Filipe de Botton ao ECO24: Entrada da Santa Casa no Montepio é “chocante”

Filipe de Botton, presidente da Logoplaste, fala da atratividade de Portugal como destino de investimento e do papel do Estado nas empresas.

Filipe de Botton, presidente da multinacional Logoplaste, aponta a gestão “deficitária” de algumas empresas do Estado e refere-se à entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no Montepio como “chocante”.

É chocante vermos que uma instituição social vai investir um terço do seu património para tomar 10% de uma outra instituição“, defende Filipe de Botton no ECO24 , e recorda que isto significa que a Caixa Económica Montepio Geral valerá mais do que alguns bancos comerciais, “quando nós sabemos que esta instituição tem ainda alguns problemas por resolver, e problemas muito graves”.

Foco do Estado? “Nunca é bom gestor”

Filipe de Botton defende, por isso, que o Estado devia focar-se na regulação. “Está provado que o Estado como ator, salvo algumas exceções, nunca é bom gestor”. Embora também existam maus gestores nas empresas, “a diferença é que, nos privados, quando há um mau gestor, ele é despedido. E no Estado, quando as empresas são cronicamente deficitárias, nada acontece”.

A diferença é que, nos privados, quando há um mau gestor, ele é despedido. No Estado, quando as empresas são cronicamente deficitárias, nada acontece.

Filipe de Botton

Logoplaste

Tanto no papel de cidadão como no de empresário, Filipe de Botton declara-se preocupado. Na entrevista da noite de quarta-feira ao programa de parceria entre o ECO e a TVI24, o empresário nota disparidades na atuação do Estado relativamente às empresas e no âmbito da vida política. E dá como exemplo a lei de financiamento dos partidos que foi aprovada na Assembleia da República.

“Há uma forma de atuar totalmente diferente para com um empresário”, afirma, para depois defender que, ao contrário, “quem gera riqueza no final do dia são os empresários que arriscam“.

O sucesso é mal visto em Portugal.

Filipe Botton

Logoplaste

Para de Botton, Belmiro de Azevedo é exemplo de um empresário que arriscou e gerou riqueza. Por isso não concorda desta forma com a oposição do PCP ao voto de pesar na sequência da morte do dono da Sonae. “O sucesso é mal visto em Portugal”, afirma.

Estado, “o maior obstáculo ao investimento”

Apesar da atratividade de Portugal como destino de investimento, Filipe de Botton assinala que ainda existem obstáculos a ultrapassar. “O Estado acaba por ser o maior obstáculo ao investimento“, reitera. “Hoje, o custo administrativo de uma empresa para servir o Estado é estimado em cerca de 3%”, justifica. Da perspetiva do empresário, “o serviço que obtemos de volta do estado pode ser questionado”, quando “são as empresas que o alimentam”.

Olhando para problemas do dia-a-dia das empresas, Filipe de Botton fala ainda da demora das licenças: “Não é normal que um investidor, seja ele português ou não, queira investir num hotel e esteja mais de sete anos à espera”. Também “não são viáveis” os vários meses que são necessários atualmente para o licenciamento de uma loja.

Subidas no IRC? “Estamos a fomentar a fuga”

Sobre o aumento do IRC para as empresas, o líder da Logoplaste diz que essa é uma das razões pelas quais “as empresas se servem de mecanismos legais para poderem minimizar a taxa real”. E sublinha que está mais que comprovado: “Quanto mais aumentarmos, mais fomentamos situações de fuga”. Conclui assim que “mais vale taxar pouco, mas muito, do que muito, mas muito pouco”.

Bons projetos em Portugal não têm qualquer dificuldade em financiar-se.

Filipe de Botton

Logoplaste

Quanto ao financiamento das empresas portuguesas, Filipe de Botton garante que a banca “está a fazer o seu papel” e que os “bons projetos em Portugal não têm qualquer dificuldade em financiar-se”. Apesar de existirem várias empresas “em situação débil” que possam provocar receios nos bancos, “nunca deixei de fazer um investimento por não ter financiamento”, garante.

Logoplaste continua a investir

Com presença em 16 mercados, sobretudo na América e na Europa, Filipe de Botton diz que a Logoplaste continua a investir em Portugal. “Se me perguntar se Portugal vale a pena, respondo que sim. Porque tem gente altamente competente que vai conseguir revolucionar o país.”

Se me perguntar se Portugal vale a pena, respondo que sim.

Filipe de Botton

Logoplaste

Portugal está na moda“, constata. Para além de acionista da Logoplaste, integra ainda o conselho da diáspora. Da sua experiência, os aspetos que melhor convencem os investidores a apostar em terras lusas são dois: estabilidade e segurança. Afirma que, apesar de algumas alterações, Portugal ainda é um país de estabilidade ao nível laboral, fiscal e legal.

A Logoplaste vai abrir seis novas fábricas em 2018. Para internacionalizar, não tem dúvida do destino que aconselha às PME portuguesas. “Se hoje tivéssemos de reiniciar do zero o processo de internacionalização seria claramente na América do Norte”, garante, dizendo ainda que a empresa não criou “riqueza no Brasil”. Mas deixa o aviso: “se queremos ter uma empresa com dimensão internacional temos de ter capital”.

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