Mais de 75% dos pilotos portugueses da Ryanair aceitaram aumento salarial proposto
A companhia low cost ainda não chegou a acordo com o pessoal de voo baseado em Portugal, que diz ter recusado negociar um acordo coletivo de empresa.
Depois de os pilotos britânicos terem aceitado os aumentos salariais propostos pela Ryanair, para responder aos protestos dos trabalhadores, também os pilotos portugueses já aceitam o acordo. Segundo Michael O’Leary, presidente executivo da companhia aérea, mais de 75% dos pilotos baseados em Portugal já aceitaram o aumento salarial de 20%. Ao longo deste ano, a low cost irlandesa conta passar a reconhecer também o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), pelo que também será possível chegar a acordo com os tripulantes de cabine.
As informações foram anunciadas, esta quarta-feira, por Michael O’Leary, durante uma conferência de imprensa em Lisboa. Numa altura em que a companhia aérea começa, finalmente, a reconhecer e a negociar com os sindicatos da aviação, depois de três décadas em que não o fez, o presidente da low cost faz questão de sublinhar que a “sindicalização não vai ter impacto sobre as tarifas nem sobre o crescimento da Ryanair”, mas admite que haverá “publicidade negativa” e “algumas perturbações inevitáveis” devido à atuação dos sindicatos. Desde logo, a Ryanair poderá enfrentar uma greve em Portugal já na época da Páscoa.
"A sindicalização não vai ter impacto sobre as tarifas nem sobre o crescimento da Ryanair. Mas haverá publicidade negativa e perturbações inevitáveis, porque é isso que os sindicatos fazem.”
As negociações com os sindicatos levaram a Ryanair a propor aumentos salariais de 20%, o que representa um custo de 100 milhões de euros, mas Michael O’Leary garante que esse montante é absorvido com aeronaves mais eficientes e com incentivos ao crescimento que estão a ser negociados nos principais aeroportos onde a companhia aérea opera.
Sobre o pessoal de voo baseados em Portugal, o responsável critica a atuação do sindicato, que afirma ter recusado negociar. “Convidámos o SNPVAC a Dublin para negociar um acordo coletivo de empresa, mas rejeitaram. Não se queixam de salários, porque ganham bem comparativamente com outras companhias aéreas. O que exigem é dignidade e respeito e tenho a certeza de que conseguimos alcançar isso com diálogo”, afirmou, explicando ainda que o SNPVAC exige que os trabalhadores baseados em Portugal sejam tratados à luz da legislação laboral portuguesa, o que a Ryanair rejeita, por ser uma empresa irlandesa.
“Devíamos servir 85 rotas em Lisboa”. São só 30
Durante a conferência de imprensa, Michael O’Leary voltou a aproveitar para apelar à rapidez na abertura do Montijo aos voos civis. “O Montijo devia estar aberto em 2019. Não há nenhuma razão para que isso não aconteça, além do facto de a ANA querer atrasar esse processo para poder aumentar as taxas na Portela”, considerou, sugerindo ainda que o Montijo não fosse gerido pela ANA. “Um dos erros do Governo ao vender a ANA à Vinci foi permitir que a ANA fique com o contrato do Montijo”.
A demora na abertura do novo aeroporto da região de Lisboa leva também a restrições no crescimento da companhia aérea. A Ryanair vai lançar 14 novas rotas em Portugal, durante o período de inverno deste ano, mas apenas uma dessas é a partir de Lisboa (para Edimburgo).
“Gostávamos de ter mais novas rotas em Lisboa, mas não podemos por causa das limitações artificiais de crescimento impostas pela ANA”, critica Michael O’Leary. Atualmente, a Ryanair opera 30 rotas a partir de Lisboa, um número que o presidente da companhia aérea considera demasiado baixo. “Servimos 85 rotas em Dublin. Devíamos estar a servir 85 rotas em Lisboa”, afirma.
Para além de Edimburgo, a Ryanair vai passar a operar oito novas rotas a partir do Porto (para Bolonha, Cagliari, Dusseldorf, Lille, Manchester, Malta, Marraquexe e Sevilha) e cinco a partir de Faro (para Berlim, Colónia, Cork, Marselha e Milão).
Com este reforço da operação, que já ultrapassa as 100 rotas em Portugal, a Ryanair espera aumentar o tráfego de e para Portugal em 6%, alcançando os 11 milhões de passageiros.
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