Imobiliário: O que procura o investidor estrangeiro vs português?
80% do investimento imobiliário em Portugal é feito por estrangeiros. Quem são eles e do que estão à procura? E o que procuram os clientes portugueses?
No ano passado, o mercado imobiliário residencial ficou marcado por uma elevada procura mas também por uma particular diversidade nos perfis dos investidores. Com um crescimento a rondar os 20% nas habitações vendidas em Lisboa e no Porto, os investidores nacionais aumentaram significativamente o seu peso neste mercado, apresentando mais capacidades para investir.
O ano de 2017 foi “extraordinário para o segmento residencial“, destaca Pedro Lancastre, Diretor Geral da consultora imobiliária JLL, no Market 360º – um estudo sobre o mercado imobiliário. Definido como um “destino de investimento”, Portugal tem visto o mercado imobiliário superar expectativas, com as cidades de Lisboa e do Porto a serem o centro das atenções. De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), nos primeiros nove meses do ano, o número de habitações vendidas nestas duas cidades cresceu cerca de 20%. Um número que acaba por ser confirmado pelos resultados da JLL, que adianta que, no mesmo período, “as vendas mais que duplicaram”.
Número de casas vendidas em Portugal
Fonte: INE
Na capital, “o centro histórico continua a atrair investidores que procuram rendimento através do arrendamento turístico”, lê-se no estudo da consultora. Em termos de localização, “as zonas prime, como a Avenida da Liberdade, Chiado, Príncipe Real e Estrela/Lapa e ainda as Avenidas Novas e ainda as Avenidas Novas têm-se tornado cada vez mais atrativas”. Mas, ainda assim, verificou-se também um interesse em zonas mais periféricas das cidades, como Estoril/Cascais, Alcântara e a Foz, no Porto. “Enquanto o comprador nacional procura novas zonas por uma questão de preço, o comprador internacional é motivado pelo modo de vida alternativo que estas zonas podem proporcionar“.
Mais crédito concedido, mais investimento nacional
Este bom desempenho do mercado residencial português deveu-se, sobretudo, aos vistos Gold, numa altura em que os bancos tinham reduzido significativamente a concessão de créditos à habitação. De acordo com dados mais recentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), desde que começaram a ser atribuídos estes vistos “dourados”, o investimento total captado ascendeu aos 3,5 mil milhões de euros, dos quais 3,17 mil milhões foram provenientes da compra de bens imóveis.
Assim, como explica a JLL no Market 360º, esta retoma do mercado residencial arrancou, essencialmente, impulsionada por compradores internacionais. No entanto, passados quatro anos desde o início do programa vistos Gold, “há um maior equilíbrio entre o número de compradores nacionais e internacionais”. Na lista de compradores da consultora, a “percentagem de clientes estrangeiros reduziu de 65% em 2016 para 57% em 2017”. Este resultado deve-se ao “aumento significativo da procura doméstica”, uma vez que se tem verificado “uma melhoria geral das condições de vida dos portugueses e uma maior facilidade de acesso ao crédito bancário”.
De acordo com dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, o número de empréstimos concedidos para a compra de casa em 2017 subiu 43% face ao ano anterior — foram disponibilizados 8.260 milhões de euros em empréstimos. Este nível de concessão é o mais elevado dos últimos sete anos, altura da crise financeira.
Os investidores nacionais aumentaram significativamente o seu peso no mercado imobiliário residencial sendo que, neste momento, a carteira da JLL é composta por “57% de compradores estrangeiros e 43% de compradores nacionais”, segundo é referido no estudo. Apesar de o leque de investimento estrangeiro ter reduzido ligeiramente, os compradores vindos de fora continuam a optar por investir no nosso país, “quer para viver, quer para segunda habitação”, pela “qualidade de vida, estabilidade económica e pelo consequente crescimento dos níveis de empregabilidade“.
Relativamente às nacionalidades registadas na JLL, estas cresceram de 43% para 43% no ano passado, “com os brasileiros e liderarem a tabela”. “Os turcos, chineses e franceses também têm um peso significativo e os compradores provenientes do Reino Unido estão em franco crescimento, motivados, certamente, pela incerteza causada pelo Brexit”.
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