Empresa de fios de Famalicão sonha fazer o “verdadeiro fato” do Homem Aranha
A Inovafil representou um investimento inicial de 10 milhões de euros. Atualmente, com perto de 160 funcionários, gera um volume de negócios de 19 milhões de euros. Agora quer mais longe.
Uma empresa de Vila Nova de Famalicão dedicada ao desenvolvimento de fios têxteis “com performances inovadoras” tem como “sonho” fazer o “verdadeiro fato” do Homem Aranha, sendo já uma referência na área da inovação no setor têxtil.
Criada em 2015, a Inofavil vai apresentar este domingo, em Munique (Alemanha), na ISPO, a principal feira internacional dedicada à área do desporto e ‘outdoor’, as suas mais recentes joias: tecidos feitos com fios capazes de transformar a luz solar em energia térmica, fios com libertação de vitamina E, fios com capacidade de gestão de humidade e fios termorreguladores com capacidade de regular a temperatura corporal.
À agência Lusa, um dos responsáveis pela empresa, Rui Martins, explicou que um dos traços diferenciadores da Inovafil é a ligação com a Universidade do Minho. “O nosso sonho, aquilo que todos nesta área queremos é chegar ao ponto dos fatos dos super-heróis, são o expoente máximo do têxtil técnico, uma camada de tecido tão fininha e, no entanto, tão resistente. O Homem-Aranha tem um fatinho fininho que leva porrada, anda arrastado e não rasga. Além de que não parecer ter nem frio nem calor”, observou.
O Homem-Aranha tem um fatinho fininho que leva porrada, anda arrastado e não rasga. Além de que não parecer ter nem frio nem calor.
É a esse ponto que a Inovafil sonha chegar: “Sermos capazes de fazer o verdadeiro fato do Homem-Aranha”, desejou. Deixando o mundo dos super-heróis, “a realidade” é que o desenvolvimento dos fios têxteis “já andou mais longe” da ficção. As novidades que a Inovafil leva a Munique são exemplo dessa aproximação.
“Vamos apresentar três novidades. Um ‘heat generator’, um tecido feito com fios que geram calor, que aquecem, um ‘skin care’, que liberta vitamina E e um tecido com fios termorreguladores, capazes de regular a temperatura corporal”, enumerou.
O fio ‘heat generator’ que a Inovafil desenvolveu “incorpora uma percentagem de uma fibra de carbono, revestida a acrílico que tem a capacidade de, exposta à luz do sol, armazenar calor e transformar esse calor em energia térmica, aquecendo quatro ou cinco graus mais do que a mesma composição sem aquela fibra”.
O ‘skin care’, descreveu o responsável, “faz uma libertação de vitamina E, tem uma substância que com o atrito da pele com a peça vai libertando aquela substância”, sendo que a empresa está já, em parceria com um instituto alemão, a estudar aplicação medicinal destes fios, nomeadamente na recuperação de queimaduras.
A terceira joia a levar a Munique é um termorregulador: “Incorporamos no fio fibras com uma parafina que muda de fase de estado, ou seja, no frio fica sólida, no calor fica líquida. Ou seja, acima de 28 graus ficam líquidas e são permeáveis, deixam sair o calor, arrefecem-nos. Abaixo de 28 graus ficam sólidas e não deixam sair o calor corporal, logo aquecem”, explicou.
A parceria com a Universidade do Minho permite-nos ligar os investigadores da academia ao nosso “know-how” e procurarmos tudo o que existe de novo.
Criada para ser o braço inovador de um dos maiores comerciantes de fio em Portugal, a Mundifios, a Inovafil tem uma das suas mais-valias na parceria com a Universidade do Minho, através do Nidyarn – Núcleo de I&D para fios funcionais de elevado desempenho, em colaboração com o 2C2T – Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil e a Fibrenamics, ambos da Universidade do Minho.
“A parceria com a Universidade do Minho permite-nos ligar os investigadores da academia ao nosso “know-how” e procurarmos tudo o que existe de novo, estarmos à frente naquilo que é a tecnologia desenvolvida na universidade. Por exemplo, as nanofibras. Com esta ligação estaremos privilegiados no acesso aos estudos e desenvolvimentos que estão a ser feitos”, referiu.
A Inovafil representou um investimento inicial de 10 milhões de euros. Atualmente, com perto de 160 funcionários, gera um volume de negócios de 19 milhões de euros, tendo uma produção de 1800 toneladas anuais e exporta “de forma direta” 20% daquilo que produz.
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