Novos certificados do Tesouro só rendem 78 milhões de euros

No primeiro mês completo de subscrições, entraram 78 milhões de euros para os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento. É o valor mais baixo desde março de 2015.

Os portugueses não parecem estar a deixar-se tentar pelo novo produto de poupança do Estado. Em novembro, as aplicações em Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) ascenderam em 78 milhões de euros. Há mais de dois anos em meio que não entrava tão pouco dinheiro para os certificados do Tesouro.

De acordo com o Boletim Estatístico do Banco de Portugal divulgado nesta quinta-feira, as aplicações em certificados do Tesouro situaram-se em 14.955 milhões de euros em novembro, o que compara com 14.877 milhões que se registavam e outubro. Isto significa um aumento em 78 milhões de euros das aplicações em CTPC, o que corresponde ao aumento mensal mais curto desde março de 2015.

Crescimento das aplicações em CTPC

Fonte: Banco de Portugal

A menor remuneração oferecida pelos CTPC face aos anteriores certificados do Tesouro poderá justificar a fraca adesão a este produto no primeiro mês completo de subscrições. Foi no final do mês de outubro que os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) foram substituídos pelos CTPC, um produto com características muito próximas mas cujo retorno é mais baixo.

Os CTPM ofereciam uma taxa de remuneração média de 2,25% ao fim dos cinco anos de aplicação, que poderia ser acrescida de um prémio em função do crescimento do PIB a partir do quarto ano. No caso dos CTPC, a remuneração média é de 1,35%, bastante aquém desse valor, e que pode ser alcançada ao fim dos sete anos de aplicação, acima dos cinco anos dos CTPM.

A intenção do Governo em baixar a remuneração oferecida pelos certificados do Tesouro tinha sido avançada pelo ECO a 25 de outubro, tendo sido confirmada no dia seguinte pelo executivo liderado por António Costa que se reuniu em Conselho de Ministro.

A decisão de oferecer uma remuneração mais baixa nestes novos CTPC insere-se num contexto de forte alívio dos juros da dívida pública. A fasquia atual dos juros da dívida torna “caro” ao Estado manter o nível de remuneração que era oferecida pelos CTPM.

Certificados de aforro continuam a encolher

Se no caso dos certificados do Tesouro até ocorreu um aumento das aplicações dos aforradores, no caso dos certificados de aforro estas continuam a encolher. Em novembro, os portugueses tinham aplicados 11.951 milhões de euros neste produto de poupança do Estado, menos 22 milhões face ao que se verificava no mês anterior. Tratou-se assim do 13º mês consecutivo em que os certificados de aforro perderam dinheiro, com o montante global de investimento a baixar para a fasquia mais baixa desde novembro de 2014.

Esta quebra resulta da fraca atratividade da remuneração oferecida por este produto que continua a ser menos atrativo mesmo comparando com os novos CTPC. As novas aplicações em certificados de aforro da série E lançada a 30 de outubro que sejam realizadas em dezembro têm direito a uma remuneração bruta de 0,671%.

O balanço global relativo a novembro acaba por ser de um crescimento de apenas 56 milhões de euros nas aplicações em certificados. Seria necessário recuar até fevereiro de 2015 para ver um valor mais baixo.

O facto de ter havido uma emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) em novembro, poderá também ajudar a explicar a fraca adesão dos portugueses aos certificados. Esta emissão de OTRV ascendeu a 1.300 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 12h00 com mais informação)

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