Espetáculos, museus e cinema com mais visitantes. Jornais e revistas perdem leitores
Mais espetáculos, menos leitura: no ano passado o número de visitantes de espetáculos ao vivo, museus e cinema aumentou. Mas a circulação dos jornais e revistas caiu.
Mais visitantes nos espetáculos ao vivo, mais idas aos museus e mais espetadores de cinema. No ano passado, as visitas a eventos de lazer aumentaram. Pelo contrário, os jornais e as revistas perderam significativamente em número de exemplares vendidos e em circulação total. Os dados foram publicados esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em 2016, os espetáculos ao vivo registaram 14,8 milhões de visitantes e os cinemas tiveram 14,9 milhões de espetadores. Já os museus conseguiram ainda mais visitantes: 15,5 milhões, dos quais 6,7 milhões (43,1%) eram estrangeiros. Os números do INE mostram um aumento generalizado nas visitas a eventos de lazer e cultura.
Ainda assim, as famílias continuaram a alocar uma parte pequena do seu orçamento à cultura e ao lazer. Em 2015/2016, as famílias gastaram em média 845 euros para lazer, recreação e cultura, o equivalente a 4,2% da sua despesa total média, menos do que os 5,3% registados em 2010/2011.
Espetáculos ao vivo: rock/pop lidera
No ano passado, o número de sessões ao vivo aumentou 13,1%. Houve mais bilhetes vendidos (a subida foi de 26,2%) e as receitas de bilheteira também cresceram: dos 14,8 milhões de visitantes, 4,9 milhões pagaram bilhete, gerando 85 milhões de euros de receita (mais 42,6% do que em 2015).
Naquele que foi, por exemplo, o ano em que os Radiohead vieram a Portugal, o preço dos bilhetes para espetáculos ao vivo subiu, com destaque para a música. O INE adianta que o preço médio por bilhete para este tipo de espetáculos foi de 23,1 euros. Já no conjunto de todos os tipos de espetáculos, o preço médio foi de 17,4 euros — um valor acima dos 15,4 euros médios registados em 2015.
Entre as modalidades de música, os concertos de música rock/pop lideram, com três milhões de espetadores e receitas de bilheteira no valor de 45,5 milhões de euros (mais 20 milhões do que no ano anterior). “Esta continua a ser a modalidade com maior representatividade (53,5%) no total das receitas do conjunto das modalidades de espetáculos ao vivo”, lê-se no destaque do INE.
Rock/pop lidera, ópera tem menor número de espetadores
Fonte: INE
Museus: turistas dão valente empurrão
Dos 727 museus em atividade, o INE só considerou para fins estatísticos 405 — há um conjunto de critérios que precisam de cumprir, como por exemplo, terem pelo menos um conservador ou um técnico superior, terem orçamento, entre outras. Mas ainda assim estes museus registaram 15,5 milhões de visitantes, uma subida de 13,7% face a 2015.
A explicar este forte aumento está, em grande medida, o turismo. O organismo de estatística adianta que 43,1% dos visitantes eram estrangeiros (cerca de 6,7 milhões de pessoas, mais 1,5 milhões do que no ano anterior). Os números mostram ainda que os turistas visitaram preferencialmente os museus de história, e os de arte.
Visitantes estrangeiros e nacionais
Fonte: INE
Cinema: mais filmes portugueses, mas menos espetadores
No ano passado, foram exibidos 1.168 filmes, em 650.538 sessões. Houve 14,9 milhões de espetadores e as receitas de bilheteira cresceram 3%, para 77,2 milhões de euros. O INE diz que o filme que se destacou como o mais visto foi “A vida secreta dos nossos bichos”.
Contudo, este não parece ter sido um bom ano para o cinema português. Apesar de ter havido mais filmes de produção nacional — houve 182 filmes portugueses, mais 22 do que em 2015 — o número de espetadores caiu (61,6%) e as receitas também foram abaixo (menos 77,1%, indica o INE). O filme português com mais espetadores foi “A canção de Lisboa”, que contou com 187,8 mil pessoas a assistir.
Origem da produção
Fonte: INE
Jornais e revistas: circulação em queda
No domínio das publicações periódicas, as quedas são generalizadas. “Face ao ano anterior, nos materiais impressos registaram-se diminuições no número de publicações (2,7%), edições (3,4%), tiragem (22,3%), circulação total (28,0%), nos exemplares vendidos (17,6%) e nos oferecidos (27,5%)”, lê-se no destaque do INE.
O organismo de estatística adianta ainda que nos jornais menos de 60% dos exemplares em circulação foram vendidos (os restantes foram oferecidos), enquanto nas revistas a circulação paga foi de quase 69%. Foi nas publicações sediadas nos Açores e na Madeira que se registou uma proporção superior de exemplares pagos. Já no Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa foi onde se registou uma maior fatia de exemplares oferecidos.
Os dados mostram um aumento da incidência da distribuição online, com 38,9% das publicações a serem difundidas em papel e em formato eletrónico simultaneamente. Em 2015 o peso das publicações que tinha esta difusão online era de 38% e em 2011 de 30,7%.
As publicações periódicas geraram 362,2 milhões de euros de receitas, sendo que 57,6% resultaram da venda dos exemplares, enquanto 34,4% teve origem em publicidade. Face a 2015, estas publicações registaram menos receitas (2,5%), mas também menos despesas totais (3,9%).
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