Centeno: Está na hora de “recolher os benefícios” dos esforços passados
Em entrevista à CNBC, Mário Centeno, recém-eleito presidente do Eurogrupo, defende que não se trata de ser contra a austeridade, mas de recolher os louros dos esforços passados.
Mário Centeno, ministro das Finanças português e recém-eleito presidente do Eurogrupo, defende que está na hora de a Europa “recolher os benefícios” dos esforços passados. Em entrevista à CNBC, Centeno frisa que há pontos em comum entre os países do euro sobre a união bancária e que é preciso avançar.
“Não é bem uma questão de ser a favor ou contra a austeridade”, disse o ministro português, que tomará posse como presidente do Eurogrupo a 13 de janeiro. “É compreender que a reação que obtivemos do lado da oferta, através das reformas, precisa agora de ser respondida com alguma reação do lado da procura”, explicou o responsável. “E a Europa está em muito boa posição para fazê-lo”, garantiu.
A cadeia de televisão adianta ainda que Centeno quer deixar claro para os cidadãos europeus que os esforços que fizeram valeram a pena e que agora está na hora de “recolher os benefícios”.
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Sobre as reformas que estão em curso para a união económica e monetária, Centeno reconheceu que será preciso “tempo e paciência”, mas frisou que “é preciso completar a união bancária”. E neste sentido, apesar de isto “significar coisas diferentes para cada membro do Eurogrupo”, é possível encontrar pontos em comum. “Temos de nos concentrar nos pontos em comum que certamente temos, e nós temo-los, eles existem”, assegurou.
“Temos de fazer progresso, e se este progresso tem de ser à medida, de acordo com a vontade dos países de avançar mais depressa em áreas específicas, penso que isso não será um problema”, somou ainda Mário Centeno.
"[O Brexit] é certamente um choque negativo para todas as economias. (…) De um choque negativo podemos e devemos construir soluções positivas.”
“Brexit será certamente um choque negativo para todas as economias”
Mário Centeno sublinhou ainda a importância do desafio colocado pela saída do Reino Unido da União Europeia, assumindo que “é um desafio que é certamente um choque negativo para todas as economias“. Por isso, o próximo presidente do Eurogrupo defende que os governos devem dar tempo às economias para se adaptarem a esta “reforma estrutural”.
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Ainda assim a Europa deve continuar o seu caminho: “De um choque negativo podemos e devemos construir soluções positivas”, defendeu.
Já quanto às dificuldades que a chanceler alemã, Angela Merkel, tem encontrado para formar governo, Centeno desvalorizou. “Se olhar para trás e vir os resultados da eleição holandesa, depois os da eleição francesa, e até certo ponto as eleições alemãs, temos sido capazes na Europa de encontrar soluções que estão basicamente no centro do desenvolvimento da Europa”, argumentou. “Eu não estaria tão preocupado com isso”, disse.
Perdão da dívida grega? Só depois de completar o resgate
Em cima da mesa esteve também a possibilidade de perdão de dívida à Grécia, a pouco mais de meio ano antes de o pais concluir o seu terceiro resgate financeiro. Mário Centeno considerou que, ainda que as autoridades gregas estejam a fazer “um excelente trabalho”, o programa tem de ser completado para depois se pensar em perdão.
“Estamos convencidos que vai ser completado a meio de 2018, agosto de 2018. Esperamos que as autoridades gregas continuem o excelente trabalho que têm feito nos últimos anos para atingir todas as medidas e metas que temos no programa”, afirmou o ministro das Finanças português. “E aí, voltando à ideia de reforma e de ter paciência, o que as instituições precisam é de apoiar a Grécia depois das reformas”, concluiu, sobre este assunto.
Na entrevista à CNBC, houve ainda tempo para adereçar o novo plano fiscal de Donald Trump. Para Centeno, este não pode prejudicar os parceiros comerciais do país e, para isso não acontecer, tem de haver cooperação.
“A forma como o processo globalização ajudou as nossas economias a avançar e a ir mais à frente não pode ser agora posto em causa por política que, ainda que sejam compreensíveis numa ótica nacional, têm de ser coordenadas com os parceiros comerciais“, alertou Centeno. “É nossa obrigação trabalhar com as autoridades os Estados Unidos para prevenir a evasão fiscal e a competição desleal entre países”.
(Notícia atualizada às 11h14 com as declarações sobre a Grécia e os Estados Unidos)
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