Governo quer saber impacto dos impostos europeus
São necessários "números concretos sobre as implicações que estes impostos vão ter, quer ao nível de Portugal, quer ao nível da União Europeia”, disse Ana Paula Zacarias.
O Governo português disse esta terça-feira estar a equacionar “todas as possibilidades” sobre o orçamento da União Europeia, incluindo propostas para novos impostos e o aumento das contribuições dos países, mas necessita de ter “números concretos” sobre os impactos.
“Foi muito interessante chegar à conclusão de que sim, tem de haver um orçamento da União que seja ambicioso para tomar em conta todas as prioridades que estão em cima da mesa, e foram equacionadas todas essas possibilidades, seja de aumentos das contribuições dos Estados-membros para lá de 1%, que é o que hoje existe, quer outras possibilidades”, afirmou aos jornalistas a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias.
Falando após uma reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, em Lisboa, a responsável assinalou que os parceiros sociais deram “várias propostas e sugestões que poderão ser úteis para o futuro”, vincando, contudo, que são necessários “números concretos sobre as implicações que estes impostos vão ter, quer ao nível de Portugal, quer ao nível da União Europeia” para o país apresentar propostas.
“Precisamos de ter todos esses elementos. O Ministério das Finanças está a trabalhar também sobre essas hipóteses, que estão no início, a Comissão Europeia não apresentou sequer a sua proposta, que só vai surgir em maio deste ano”, ressalvou, notando que esta é ainda uma “discussão bastante teórica”.
De acordo com a governante, os impostos a serem criados a nível europeu poderão incidir sobre as empresas digitais, a emissão da moeda, as transações financeiras, as empresas poluentes ou até haver uma “articulação do próprio IVA”, isto é, do imposto sobre o valor acrescentado. “Necessitamos de pôr números e de ver o impacto desses números na competitividade […], quer ao nível nacional, quer da União Europeia, para não estar a fazer com que a União que nós queremos forte e competitiva a nível internacional possa ser afetada por impostos adicionais”, reforçou Ana Paula Zacarias.
Do lado dos parceiros sociais, há um consenso quanto à necessidade de aumentar as contribuições dos países, mas as opiniões são divergentes quanto à criação de novos impostos. A secretária-geral adjunta da União Geral de Trabalhadores (UGT), Paula Bernardo, defendeu que “devem ser procuradas e discutidas soluções que garantam que existem recursos suficientes para que a União Europeia leve ao fim os seus objetivos”.
A seu ver, isso passa pela criação de novos impostos – sobre países com paraísos fiscais e a economia informal –, mas também pelo acréscimo das contribuições, até porque “há Estados-membros com situação económica mais favorável para isso”. Opinião semelhante manifestou o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Arménio Carlos, que disse que “Portugal não deveria pagar pelo orçamento [da UE] nem deveria sair prejudicado, nomeadamente pelas verbas que até agora recebeu”. Falando sobre os novos impostos, Arménio Carlos afirmou esperar que haja “vontade política” para a sua criação, com uma “atitude firme e determinada para defender os interesses nacionais”.
Enquanto o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Vieira Lopes, concordou com uma taxa sobre as transações financeiras, mas apenas “mediante estudo sobre impacto nas empresas europeias”, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, argumentou que “cada Estado-membro deve reforçar o seu contributo consoante a dimensão da sua economia” e rejeitou novos impostos.
O orçamento de longo prazo da União Europeia estará em cima da mesa na reunião informal do Conselho Europeu de sexta-feira, em Bruxelas.
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