Bolsa de Lisboa no pódio do euro. Quem deu brilho ao PSI-20?
A praça bolsista nacional destaca-se com o bronze no ranking de ganhos dos mercados acionistas dos países a área do euro, em 2017. Ouro e prata ficam com a Áustria e a Grécia.
Portugal é um destino em voga não só entre os turistas e celebridades, como também para os investidores. Algo que é percetível no rumo da dívida nacional, mas também da praça bolsista lisboeta, este ano. Está no pódio dos melhores desempenhos da Zona Euro, num ano louco para a Mota-Engil, mas negro para os CTT.
O PSI-20 chega ao final do ano com uma valorização acumulada de 15%. Trata-se do melhor registo dos últimos quatro anos para o índice de referência e que atribui à bolsa nacional a medalha de bronze na área do euro, que partilha com a Itália (também subiu 15%). Apenas as bolsas da Áustria e da Grécia conseguiram melhores desempenhos. O mercado acionista austríaco fica com o ouro (valorização de 31%), enquanto a medalha de prata cabe à praça bolsista helénica (ganho de 24%).
Alargando mais o espetro de análise, a bolsa de Lisboa figura ainda na última posição do top 10 de registos entre os mercados acionistas dos países desenvolvidos, ranking liderado pela bolsa de Hong Kong que regista uma valorização de mais de 35%.
As cinco melhores bolsas da Zona Euro no ano
Fonte: Bloomberg | Dados a 22 de dezembro
Foram várias as vitórias do ponto de vista económico e dos mercados, que acabaram por influir favoravelmente no sentimento dos investidores e, em consequência, no rumo do mercado acionista nacional em 2017.
Começando pela economia, Portugal apresenta o nível de crescimento mais acentuado dos últimos 17 anos. No segundo trimestre, o PIB nacional atingiu o pico de crescimento do ano: 3%. O cenário económico positivo é acompanhado por uma melhoria também do clima económico em Portugal que está em máximos de 15 anos, e ainda do sentimento dos consumidores que este ano atingiu a fasquia mais alta dos últimos 20 anos.
Evolução do PSI-20 em 2017
Fonte: Bloomberg | Dados a 22 de dezembro
Face ao panorama económico favorável, a perceção do risco do país também melhorou, tendo este ano sido marcado por uma inversão consistente no rumo dos juros da dívida soberana nacional, bem como pela tão aguardada retirada de Portugal da classificação de “lixo” pela Standard & Poor’s e pela Fitch. Em resultado disso, os juros da dívida soberana a dez anos nacional estão em mínimos de mais de dois anos e meio.
A melhoria das perspetivas dos investidores sobre Portugal e o rumo descendente dos juros da dívida faz com que a dívida nacional já comporte menos risco do que a dívida italiana. Ou seja, não é só na disputa pelo bronze em termos de desempenho acionista que os dois países periféricos da Europa rivalizam. Acontece o mesmo com os juros no mercado da dívida soberana.
Mota-Engil lidera, mas BCP sobressai em ano de reestruturação
A conjugação de todos estes fatores tem tido um efeito positivo sobre a atividade das empresas, bem como relativamente à perceção dos investidores sobre o potencial do mercado acionista nacional, justificando-se assim o bom desempenho registado neste ano.
Os ganhos são transversais à grande maioria das principais cotadas da praça bolsista lisboeta. Do total de 18 títulos que compõem o índice PSI-20, 14 preparam-se para encerrar o ano com um registo positivo, enquanto os restantes quatro contrariam essa tendência.
A valorização do índice bolsista nacional resulta, em grande medida, da acentuada valorização das ações do BCP, num ano de grandes mudanças para o banco liderado por Nuno amado.
As ações do BCP preparam-se para terminar o ano com um ganho de quase 50% — o segundo maior do PSI-20 –, com o título a negociar em máximos de ano e meio. Um cenário que contrasta bastante face a um ano “horribilis” para as ações do BCP que tiveram em 2016 o segundo pior desempenho do PSI-20, que se saldou por uma desvalorização de mais de 70%.
Os cinco mais e os cinco menos da bolsa de Lisboa
De salientar que a instituição financeira foi alvo de diversas mudanças de fundo em 2017, num processo que visa a sua reestruturação. O início do ano fica marcado por um aumento de capital que permitiu ao banco libertar-se da ajuda estatal, mas também reforçar a sua base de capital. E, mais importante, passar a ter a liberdade para distribuir dividendos aos acionistas.
O ano fica ainda assinalado pelo reforço da posição dos chineses da Fosun, bem como pelo regresso aos lucros. O banco liderado para Nuno Amado acumulou 133,3 milhões de euros em lucros nos nove primeiros meses de 2017, o que compara com prejuízos de 251,1 milhões no mesmo período do ano passado.
Mas é a Mota-Engil a cotada do PSI-20 que brilhou com mais força este ano. As ações da construtora acumulam uma valorização anual de 125%, num ano marcado pela conquista de várias obras de grande dimensão a nível internacional, sobretudo em África, que ajudou a puxar pelo respetivo rumo bolsista.
O top cinco dos melhores registos bolsistas do PSI-20 recai sobre três títulos cujo desempenho é indissociável do setor do papel e da pasta. As ações da Altri chegaram ao fim de 2017 com um ganho próximo dos 40%, à boleia da subida do preço da pasta, o setor em que opera. A mesma realidade beneficiou as ações da Navigator que valorizam mais de 30% em 2017. Por sua vez a Semapa, a holding que controla a Navigator, deixou-se contagiar pelo mesmo efeito, chegando ao final de 2017 com um ganho bolsista também acima de 30%.
CTT com ano para esquecer… pela segunda vez
Nem só de ganhos se alimentou o rumo da bolsa nacional neste ano, apesar de poucos títulos terem ficado mal na fotografia. Os CTT acabaram por ser o principal destaque… pela negativa. As ações da empresa liderada por Francisco Lacerda recuaram em torno de 45% num ano cuja fase final fica marcada pela quebra de resultados, mas também pelo corte de dividendo e um plano de reestruturação que pretende “dar a volta” à empresa de correios.
As ações dos CTT somam assim o segundo ano consecutivo de perdas que arrastaram o título para mínimos históricos, apenas recuperados marginalmente nas últimas sessões.
Correios em mínimos na bolsa
Pouco fôlego também teve o setor da energia apesar do balanço global ser positivo. A EDP acaba por ser a principal referência negativa do setor, num ano em que a confiança no título foi abalada pela crise dos CMEC. O balanço em bolsa acaba por se cifrar num deslize de quase 1%.
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