Airbnb: 10 anos de plataforma em dez momentos
Numa altura em que a plataforma de reserva de casada plataforma de reserva de casas mais famosa do mundocomemora uma década de existência, o ECO reuniu dez momentos que marcaram a história do Airbnb.
Parece muito tempo mas é verdade: já passaram dez anos desde que a plataforma de reserva de casas mais famosa do mundo nasceu. Fundada por três amigos que passavam dificuldades para pagar a casa onde viviam, o Airbnb (Air, Bed and Breakfast) resistiu até aos dias de hoje, após várias lutas contra leis governamentais e acontecimentos menos positivos, e não para de trazer novidades.
Recuemos a agosto de 2008, quando os três estudantes de design — Nathan Blecharczyk, Brian Chesky e Joe Gebbia –, moravam num apartamento em São Francisco, na Califórnia. Na altura, não estava fácil suportar os custos do arrendamento e, para colmatar esse problema, o trio de amigos decidiu pensar numa forma de arranjar uns rendimentos extras. Aproveitaram o facto de a cidade estar com hotéis lotados, decidiram alugar as divisões da própria casa.
Nessa altura, São Francisco estava prestes a receber uma conferência de designers: Nathan, Brian e Joe alugaram a sala, a cozinha, o quarto de hóspedes e até espalharam pela casa colchões insufláveis. O resultado, apesar de não ter sido exatamente aquele de que estavam à espera, foi positivo. A primeira versão do site foi criada logo na primeira noite e tinha apenas disponível a opção de alugar três colchões insufláveis. Com ele, chegaram os primeiros hóspedes: “uma idosa, um indiano e um pai de família”.
Do teste ao MVP
A experiência correu tão bem que, dez anos depois, o Airbnb vale 31 milhões de dólares, o equivalente ao valor de mercado de três EDP. Está presente em mais de 35 mil cidades e mais de 190 países, contando com mais de três milhões de alojamentos disponíveis. O ECO recolheu dez momentos que marcaram a história desta plataforma e reuniu-os aqui:
A novidade do verão de 2008
Na altura do seu nascimento, o Airbnb já era notícia em alguns dos jornais norte-americanos. “Qualquer pessoa com um colchão de ar (ou um sofá) pode arrendar o espaço. Os viajantes mais poupados podem fazer reservas no site e pagar pela estadia“, escrevia na altura o Tech Crunch (conteúdo em inglês).
Com um investimento a rondar os 20 mil dólares, vindo de amigos do trio de fundadores e dos seus familiares, o Airbnb prometia bastantes novidades. Na altura, o público-alvo eram os mais jovens e os viajantes que não tinham capacidades para se hospedarem em hotéis. Os cerca de 50 a 100 anúncios espalhados no site informavam de preços a rondar os 20 dólares (16,3 euros) por noite num colchão de ar e os 3.000 dólares (2.440 euros) para uma casa inteira.
Finalmente! O lançamento da aplicação
Criado o site, naturalmente tinha que ser criada uma aplicação. Em novembro de 2010 foi lançada a primeira versão da app do Airbnb, mas apenas para os iPhones. Ainda pouco conhecida mas já com boa reputação, a plataforma de reserva de casas voltava a dar que falar com esta novidade.
Referido como “uma versão atualizada de couchsurfing para universitários”, já disponibilizava mais de 30 mil habitações, que iam desde “sofás, a colchões de ar, quartos privados, apartamentos, barcos, moradias, árvores e castelos”, escrevia o The Next Web (conteúdo em inglês). As cidades aumentaram — passaram para 8.000 –, assim como os países — 166.
Mas não se ficou por aqui. Nesse mesmo dia, o Airbnb anunciou ainda um financiamento de 7,2 milhões de dólares (5,9 milhões de euros), que só trouxeram coisas boas aos 40 postos de trabalho existentes na altura.
O primeiro acontecimento negativo
No terceiro ano de existência, eis que acontece o primeiro acontecimento negativo: um anfitrião anunciava que a sua casa tinha sido totalmente vandalizada por um hóspede do Airbnb. Os danos foram tão graves que a “vítima” alegou mesmo que ficou com a vida completamente “virada do avesso”, escreveu o Business Insider (conteúdo em inglês).
No entanto, não tardou até a plataforma avançar com um pedido de desculpas público e a oferecer, daquela altura em diante, uma recompensa de até 50.000 dólares (40,7 mil euros) caso as casas fossem vandalizadas pelos hóspedes do Airbnb. Outra das medidas implementadas foi a criação de uma linha de apoio ao cliente disponível 24 horas/dia e um aumento dessa equipa. Foi também nessa altura que foi feito o upgrade para os perfis verificados.
A descoberta do Brasil
Um ano depois, em abril de 2012, a plataforma anunciou a chegada a território brasileiro com a abertura de um escritório. São Paulo ia receber um espaço dedicado à plataforma, tendo em conta o crescimento que vinha a ter em toda a região da América latina. Na altura, a empresa anunciava um crescimento de 1.200% no Brasil, com tendência que deveria ser mantida.
Para ajudar nesse salto territorial, o Airbnb contratou três executivos para a cidade de São Paulo, que ficaram responsáveis pelas operações da empresa, lê-se no Tecno Blog. Nessa altura, a plataforma contava com mais de 100.000 imóveis disponíveis para reservar, espalhados por mais de 20.000 cidades em todo o mundo.
