Santana confirma pedido do Governo para Santa Casa entrar no Montepio. Vieira da Silva desmente qualquer pressão
Candidato à liderança do PSD confirma que o Governo e o Banco de Portugal "viam com bons olhos" a entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital do Montepio Geral. Vieira da Silva desmente pressão.
Pedro Santana Lopes confirmou esta terça-feira, num comunicado enviado às redações citado pelo Observador, que a Santa Casa da Misericórdia recebeu um pedido do Governo e do Banco de Portugal para entrar no capital do Montepio Geral, e que pediu, enquanto provedor, uma auditoria. Mas o ministro Vieira da Silva desmente que o Executivo tenha feito qualquer pressão sobre Santana Lopes.
O candidato à liderança do PSD parece corroborar assim a informação dada por José Miguel Júdice no seu comentário na TVI e num artigo de opinião publicado simultaneamente no ECO, de que Santana Lopes, enquanto provedor, foi alvo de pressões para a Santa Casa entrar no Montepio Geral. No entanto, Santana não refere a “pressão” que José Miguel Júdice referiu.
Santana Lopes escreveu no comunicado que “as duas entidades”, o Governo e o banco central, “assumiram ver com bons olhos essa possibilidade, tendo declarado sempre que respeitavam a esfera da autonomia da SCML [Santa Casa da Misericórdia de Lisboa]” e pediram que fosse feita a entrada de capital. Santana Lopes pediu uma auditoria, em vez de dizer imediatamente que sim.
O ex-provedor da Santa Casa não confirma diretamente, assim, o escrito por José Miguel Júdice, que descrevia uma pressão irrecusável. “De uma forma muito correta e cordial, Santana Lopes telefonou-me e autorizou-me a relatar aqui do que ele me disse – afinal não queria ser banqueiro – e se o escândalo me parecia grave, agora acho que é mesmo gravíssimo”, escreveu José Miguel Júdice. “Em resumo, disse-me: há um ano, o Governo e o Banco de Portugal pressionaram para que a SCML entrasse no capital do Montepio e Santana Lopes achou que era muito difícil de resistir. Este é o primeiro escândalo que se intuía, mas agora se confirmou. O Governo e o BdP [Banco de Portugal] intrometem-se no que deveria ser a gestão autónoma da SCML. Vieira da Silva não fica bem na foto e a ele voltaremos. Santana Lopes não queria concordar, mas não achava que pudesse recusar sem mais conversas”.
Segundo o artigo publicado no ECO, Santana Lopes optou por pedir uma auditoria, precisamente, por não se sentir capaz de dizer que não às pressões vindas das instituições.
Ao longo desta terça-feira o ECO contactou o Banco de Portugal e o Governo, tanto o gabinete do primeiro-ministro como o Ministério do Trabalho, para lhes pedir uma reação às afirmações de José Miguel Júdice, mas não obteve qualquer resposta até à publicação deste artigo. Já fonte oficial da candidatura de Santana Lopes à liderança do PSD disse que o candidato não se pronunciaria agora sobre o tema.
Mas no final da reunião da Concertação Social, Vieira da Silva foi confrontado com as declarações de José Miguel Júdice e garantiu aos jornalistas: “Não fiz pressão sobre ninguém”. Questionado se a pressão poderia ter vindo do Executivo, o ministro do Trabalho assegurou também que “o Governo não fez pressão sobre ninguém”.
(Artigo atualizado às 21h36 com a reação de Vieira da Silva)
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