Quem é a F. Ramada, a nova empresa do PSI-20?

Nasceu há várias décadas, mas só há uma voltou à bolsa. E, agora, vai chegar ao índice principal português. Mas quem é a F. Ramada? É uma empresa industrial que começou no aço, mas diversificou.

Tem mais de 80 anos, mas é uma ilustre desconhecida para muitos investidores. Apesar de ter voltado ao mercado de capitais há quase uma década, não é um título que dê nas vistas na bolsa de Lisboa, mas isso pode mudar. É que, a partir de agora, a empresa que resultou da cisão da Altri passa a “militar” na primeira liga da praça portuguesa. Está no PSI-20.

Nasceu do negócio do aço. “Começámos há 80 anos pelo aço. Aprendemos tudo sobre a sua química, como é feito e as suas aplicações. Descobrimos que, tal como a nossa paixão, o aço não tem limites”, refere a empresa no seu site. “Expandimos a nossa atividade e à medida que desafiamos o potencial do aço, inovamos nas soluções e transformamos a indústria, tornando-a mais forte e competitiva”, salientam.

Do aço para os sistemas de armazenagem, mas também para a gestão de ativos florestais, a F. Ramada foi ganhando dimensão. De tal forma que, em 2008, acabou por ser separada da Altri, empresa de Paulo Fernandes, que é também dono da Cofina, empresa que tinha sido utilizada para a comprar, em 2001, através de uma oferta pública de aquisição (OPA).

“A Ramada Investimentos foi constituída no âmbito do projeto de reorganização empresarial do Grupo Altri, que se caracterizou pela separação das duas estruturas organizacionais autónomas que o integravam materializando, assim, uma lógica de separação de negócios, com a propósito de lhes proporcionar uma maior visibilidade e transparência”, explica a cotada no seu site.

Ações da Ramada brilham antes de entrar no PSI-20

Voltou ao mercado de capitais há quase dez anos. Por cada quatro ações da Altri, os acionistas receberam um título da nova companhia que, à data, estavam avaliados a um euro. Atualmente, valem bem mais. Cada ação está nos 13,20 euros, isto depois de os títulos terem registado fortes valorizações em 2015, 2016, mas principalmente em 2017. No ano passado, a F. Ramada passou de pouco mais de 5 para cerca de 10 euros por ação.

A forte subida do preço dos títulos tem sido acompanhada por um crescente volume negociado, o que lhe abriu as portas ao PSI-20. No âmbito da revisão anual do índice, a Euronext Lisboa, liderada por Paulo Rodrigues da Silva, anunciou que a F. Ramada ia ser incluída na principal montra do mercado de capitais português. A empresa liderada por João Borges de Oliveira estreia-se esta segunda-feira no PSI-20. Vale 338 milhões de euros.

Mas, na estreia em bolsa, esteve longe de brilhar: a F. Ramada chegou a cair 1,53% no arranque da primeira sessão no PSI-20, tendo entretanto aliviado as perdas. Está a negociar nos 13 euros por ação.

Lucros a crescer, dividendo a disparar

A entrada no índice de referência da praça portuguesa acontece numa altura em que a empresa apresenta um forte crescimento nos seus resultados, sendo que este é explicado, também, por ganhos não recorrentes. A F. Ramada alcançou lucros de 56,7 milhões de euros no ano passado, tendo o EBITDA crescido 16% para os 24,8 milhões de euros com base em receitas de 158,2 milhões (um aumento de 15%),

Este é um resultado altamente inflacionado pela venda da totalidade da participação financeira no grupo Base, que representou uma mais-valia de cerca de 40 milhões de euros. Face a este encaixe, está em cima da mesa uma proposta da administração à assembleia geral de acionistas para distribuir dividendos de 2,23 euros por ação, refletindo um aumento de 700% face aos dividendos de 0,28 euros pagos há um ano.

Tendo em conta a cotação atual da F. Ramada, a remuneração proposta pela administração da empresa apresenta uma elevada rendibilidade. O dividend yield ascende a 16,89%, bem acima daquilo que é a média das cotadas da bolsa portuguesa. No entanto, a liquidez reduzida é sempre uma ameaça para os investidores que procuram simplesmente ir à “caça” dos dividendos.

As três áreas de negócio da F. Ramada

A F. Ramada é composta, por oito empresas, das quais três são sedeadas em países da União Europeia (Reino Unido, França e Bélgica), “refletindo os seus objetivos de consolidação da rede de distribuição europeia”, diz a empresa. Atua em três áreas: aços, sistemas de armazenagem e gestão de ativos florestais. Conheça-as.

Aços

O negócio de aços teve a sua origem em 1935 com a produção e distribuição de ferramentas para madeira, através da empresa F. Ramada – Aços e Industrias. “Em 1940 foi iniciada a distribuição de aços especiais e, em 1961, arrancou uma nova unidade de produção de aços estirados e laminados em Ovar”, refere a F. Ramada

Atualmente, “o negócio de aços é desenvolvido pelo Ramada Aços, responsável pelas atividades industriais, associadas à transformação, e distribuição e pela Universal Afir, presente apenas na distribuição”, diz a empresa.

Os aços destinam-se maioritariamente à construção de máquinas e seus componentes e à produção de ferramentas (cunhos, cortantes e moldes), tendo como principais mercados de destino a indústria de fabrico de moldes para plástico, de componentes para a indústria automóvel, de bens de equipamento e de componentes para eletrodomésticos e eletrónica”.

Sistemas de armazenagem

A F. Ramada foi “responsável pela introdução em Portugal, no ano de 1958, sob licença da Dexion Ltd., da primeira cantoneira perfurada. Inicialmente beneficiando do apport técnico desta empresa, o Grupo Ramada rapidamente orientou a sua estratégia de atuação no sentido da constante inovação na sua oferta, num setor onde o know-how e a permanente busca de soluções inovadores constituem fatores críticos de sucesso”, diz.

É, atualmente, “o maior fabricante de soluções de sistemas de armazenagem em Portugal, oferecendo um conjunto de produtos e serviços ao nível das mais avançadas empresas internacionais do setor, onde a qualidade, diversificação e inovação são aspetos determinantes”, nota, salientando no mercado internacional, as soluções são, na sua maioria, comercializadas sob a marca Storax Racking Systems.

“De entre um vasto conjunto de projetos realizados pelo Grupo Ramada, quer em Portugal, quer no estrangeiro (inclusive fora da Europa como no Chile, Brasil, Uruguai, Sérvia, Noruega, Gronelândia, Médio Oriente, China, Coreia, Singapura, Taiwan, Tailândia, África do Sul, EUA)”, destaca os seguintes projetos:

  • Os armazéns de alta densidade, para os Grupos Danone e Nestlé (França);
  • Os armazéns de alta densidade (cold store) para a Pescanova (Espanha) e Read Boardall (Inglaterra);
  • Os armazéns automáticos para a Egemin (Índia) e DLS, com Efacec (Portugal); e
  • O armazém automático (cold store) para a Ardo (Bélgica).

Ativos florestais

O Grupo Ramada é igualmente proprietário de “um importante conjunto de terrenos florestais. Estes ativos são atualmente arrendados à indústria de produção de pasta de papel, que no âmbito da sua atividade explora os povoamentos florestais desses terrenos”.

Notícia atualizada às 10h26 com cotação da F. Ramada.

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