Carlos Costa mais otimista que António Costa para 2018. Vê economia a crescer 2,3%
A expansão da economia portuguesa está subjacente num crescimento "mais sustentável". A opinião é do Banco de Portugal que está mais otimista que o Governo no que toca à variação do PIB para 2018.
O Banco de Portugal projeta que o PIB cresça 2,3% no próximo ano, uma estimativa mais otimista que a do Governo que aponta para 2,2%. O banco central português reviu em alta a maior parte das suas projeções no Boletim Económico de dezembro, publicado esta sexta-feira, em linha com o que tinha feito o Banco Central Europeu esta quinta-feira. Em 2020, ano para o qual publica projeções pela primeira vez, o Banco de Portugal vê a taxa de desemprego perto de 6%.
“A expansão projetada para a economia portuguesa tem subjacente uma recomposição da procura global orientada para um crescimento mais sustentável, assente no dinamismo das exportações e do investimento e num enquadramento internacional favorável”, considera o Banco de Portugal no comunicado que acompanha o Boletim Económico publicado esta sexta-feira. A contribuir para uma subida do PIB de 2,3% em 2018 — o mesmo valor projetado pelo BCE para a Zona Euro — estará a procura interna e as exportações, ambos com um contributo de 1,2 pontos percentuais.
Banco de Portugal revê PIB em alta
Fonte: Banco de Portugal
Ao nível da procura interna, a Formação Bruta de Capital Fixo (FCBF), a principal componente do investimento, continuará a ser um dos principais motores da economia portuguesa no próximo ano, tal como aconteceu em 2017. O Banco de Portugal projeta um aumento de 6% da FBCF em 2018, principalmente graças ao investimento empresarial, mas também tendo em conta o aumento do investimento público que o Governo prometeu no Orçamento do Estado para 2018.
O crescimento económico ancorado nas exportações e no investimento, segundo a análise do BdP, leva o banco central a assinalar que “a recuperação da atividade económica em Portugal tem sido caracterizada por uma reafetação crescente de recursos para o setor dos bens e serviços transacionáveis”. Ainda assim, o Banco de Portugal avisa que, para que assim continue, “é essencial prosseguir a alocação do investimento a áreas que contribuam para o aumento do produto potencial, designadamente através do aumento de capital por trabalhador e de uma melhor reafetação de recursos”.
A expansão projetada para a economia portuguesa tem subjacente uma recomposição da procura global orientada para um crescimento mais sustentável.
Atualmente, o enquadramento internacional também ajuda, mas tal pode desvanecer. “O comércio mundial manterá um crescimento robusto ao longo do período de projeção, embora com um abrandamento a partir de 2018”, refere o BdP, assinalando que a procura externa dirigida à economia portuguesa apresentará uma ligeira aceleração em 2018.
A contribuir para o PIB do próximo ano estará ainda a aceleração do consumo público com uma variação de 0,6%: “Em 2018, a taxa de variação do consumo público deixa de estar afetada pelo efeito da redução das horas de trabalho e, por outro lado, perspetiva-se uma menor poupança com parcerias público-privadas do setor rodoviário”, lê-se no Boletim Económico.
Mas não é só no PIB que o Banco de Portugal é mais otimista do que as previsões que o Governo tinha feito no OE2018. O Boletim Económico de dezembro prevê uma criação de emprego de 1,6% no próximo ano, superior aos 0,9% estimados por Mário Centeno. Por consequência dessa projeção, o BdP estima que a taxa de desemprego fique nos 7,8%, abaixo dos 8,6% projetados pelo Governo. A previsão é que o mercado de trabalho continue a recuperar, mas com um ritmo inferior ao registado em 2017.
Além disso, o Banco de Portugal reviu em alta a projeção para este ano de 2,5% no Boletim Económico de outubro para 2,6%, o que iguala a última projeção do Governo. “Este ritmo de crescimento implica que o PIB recupere o nível anterior à crise financeira internacional em meados de 2018”, acrescenta ainda o boletim.
Como será a economia portuguesa em 2020?
O Boletim Económico publicado esta sexta-feira contém projeções para 2020, a primeira vez que o Banco de Portugal as publica. Até lá, o banco central prevê que a economia portuguesa evolua em linha com a da Zona Euro e com crescimentos acima do seu potencial. No entanto, isso não bastará para compensar a “divergência acumulada até 2013”. A redução da população em Portugal acabará por beneficiar o rácio do PIB per capita.
Ainda assim, o BdP conclui que, “com o ritmo de crescimento projetado, em 2020 o PIB deverá situar-se cerca de 4% acima do nível registado antes da crise financeira internacional”, ou seja, 2008. Mas o mesmo não se verifica quando se fala de investimento no país: “o nível da FBCF no final do horizonte deverá ser 11% inferior ao observado antes da crise financeira internacional”.
Para 2020, o Banco de Portugal prevê que a economia cresça 1,7%, com um contributo maior da procura interna (1 p.p.) em comparação com as exportações (0,7 p.p.). O dado mais surpreendente está na previsão da taxa de desemprego do BdP: 6,1% em 2020. Além disso, Portugal deverá manter os seus excedentes na balança corrente e de capital e na balança de bens e serviços praticamente inalterados. Já a inflação não deverá descolar, tal como pretende o BCE, ficando pelos 1,6%.
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