CTT: autarcas condenam e querem reverter fecho de lojas

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2018

Autarcas e outros responsáveis locais afirmam-se indignados e até surpreendidos com o anúncio dos CTT de encerrarem 22 lojas.

Os presidentes da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede e da Câmara de Alpiarça reagiram esta terça-feira com surpresa e preocupação à notícia sobre o encerramento das lojas dos CTT, tendo assegurado que vão tentar reverter a decisão.

As estações dos correios de Alferrarede, em Abrantes, e de Alpiarça, na sede de concelho ribatejano, ambas no distrito de Santarém, constam da lista de 22 lojas que a administração dos CTT confirmou que quer fechar em breve.

O presidente da União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, o socialista Bruno Tomás, disse à agência Lusa que foi com “surpresa e muita preocupação” que leu hoje a notícia do encerramento da estação de correios em Alferrarede, uma vez a loja em causa “está na zona mais populosa e de maior expansão da cidade“.

Este fecho, segundo o autarca, vem juntar-se “à falta de carteiros e aos atrasos recorrentes na distribuição, prejudicando toda a população num serviço que se quer público, de proximidade e de qualidade”, tendo observado que naquela União de Freguesias habitam cerca de 18.400 pessoas, cerca de metade do total da população do concelho.

A outra estação de correios de Abrantes fica no centro histórico da cidade, uma zona menos populosa.

“Não se consegue perceber esta decisão nem o que vai acontecer aos trabalhadores, pelo que o executivo desta União de Freguesias vai reunir de urgência e de forma extraordinária na quinta-feira e tenho a intenção de pedir para que a administração dos CTT nos receba para explicar os motivos desta decisão, que iremos tentar inverter”, afirmou Bruno Tomás.

Ainda no distrito de Santarém, o presidente da Câmara Municipal de Alpiarça, Mário Pereira (CDU), reagiu à notícia do fecho da estação dos correios na sede do concelho com “preocupação“, tendo afirmado à Lusa que “o que está em causa é a prestação de um serviço público essencial” para uma população composta por cerca de 7.800 pessoas.

“Era uma possibilidade que pairava e foi-me garantido que não havia essa intenção nas várias vezes que reuni com a administração dos CTT, pelo que espero que ainda haja margem para dialogar e evitar este fecho de um serviço público essencial e que é o único no concelho” de Alpiarça, disse o autarca.

O autarca afirmou que, “além da estação em Alpiarça, que serve todo o concelho, só existe na zona uma loja dos CTT instalada numa papelaria desde abril, mas que não tem todas as valências e só presta alguns serviços”, afirmado que a autarquia vai fazer “todos os possíveis para reverter” a situação.

“Vou pedir uma reunião com caráter de urgência à administração dos CTT e explicar a necessidade de manter a funcionar em Alpiarça este serviço essencial para a população e com todas as valências que atualmente dispõe”, afirmou o autarca.

De acordo com um esclarecimento enviado às redações, os CTT referiram que o encerramento destas 22 lojas “não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respetivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente”.

Em causa estão os seguintes balcões: Junqueira, Avenida (Loulé), Universidade (Aveiro), Termas de São Vicente, Socorro (Lisboa), Riba de Ave, Paços de Brandão (Santa Maria da Feira), Lavradio (Barreiro), Galiza (Porto), Freamunde, Filipa de Lencastre (Belas), Olaias (Lisboa), Camarate, Calheta (Ponta Delgada), Barrosinhas (Águeda), Asprela (Porto), Areosa (Porto), Araucária (Vila Real), Alpiarça, Alferrarede, Aldeia de Paio Pires e Arco da Calheta (Madeira).

Lavradio condena encerramento

A presidente da União de Freguesias do Barreiro e Lavradio afirmou hoje que está indignada com o encerramento do posto dos CTT do Lavradio, garantindo que irá tomar medidas para a “resolução ou mitigação da decisão”.

“Hoje, o Lavradio foi confrontado com uma triste notícia, o possível encerramento do posto de atendimento dos CTT. Como cidadã barreirense e presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Barreiro e Lavradio torno publica a minha indignação e contestação perante esta decisão”, afirmou Gabriela Guerreiro (PS), numa mensagem nas redes sociais.

