Haitong arrasa gestão dos CTT. Ações deslizam com corte da avaliação

O banco de investimento cortou o preço-alvo das ações em 13%, afirmando que a credibilidade da gestão da empresa dos correios está em níveis reduzidos e que a visibilidade é baixa.

Os CTT continuam sobre forte fogo. Desta vez, por parte do Haitong que numa nota de research tece críticas à gestão da empresa dos correios, afirmando que esta apresenta níveis reduzidos de credibilidade e que a visibilidade é baixa. No seguimento da atualização das estimativas de lucros previstos para este ano, cortou ainda em 13% o preço-alvo que atribui ao título.

Numa nota de research citada pela Reuters intitulada de “Perspetiva desafiante”, o Haitong manteve a recomendação que atribui às ações da empresa liderada por Francisco Lacerda, de “manter”, mas baixou para 3,40 euros o respetivo preço-alvo. O novo target representa ainda assim um potencial de valorização de mais de 8% face aos 3,14 euros a que as ações terminaram a última sessão. Nesta manhã, as ações dos CTT seguem a desvalorizar 0,64%, para os 3,12 euros.

CTT é o segundo título que mais cai em 2018

“Revemos 16% em baixa o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 2018, principalmente devido a custos de reestruturação, mas para 2019, e ainda com custos de reestruturação, prevemos uma subida de 3%”, afirmam os analistas que elaboraram a nota de análise.

" Sentimos que a credibilidade da gestão está em níveis baixos e a visibilidade do futuro dos CTT está muito baixa.”

Haitong

Mas os respetivos comentários não se cingiram apenas à atualização de estimativas de resultados dos CTT. O research do Haitong tece ainda críticas à gestão da empresa dos correios. “Sentimos que a credibilidade da gestão está em níveis baixos e a visibilidade do futuro dos CTT está muito baixa”, notam os analistas.

O banco de investimento salienta ainda que veria como positivo para o futuro do operador postal se o plano de reestruturação fosse plenamente implementado e se o declínio dos volumes de correio não fosse tão agressivo como agora estimam: -5,5% nos próximos anos.

Esta nota de research surge depois de os CTT terem registado uma quebra histórica dos seus resultados no ano passado. Estes caíram 56%, para 27 milhões de euros, penalizados pela quebra do negócio no correio postal e nos serviços financeiros.

A eventual aceleração do declínio do correio se o plano de digitalização do Governo avançar é um dos riscos que o Haitong considera que os CTT estão mais expostos no futuro. Mas também fazem referência à desaceleração da comercialização dos produtos de poupança do Estado que também pode afetar o respetivo negócio.

“As subscrições dos certificados do Tesouro caíram substancialmente desde novembro e isto pode representar um grande choque para o EBITDA”, salientaram a esse propósito os analistas do Haitong.

Referiram ainda os riscos regulatórios, particularmente devido à atual relação turbulenta com o Governo face ao fecho de lojas e ao plano de redução de trabalhadores.

As reticências em torno dos CTT têm exercido pressão sobre o rumo das respetivas ações. Desde o início do ano, os títulos dos CTT desvalorizam 10%, naquele que é o segundo pior registo do PSI-20. Apenas a Nos cai mais no acumulado do ano.

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