Petróleo está mais caro. E ainda vai subir mais em 2018
A decisão da OPEP e de outros produtores de prolongarem o corte da produção está a levar alguns bancos a melhorarem as previsões para o próximo ano. Mas nem todos estão assim tão otimistas.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tem-se esforçado para animar os preços do petróleo. E esses esforços estão a dar frutos. As cotações do “ouro negro” têm recuperado, à boleia da decisão do cartel de prolongar o corte da produção. Uma valorização que levou vários bancos de investimento a melhorarem as suas previsões para o próximo ano. Mas nem todos estão assim tão otimistas. Para o Barclays e Citigroup, a subida dos preços vai levar a um aumento da produção nos EUA, contrariando a tentativa da OPEP de travar a “inundação” de petróleo no mercado.
Desde o início do ano, o preço do Brent valorizou mais de 16%, com o barril a custar agora perto de 67 dólares em Londres. E em Nova Iorque, o West Texas Intermediate (WTI) está já bem perto de superar a fasquia dos 60 dólares por barril. Subidas bem menos expressivas que as registadas no ano anterior — em torno de 50% –, mas que colocam a cotação da matéria-prima em máximos de meados de 2015. São resultado da crescente procura pela matéria-prima num contexto de travão à oferta.
Brent recupera 16% desde o início do ano
A OPEP não desarma. O cartel responsável por cerca de 40% de todo o petróleo produzido a nível mundial mantém a estratégia de travar a oferta, tendo mesmo prolongado os esforços para tentar reequilibrar o mercado, procurando garantir que os preços sobem para patamares mais elevados. E está a conseguir fazê-lo. Daí que, “de forma geral, os gestores estão a terminar o ano numa nota positiva. Certamente um pouco mais otimistas do que estavam no início e em meados do ano”, afirma Ashley Petersen, analista da Stratas Advisors, à Bloomberg.
Grandes bancos de investimento como o Goldman Sachs e o JPMorgan Chase reviram, recentemente, as suas estimativas para os preços do petróleo no próximo ano. Ambos projetam que, tendo em conta o compromisso da OPEP para travar a oferta, a cotação média da matéria-prima deverá rondar os 60 dólares. O Brent apresenta, este ano, um valor médio de 54,70 dólares, já o WTI regista um preço médio de apenas 50,81 dólares.
De forma geral, os gestores estão a terminar o ano numa nota positiva. Certamente um pouco mais otimistas do que estavam no início e em meados do ano.
Mas estes esforços do cartel vão ser desafiados no próximo ano, tal como tem acontecido até agora, pela produção na maior economia do mundo. “Os EUA vão continuar a ser um grande risco no próximo ano em termos de aumenta da oferta”, refere Ashley Petersen. Neste contexto, o Barclays, um dos que mantém o ceticismo em relação a esta recuperação, afirma que a subida dos preços vai incentivar os EUA a aumentarem a produção em 2018. Já o Citigroup refere que esta valorização da matéria-prima vai perder a força.
Alguns bancos estão otimistas…
Olhando para a instituições financeiras que melhoraram as estimativas para o próximo ano, o Goldman Sachs destaca-se por ser um dos mais otimistas. O banco aumentou a projeção para o preço médio do Brent, negociado em Londres, em quase 7%. Prevê que avance até aos 62 dólares por barril, citando o forte compromisso da OPEP para tentar diminuir a quantidade de petróleo no mercado.
O cartel e os outros produtores, numa tentativa de controlarem a quantidade de petróleo no mercado, concordaram prolongar o corte da produção até ao final do próximo ano. O Goldman Sachs prevê que a OPEP vai cumprir totalmente o acordo, o que levou o banco a cortar a estimativa para a produção em 350 mil barris por dia para 44,3 milhões. Para além disso, projeta um crescimento da procura pela matéria-prima a nível global.
Ao Goldman junta-se o JPMorgan, que subiu a projeção para os 60 dólares, quando antes apontava para os 58 dólares. Mas também o Credit Suisse. O banco suíço afirma que o “forte compromisso” da OPEP e de outros produtores vai levar a uma “normalização” dos níveis das reservas de energia da OCDE até ao terceiro trimestre do próximo ano.
…outros nem tanto
Mas nem todos os bancos de investimento estão assim tão otimistas. É o caso do Barclays, que manteve a previsão para o preço médio do barril de petróleo nos 55 dólares. Considera que subida dos preços vai incentivar os EUA, bem como outros produtores fora do cartel, a aumentarem a produção no próximo ano. “O otimismo atual em torno dos preços vai encorajar um crescimento anual da produção fora da OPEP de pelo menos 500 mil barris por dia em 2018 e 2019”, afirma.
"O otimismo atual em torno dos preços vai encorajar um crescimento anual da produção fora da OPEP de pelo menos 500 mil barris por dia em 2018 e 2019.”
O Citigroup também partilha deste ceticismo. A instituição financeira nota que há o risco de este otimismo sobre a dinâmica da oferta e da procura perder força. E alerta que um aumento da produção do petróleo de xisto nos EUA assustará o mercado. A previsão para o Brent manteve-se, por isso, nos 54 dólares, no próximo ano.
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