Trabalhadores dos CTT temem que despedimentos degradem serviço
Administração dos CTT reuniu-se com a comissão de trabalhadores. Rescisões com 1.000 trabalhadores até 2020 é apenas "um objetivo" e ainda não haverá plano sobre como realizar o corte.
Os CTT CTT 0,00% deverão acabar este ano com menos 200 trabalhadores na empresa e tenciona rescindir com outros 800 funcionários até ao final da década. No entanto, este é apenas “um objetivo” e os Correios ainda não terão um plano concreto sobre como levar a cabo esta redução sem realizar um despedimento coletivo. Sabe-se apenas que a intenção é ter “em consideração a evolução etária”, isto é, cortar com os trabalhadores mais velhos e em idade de reforma.
A informação terá sido comunicada esta quarta-feira à comissão de trabalhadores dos CTT, apurou o ECO junto do coordenador, José Rosário. “Não acredito muito na informação que nos vão dando, mas aquilo que nos dizem, nesta reunião, é que nada está feito. Ou seja, este plano de reestruturação não existe. É um objetivo, tendo em consideração a evolução etária das pessoas que lhe permite libertar este número de trabalhadores mas que, no concreto, em termos de como é que se faz esta redução, não está sequer estudado”, disse, em conversa com o ECO.
Segundo José Rosário, a empresa vai agora “iniciar trabalho” e “estudar alterações aos modelos que permitam libertar estas pessoas garantindo os padrões de qualidade”. “Não nos parece que seja assim. Até poderia ser verdade se nestes últimos anos não tivesse havido uma reorganização e uma reestruturação significativa nas áreas operacionais”, criticou o coordenador da comissão de trabalhadores.
Recorde-se que, em entrevista ao ECO24, o programa do ECO e da TVI24, Francisco de Lacerda revelou que o plano de reestruturação anunciado este mês aos mercados foi antecipado “um ou dois trimestres”, num contexto de aceleração da queda no volume do correio provocada pela digitalização das comunicações.
"Este plano de reestruturação não existe. É um objetivo, tendo em consideração a evolução etária das pessoas que permite [aos CTT] libertar este número de trabalhadores mas que, no concreto, em termos de como é que se faz esta redução, não está sequer estudado.”
Redução ameaça qualidade do serviço dos CTT, alertam os trabalhadores
José Rosário deixou ainda o alerta de que não será possível reduzir um total de 1.000 trabalhadores até 2020 sem degradar a qualidade do serviço dos Correios, sobretudo no que toca aos “padrões de qualidade contratualizados com o Governo e com os próprios clientes” em contexto de concessão do serviço público postal.
A informação transmitida na reunião desta quarta-feira entre a administração da empresa e a comissão é a de que vai ser agora criada “uma comissão de acompanhamento”. Assim, os CTT vão “agora começar a desenvolver trabalho no sentido de estudar como implementar esta redução”. “Será trabalhada em função do movimento natural dos trabalhadores tendo em consideração a idade da reforma, tendo em consideração a faixa etária dos trabalhadores”, afirmou José Rosário.
Não nos parece possível, sequer viável, garantindo um mínimo de qualidade, estas reduções anunciadas de 800 trabalhadores.
Fim da contratação a termo tem de ser gradual
“Outra questão anunciada aos mercados e à comunicação social foi o final da contratação a termo. Foi hoje [quarta-feira] reconhecido que [os CTT] pretendem reduzir significativamente a contratação a termo, mas que já perceberam que não podem acabar assim de um momento para o outro”, continuou José Rosário. “Temos uma taxa de absentismo muito elevada, na ordem dos 7%. Não é possível assegurar a atividade sem alguma capacidade de resposta mediante a contratação e substituição de trabalhadores ausentes”, defendeu.
Quanto à venda de ativos, outro dos pontos-chave do plano de reestruturação anunciado aos mercados, os CTT tencionam alienar 30 imóveis considerados não estratégicos. Aos trabalhadores, foi explicado que o objetivo é “centralizar locais de trabalho” para reduzir “os custos de exploração”.
Uma estratégia que não é a melhor na visão dos trabalhadores. “A empresa tem vendido imóveis e tem mudado a atividade para imóveis alugados, aumentando os custos de exploração porque passa a pagar uma renda quando pagaria o IMI, eventualmente, no final do ano”, acusou José Rosário. “Também aqui nos dizem que não é bem assim. Que aquilo que pretendem é, tentando centralizar locais de trabalho, criar aqui uma nova estrutura que tem de ser trabalhada, que tem ser estudada, e reduzir imóveis que venham a ser libertados da atividade que serão, então, vendidos”, acrescentou.
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