A autarca referiu que o Lavradio tem uma “grande parte da população” que é idosa e de parcos recursos, necessitando de serviços de proximidade que tornem o seu dia-a-dia mais cómodo.

Tudo farei pela defesa dos direitos desta freguesia, que colhe hoje os frutos de processos cegos de privatização e de desrespeito pelos princípios de uma sociedade mais justa, mais coesa e mais solidária, protagonizados pelo governo PSD/CDS-PP”, salienta.

Gabriela Guerreiro garante que está contra o encerramento e que vai desenvolver “todas as diligências com vista à resolução ou mitigação da decisão”.

O PCP do Barreiro também se manifestou contra o encerramento dos CTT do Lavradio, considerando que é “mais um passo no desmantelamento de um serviço público essencial ao país e às populações”.

“Os CTT, privatizados durante o governo anterior de PSD/CDS têm vindo a assumir uma postura de mercantilização dos serviços de correios, numa empresa que até então era pública e viável, abrindo horizontes a outras tipologias de negócios, degradando cada vez mais um serviço que conta com mais de 500 anos de existência”, refere em comunicado.

O PCP lembra que no concelho do Barreiro já tinha sido encerrada a estação da Quinta Grande, o que provocou “elevadíssimos impactos diretos na população da Verderena e Alto do Seixalinho”.

Os CTT confirmaram hoje o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação anunciado em meados de dezembro passado que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.

Câmara de Loures indignada

O presidente da Câmara Municipal de Loures, Bernardino Soares (CDU), manifestou-se indignado com a decisão dos CTT de encerrarem o balcão da vila de Camarate, uma medida que vai afetar cerca de 35 mil habitantes.

“Esta decisão é absolutamente inaceitável, como foram outras decisões no passado recente. Iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para impedir este encerramento”, disse o autarca comunista à agência Lusa.

No caso do posto de Camarate, estamos a falar de um posto que serve três localidades (Camarate, Unhos e Apelação) e onde residem 35 mil habitantes. Esta população irá ficar sem um serviço de proximidade.

Bernardino Soares

Autarca de Loures

Bernardino Soares sublinhou que a autarquia discutirá na próxima reunião de câmara as ações a desencadear para contestar esta decisão dos CTT.

“Iremos, com certeza, manifestar a nossa oposição a este ataque ao serviço postal em Portugal e às populações, quer à empresa quer ao Governo”, sublinhou.

Vila Real reage com surpresa

O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, reagiu com surpresa e preocupação à notícia sobre o encerramento de uma das duas lojas dos CTT na cidade transmontana. A estação dos correios da Araucária, em Vila Real, consta da lista de 22 lojas que a administração dos CTT confirmou que quer fechar em breve.

O presidente da Câmara de Vila Real, o socialista Rui Santos, disse à agência Lusa que foi surpreendido com a notícia do encerramento até porque, salientou, a loja em causa “possui muitos clientes”. Este fecho, segundo o autarca, prejudica toda a população vila-realense, e vai levar, na sua opinião, à sobrecarga da estação situada na avenida Carvalho Araújo, no centro da cidade.

No centro histórico da cidade, é normal formarem-se longas filas de espera para atendimento nos correios e o estacionamento é pago. Rui Santos disse não que não quer acreditar que “que seja verdade” e que “os CTT vão cometer tal erro”. O presidente referiu ainda que vai pedir uma audiência à empresa e alertar o Governo para esta situação porque, segundo frisou, se é este “o caminho que os CTT querem seguir então há que retirar à empresa o serviço público”.

Penafiel quer negociar para manter serviços

A Câmara de Penafiel, no distrito do Porto, anunciou hoje estar disponível para negociar com os CTT uma solução que permita à localidade das Termas de São Vicente manter aquele serviço, disse à Lusa fonte da autarquia.

Segundo a fonte, o eventual encerramento da estação dos Correios daquela localidade do sul do concelho ainda não foi formalmente transmitido à câmara. “Caso se confirme, estamos disponíveis para negociar”, indicou ainda.

Aquela estação dos correios do concelho de Penafiel consta da lista de 22 lojas que a administração dos CTT confirmou que quer fechar em breve. Para a autarquia, a loja dos CTT das Termas de São Vicente, localizada a cerca de 18 quilómetros da sede do concelho, é muito importante para a população do sul do município de Penafiel, servindo muitos milhares de habitantes.

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