Moscovici sobre Centeno: “Não há nuvens entre nós”
O comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros veio a Lisboa para rever a agenda do Eurogrupo com Mário Centeno. E a mensagem é de otimismo, tanto a nível interno, como externo.
“Não há nuvens entre nós”, disse Pierre Moscovici, comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, esta quinta-feira. O responsável veio a Lisboa para rever com Mário Centeno a agenda do Eurogrupo e está confiante de que o ministro das Finanças português conduzirá a bom porto tanto as Finanças internas, como as reformas previstas para o conjunto da moeda única.
O tema em cima da mesa não eram as contas públicas nacionais — o assunto não foi discutido, garantiu Moscovici — mas mesmo assim o comissário aproveitou para frisar que “este foi um ano de progressos incríveis”, que os défices melhoraram muito e que “as finanças estão em muito melhor forma”.
Para além do encontro com o ministro das Finanças, o comissário reuniu-se também com o primeiro-ministro António Costa e com o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e com a vice-governadora, Elisa Ferreira.
Depois da conversa com o primeiro-ministro, Moscovici garantiu que confia em António Costa quando o governante lhe disse que o défice deste ano ficará abaixo de 1,4% do PIB, mas assumiu que a Comissão “pediu um pouco mais no défice estrutural” e que por isso vai “verificar os dados quando o momento chegar”.
Vai demorar tempo para que o impacto da crise seja totalmente ultrapassado. Portugal atravessou anos incrivelmente difíceis e claro que ainda tem algumas feridas.
Seja como for, o otimismo e a confiança predominam: “Lembro-me de que alguns gostariam de ter aplicado uma multa a Portugal em 2016 e que seis meses depois o país estava fora do Procedimento por Défice Excessivo. Estou confiante de que vamos conseguir. Não há nuvens entre nós.”
Comissão quer trabalhar “de mãos dadas” com Centeno
O otimismo de Moscovici estende-se ao rumo que o ministro português dará ao Eurogrupo. Moscovici diz que “o Eurogrupo vai assumir um papel chave”, lembra que será “crucial para preparar a Cimeira do Euro” e está certo de que Mário Centeno “vai claramente liderar o Eurogrupo nessa direção”.
[Não quer dizer que Centeno] tenha de seguir a linha da Comissão, só significa que ambas as partes partilham uma visão, de que o pacote da Comissão é a linha de trabalho que deve ser seguida.
Mais: Moscovici quer trabalhar “de mãos dadas” com o ministro português. Isto não quer dizer que Centeno “tenha de seguir a linha da Comissão, só significa que ambas as partes partilham uma visão, de que o pacote da Comissão é a linha de trabalho que deve ser seguida”.
Questionado sobre o poder que a Comissão exercerá sobre Centeno, Moscovici foi taxativo: “O presidente do Eurogrupo é Mário Centeno e ele é o líder do Eurogrupo. Ele e ele sozinho.”
Contudo, reconheceu que “a comissão tem um papel especial”, na medida em que, por exemplo, avalia os orçamentos dos países e faz propostas de reformas ao nível do espaço europeu. “Temos de trabalhar de mãos dadas com o presidente do Eurogrupo, seja ele quem for”, repetiu. Mas “ele é o presidente, eu não sou, ele é o líder. Nós estamos lá para cooperar.”
Terceira revisão do programa grego deve ficar fechada a 22 de janeiro
No encontro que tiveram esta quarta-feira, o comissário e o novo presidente do Eurogrupo combinaram desde já a meta para fechar a terceira revisão do programa grego: 22 de janeiro. Moscovici sublinhou que para isso é preciso que as autoridades gregas cumpram algumas medidas prioritárias mas, mais uma vez, mostrou-se confiante e deu Portugal como exemplo.
“Quando olho para Portugal sei o quão duros estes programas são, as dificuldades, mas também vejo que há um futuro e é possível ter outras histórias de sucesso. É o que espero para a Grécia”, defendeu.
Sobre a reforma da União Económica e Monetária, Moscovici recordou as principais propostas da Comissão — como por exemplo a criação do Fundo Monetário Europeu ou de ferramentas como uma função de estabilização para ajudar os países a lidar com choques assimétricos — e pediu “muita ambição” a Mário Centeno.
“Se em 2018 tivermos uma união económica e monetária mais forte e mais profunda, a Grécia fora do programa e França e Espanha fora do PDE, os dois últimos países, e como base um crescimento forte e sustentável teremos feito um bom trabalho. Este é o meu desejo para 2018”, disse.
Eurogrupo reunido em Portugal? “Porque não? Mas não sempre…”
Questionado sobre a possibilidade de o Eurogrupo se passar a reunir em Lisboa, Moscovici frisou que até agora os encontros dos ministros do euro, em que o comissário também participa, “sempre foram em Bruxelas”.
Mas não recusou a ideia: “Porque não? Não sempre, mas tenho pena porque obviamente vocês têm alguns recursos naturais”, disse, olhando para a janela banhada por um radioso sol em pleno inverno.
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