PSA de Mangualde ameaça sair de Portugal se Governo não mudar sistema de portagens
A fábrica da PSA em Mangualde quer avançar com a produção de um novo modelo, o K9. O diretor da fábrica garante que as limitações impostas pelo sistema de portagens põem a empresa em risco.
Alfredo Amaral, diretor geral da PSA Portugal, diz que as condicionantes impostas pelo sistema de portagens, que limita a altura dos veículos classe 1 aos 1,10 metros, pode ter um “impacto direto no emprego e põe em causa a continuidade da presença da PSA a médio prazo”. A questão está agora do lado do Governo e das concessionárias de autoestradas, estas últimas que considera terem uma postura “oportunista”. “Precisamos de uma resposta antes do final de julho”, avança o diretor.
A produção de um novo modelo, o K9, está agendada para o último trimestre deste ano. “Não é mais cedo porque estamos condicionados da parte das portagens”, diz a PSA. Está prevista a produção de 100.000 veículos, 20.000 no mercado nacional. São estes que levantam o problema: têm mais de 1,10 metros, e os centímetros “extra” colocam o K9 entre os veículos de classe 2, prejudicando as vendas no mercado português.
Caso não existam alterações à regulação, a primeira consequência será ao nível do emprego. O corte da produção em 20.000 veículos poderá eliminar a necessidade do terceiro turno, que foi anunciado para 2018 mas que já só goza de um prazo de seis meses. A médio prazo, Alfredo Amaral admite que a produção possa migrar de Portugal para os países vizinhos: Espanha ou Marrocos.
A PSA participa de um grupo de trabalho que, em conjunto com a ACAP, fez uma proposta, que foi entregue ao Governo. “A resposta deste novo Governo foi apesar de tudo positiva, tentou que o grupo de trabalho produzisse rapidamente as soluções”, conta Alfredo Amaral, ressalvando que até agora a única resposta foi de índole “política”. O Executivo presidido por António Costa, segundo o diretor da PSA, pediu tranquilidade e assegurou que “tudo se vai resolver”.
A crítica recai desta forma sobre as concessionárias, que “de forma oportunista aproveitam os contratos de concessão para tirar benefícios de qualquer alteração“, aponta. “Do ponto de vista jurídico têm todo o direito. Mas há um interesse económico do próprio país que deverá ser tomado em consideração”, defende. Chama ainda as autoridades da concorrência à ação, alegando que “há completas discrepâncias e dificuldades com determinados modelos face a outros”.
Uma solução à medida?
“O sistema que todos defendem é que um veiculo ligeiro deveria ter uma classificação, e os pesados outras“, explica o diretor da PSA. Isto porque, da sua perspetiva, não é a altura que dita o desgaste das autoestradas, mas sim o peso. Considera o atual sistema obsoleto, dado que tem quase 30 anos. Rejeita a hipótese de abrir uma exceção, como a que já foi aberta para a Autoeuropa. “Não queremos nenhuma exceção, queremos que a regulação mude”, afirma.
A necessidade de mudar a regulação impõe-se dada a evolução da indústria. “Os automóveis têm evoluído significativamente em termos de arquitetura para responder a necessidades de segurança rodoviária. Rapidamente todos os carros vão ter mais que um metro e dez” diz o diretor da fabricante automóvel, assegurando que não está a impor os interesses do grupo. “Todo este raciocínio não é compreensível. Está fora de qualquer razoabilidade”, acusa Alfredo Amaral.
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