômbia, é impossível prever as consequências das chuvas intensas que têm caído, como apontou à mesma agência Roberto Velez, presidente da federação de produtores de café do país. Por outro lado, no Brasil, os estragos causados pela falta de água que já se estende desde 2014, em conjunto com uma infestação de insetos que se abate sobre o país, põe em causa o tamanho dos grãos e a qualidade da matéria-prima.

Para aumentar o desequilíbrio, não se prevê que a procura de café diminua nos próximos tempo, com os analistas da Sucden Financial a preverem um aumento de 1,3% na procura entre 2017 e 2018 e uma queda da oferta entre os mesmo valores. Os analistas do Rabobank apontam para um défice global de 4,7 milhões de sacos de café.

Ainda assim, a esperança resiste. O Brasil poderá recuperar as suas colheitas se a chuva regressar nos próximos meses e os vários países da América do Sul poderão amortecer o impacto se tiverem sucesso no momento de colher os grãos. “O mercado irá esperar por mais certezas nas colheitas”, aponta Hernando de la Roche, analista da INTL FCStone. “As chuvas serão importantes em janeiro e fevereiro.”

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