Envolver Estado na gestão do malparado “tem custos imensos”

O ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, defende que a plataforma de gestão do malparado é "um instrumento viável", mas reconhece que não resolve todo o problema.

A plataforma de gestão do crédito malparado, criada pela Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o Novo Banco, não é suficiente para resolver todo o problema, mas é um “exemplo de que os bancos estão atentos a este problema”, considera Pedro Siza Vieira. Mais importante, diz o ministro Adjunto, é uma solução que exclui a injeção de capitais públicos. “Não seria desejável recorrer ao Estado” para resolver o malparado, defende.

O ministro Adjunto falava no Eco Talks que decorre esta quarta-feira, em Lisboa. Questionado sobre a eficácia da plataforma de gestão do malparado, Pedro Siza Vieira começa por lembrar que este “é um mecanismo de colaboração entre bancos para gerir, em conjunto, as exposições que têm às mesmas empresas que sejam viáveis”. Nesse sentido, “é um instrumento viável”.

Ainda assim, admite, esta “plataforma é apenas um exemplo, não é solução para todo o problema do malparado”. Seja como for, é positivo que a questão esteja a ser atacada, numa primeira fase, pelos próprios bancos. “O nível de malparado está a reduzir-se, os bancos estão a perceber que têm de gerir este problema mais eficazmente“, refere, lembrando que “soluções diferentes, que de alguma maneira envolvessem o Estado, teriam custos imensos” para as contas públicas. “Não seria desejável recorrer” a uma solução dessa natureza, reforça.

“Gostaria eu e o Governo que o processo de resolução do malparado fosse mais rápido?”, questiona. “Com certeza”. Mas “qual é o custo que a economia teria de pagar para assegurar esse processo?”, acrescenta.

O ministro reconhece, ainda assim, que o elevado nível de malparado “consome capital” que poderia servir de financiamento às empresas. “Os bancos, de uma maneira geral, estão a focar-se no negócio comercial, com exigências ao nível de risco, e há um conjunto de necessidades de financiamento da economia a que o sistema bancária não vai poder dar resposta de imediato. Vamos ver o financiamento bancário a focar-se no investimento de médio prazo”, aponta.

Assim, a solução para algumas “necessidades particulares da sociedade e da economia em termos de investimento das pequenas e médias empresas e de financiamento do setor social”, tem de vir do Estado, através de fontes alternativas de financiamento. “O pacote legislativo já está todo aprovado”, salienta Pedro Siza Vieira, referindo-se ao Programa Capitalizar. “Falta que as empresas o usem“.

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