O primeiro impasse legislativo
Foi a maio de 2013 que a plataforma se viu travada pela legislação norte-americana. Conforma adiantava o brasileiro G1, um juiz de Nova Iorque considerou ilegal reservar um imóvel através do Airbnb. A justiça acabava de proibir a reserva de espaços na cidade, aplicando multas de 2.400 dólares (1.951 euros) a quem violasse a lei.
Esta medida surgiu após um anfitrião ter reservado um quarto através da plataforma por um período de três dias, algo que era considerado ilegal por ser inferior a 29 dias. “Residências particulares não podem ser alugadas a hóspedes nas mesmas condições que hotéis ou motéis”, dizia na altura o tribunal.
O primeiro valor apontado para as sanções foi de 7.000 dólares (5.692 euros), mas o juiz responsável pelo processo reduziu o valor para 2.400 dólares.
O novo logótipo com duplo sentido
Em abril de 2014, a empresa mostrava aos seus utilizadores o processo final de design do logótipo da marca. Passando de um simples “Airbnb” em tons de azul, nasceu um símbolo de forma triangular, que recebeu o nome de “Bélo”, e que pretendia unir “o amor, a amizade, e um novo lar para viajantes longe de casa”, escrevia o site IDG Now.
Na altura, um dos fundadores publicou no blog oficial do Airbnb uma mensagem sobre a nova imagem de marca: “Temos orgulho em apresentar o Bélo: a nova marca do Airbnb, que simboliza um mundo onde as portas estão sempre abertas. Um mundo onde podes chegar a cidades que nunca viste e saber que tens lá uma família à tua espera. Um mundo onde podes viajar sozinho, mas jamais te vais sentir solitário”.
O problema é que, após a sua publicação, os utilizadores viram um lado errado do símbolo, associando-lhe um cariz pornográfico. A nova imagem de marca foi comparada com mamas e até um rabo. Para colmatar a situação, os fundadores convidaram os utilizadores a personalizarem o símbolo, com bandeiras ou novas cores.
A melhor empresa para trabalhar em 2015
No final de 2015, a plataforma de reserva de casas atinge um novo marco: foi eleita pelo site Glassdoor, uma espécie de Linkedin, como a melhor empresa norte-americana para trabalhar. Num ranking com as 50 melhores empresas, o destaque é que o Airbnb conseguiu destronar a Google, que costumava ser a rainha dessa lista.
O ranking do Glassdoor é realizado anualmente, normalmente no final de cada ano, e é construído com base nas avaliações dos funcionários de cada empresa, do ambiente de trabalho e das expectativas de carreira. A empresa precisa de ter, pelo menos, 100 funcionários para ser elegível para este ranking. Para o ano de 2018, a empresa já não consta na lista.
Barcelona aplica multa (pela segunda vez) de 600.000 euros
Recuemos a 24 de novembro de 2016, quando o Governo de Barcelona multou a plataforma de reserva de casas em 600.00 euros, o valor mais alto que o município espanhol podia aplicar. Foi a segunda sanção aplicada pela cidade e, desta vez, em causa estava a partilha de anúncios que não cumpriam com os requisitos de licença exigidos pela autarquia.
“Há que priorizar os direitos fundamentais e há que cumprir a lei”, disse na altura Ada Colau, presidente da câmara. Ainda na mesma entrevista à Rádio Catalunha, a autarca frisou que havia “milhares de apartamentos disponíveis sem licença, sem pagar impostos e a prejudicar comunidades vizinhas”.
Após as declarações de Colau, a empresa reagiu dizendo que, contrariamente às restantes cidades europeias e mundiais, Barcelona “não mostrou interesse em ter um diálogo construtivo nos últimos meses”. Por fim, disse ainda que esta tinha sido “a única cidade do mundo” a multar o Airbnb.
Casal encontra câmaras escondidas na casa reservada pelo Airbnb
Mais um caso polémico que envolveu a empresa de Brian Chesky mas, sem esta ter culpa. O caso aconteceu em novembro do ano passado, em território norte-americano, na Florida. Um casal encontrou câmaras escondidas nos detetores de fumo do quarto e da sala na casa que tinham reservado através da plataforma.
Em declarações ao ABC, o rapaz contou que começou por desconfiar devido a um buraco existente no detetor de fumo do quarto, tendo acabado por remover o aparelho para perceber melhor. Foi aí que encontrou a câmara de filmar. O dono da casa acabou por ser detido, após o casal chamar a polícia, tendo sido acusado de voyerismo em vídeo.
Mais tarde, acabou por confessar que usava as câmaras para gravar atividades sexuais que aconteciam em festas que o próprio promovia. Após este episódio, o Airbnb assegurou que o utilizador foi removido da plataforma e que não tolera esse tipo de comportamentos. No entanto, a esse sucederam-se alguns episódios semelhantes em outras partes do mundo.
Um prémio para os melhores hóspedes e anfitriões
A novidade mais recente da plataforma surgiu há uns dias, marcando o décimo momento desta história de dez anos. Num comunicado, a empresa adiantou que ia lançar um programa de distinção dos melhores hosts — Super Host –-, introduzindo 14 novos prémios de acordo com as avaliações dadas pelos hóspedes.
Mas os prémios não ficam por aqui. O Airbnb vai também premiar os melhores hóspedes com o programa Super Guest, que será lançado este verão e testado inicialmente em 10.000 convidados.
Outras das novidades avançadas pela empresa foi a criação de um serviço para utilizadores premium, com uma seleção rigorosa de alojamentos de luxo, com base em mais de 100 critérios. Serão também criadas novas categorias de alojamento — “casas de férias”, “casas exclusivas”, “bed & breakfast” e “boutique” –, e duas secções dentro das reservas — Airbnb Work e Airbnb Family.
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