À terceira não é de vez: chineses da TAP falham (de) novo negócio
Os acionistas da transportadora aérea portuguesa falharam, pela terceira vez consecutiva, um negócio. A sua onda de compras à volta do Mundo está ameaçada, diz a Bloomberg.
O grupo chinês HNA, que detém 2,5% da TAP, enfrentou mais um obstáculo, desta vez na Nova Zelândia. As autoridades do país decidiram bloquear a aquisição da ANZ, um grupo financeiro neozelandês, argumentando que não é claro quem controla o HNA. O negócio estava avaliado em 460 milhões de dólares. Em seis meses, esta é a terceira aquisição falhada para os maiores acionistas do Deutsche Bank.
O conglomerado endividado falhou mais um negócio numa altura em que ainda tem várias outras aquisições pendentes. Segundo a Bloomberg, o HNA está a aguardar pelas decisões das autoridades para comprar uma participação no fundo de investimento SkyBridge Capital e na empresa que detém um dos maiores aeroportos do Brasil. Além disso, a unidade Swissport Group, detido pelo HNA, está a aguardar aprovação da aquisição da Aerocare, o maior aeroporto da Austrália e Nova Zelândia.
A potencial aquisição da Australia & New Zealand Banking Group (ANZ) foi só uma das últimas tentativas do HNA. A onda de compras do grupo chinês nos últimos anos já chega aos biliões de dólares. De acordo com a Bloomberg, a expansão do conglomerado traduziu-se numa dívida de curto prazo de 28 mil milhões de dólares.
Já em julho a aquisição de uma participação de 416 milhões de dólares na Global Eagle Entertainment foi bloqueada pelo regulador norte-americano. Também nos Estados Unidos, o HNA falhou a aquisição de uma empresa tecnológica norte-americana por 325 milhões de dólares. Porquê? Quem estava a vender a empresa acusou o grupo de fornecer informação falsa e inconsistente sobre o seu dono.
O grupo tem negado esta acusação. Face as críticas dos reguladores neozelandeses, a empresa afirmou que a decisão foi, “em grande medida”, tomada com base em “títulos negativos da imprensa” e não pela informação prestada pelo HNA. No final de novembro, o grupo anunciou que vai reverter o plano de compra de ativos, depois de as autoridades de Pequim ter começado a investigar várias empresas chinesas, incluindo o HNA Group.
Os receios não se baseiam apenas na identidade dos donos, mas também com o elevado nível de dívida. A Bloomberg refere que a despesa com os juros da dívida já está acima dos lucros da empresa. Acresce que, com os recentes bloqueios, a expansão está em risco: os reguladores alemães, suíços e neozelandeses continuam a ter fortes dúvidas sobre quem realmente detém o HNA.
Em julho foi público que nenhum dos principais bancos norte-americanos — Citigroup, Morgan Stanley ou Bank of America — quer fazer negócios com o HNA. O problema passa pela falta de aprovação interna por parte dos comités que estão responsáveis por avalizar negócios com entidades. Um dos principais problemas identificado é a falta de informação sobre a origem do dinheiro do grupo.
O HNA Group detém uma posição indireta no capital da TAP, através de uma participação na Azul (companhia do brasileiro David Neelman que integra a consórcio Atlantic Gateway) e de uma participação de 5,6% na Atlantic Gateway. A dívida de longo prazo do HNA ascendia a 58 mil milhões de dólares, segundo a S&P Global Market Intelligence, com a dívida líquida a situar-se 6,5 vezes acima do EBITDA.
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