É preciso mais articulação para aceder a verbas de instituições multilaterais, diz secretária de Estado
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro, defende mais articulação entre a Sofid e as pequenas e médias empresas para conseguir aceder às verbas disponibilizadas.
A secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro, defendeu este sábado mais articulação entre a Sofid e as pequenas e médias empresas para conseguir aceder às verbas disponibilizadas pelas instituições multilaterais financeiras.
“Para podermos aproveitar plenamente os fundos, e são muitos, dessas multilaterais, como o Banco Europeu de Investimentos (BEI) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), precisamos de uma instituição que faça a articulação com essas instituições, e essa foi a preocupação inicial deste Governo”, disse Teresa Ribeiro.
Em entrevista à Lusa, centrada na estratégia do Ministério dos Negócios Estrangeiros para ajudar as empresas portuguesas a concorrerem aos grandes projetos africanos que podem beneficiar de financiamento das instituições multilaterais financeiras, Teresa Ribeiro vincou que é fundamental “mudar a perspetiva, da empresa para o projeto“.
Com a ajuda da Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (Sofid), cuja tutela política é agora partilhada com as Finanças, o objetivo é “mudar a perspetiva, da empresa para o projeto, e em cada momento fazer a conciliação entre as duas coisas”, para ser possível “antecipar as necessidades porque não podemos contentar-nos em ser subcontratados pelas grandes empresas multinacionais”.
Para Teresa Ribeiro, “intervir numa fase precoce obriga a que seja possível desenhar o projeto e torná-lo ‘bancável’, para depois apresentar o plano a uma multilateral financeira com o apoio da Sofid, o que pressupõe uma cadeia, uma engrenagem bem oleada”.
Este financiamento, acrescentou a governante na conversa com a Lusa, não está vocacionado para projetos de 2 ou 3 milhões de euros, mas sim para grandes projetos de dezenas de milhões; o Plano de Investimentos Externos, aprovado em setembro por Bruxelas, tem uma dotação inicial de 5,5 mil milhões de euros para projetos que podem beneficiar de uma alavancagem financeira para elevar o montante até 50 mil milhões de euros.
As embaixadas, nomeadamente as que operam em África, “o destino natural das empresas portuguesas”, têm um papel determinante para, em conjunto com a Sofid e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), identificarem as oportunidades de negócio e fazerem a articulação com os planos de negócios das empresas, nomeadamente as PME.
“Queremos que as nossas embaixadas, com os técnicos de cooperação e a AICEP, identifiquem áreas que correspondem a intenções [dos Governos] na área dos projetos dos diferentes países“, e depois possam articular com os planos de internacionalização das empresas portuguesas, argumentou a governante.
“A Sofid precisa de se tornar o instrumento capaz de articular entre o plano das empresas e o plano dos financiamentos, e é isso que estamos a fazer”, adiantou.
Em novembro, exemplificou Teresa Ribeiro, o presidente do BAD esteve em Lisboa e constatou-se que a instituição “está interessadíssima [em financiar projetos portugueses] porque há um conjunto de empresas dos diferentes países que falam português que podem ser muito interessantes para executar projetos necessários e que o banco quer financiar”.
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